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O navio de casco duplo que foi projetado para “nunca afundar” – uma obra-prima da engenharia naval que desafiou a física e virou lenda entre militares

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 19/05/2025 às 09:49
O navio que foi projetado para nunca afundar
Foto: CANVA

Com cascos submersos e estabilidade incomparável, o navio SWATH foi desenhado para enfrentar o mar como nenhum outro. Utilizado por marinhas e centros de pesquisa, ele se tornou sinônimo de segurança e eficiência — e alimenta a crença de que pode nunca afundar.

Em um universo onde ondas gigantes e tempestades podem virar embarcações gigantescas de cabeça para baixo, a engenharia naval precisou inovar para garantir mais estabilidade e segurança. Foi nesse cenário que surgiu o conceito do SWATH (Small Waterplane Area Twin Hull) — um tipo de navio de dois cascos, projetado especificamente para minimizar o contato com as ondas e maximizar a estabilidade em mares revoltos. A sigla SWATH significa, literalmente, “Área de Pequena Linha de Flutuação com Dois Cascos”. Essa tecnologia revolucionária altera totalmente o comportamento da embarcação sobre as águas. Diferente de navios convencionais que flutuam com grande parte de seu volume acima da linha d’água, os SWATHs têm cascos principais totalmente submersos, ligados à estrutura superior por torres finas.

O resultado? Uma embarcação quase imune aos efeitos das ondas, com movimento mínimo mesmo em mar aberto. Por isso, muitos especialistas consideram o SWATH o navio projetado para nunca afundar.

Como funciona um navio SWATH?

O segredo da estabilidade extrema dos navios SWATH está na física. Ao posicionar seus cascos de sustentação abaixo da linha das ondas, a embarcação sofre muito menos os impactos do mar. As torres estreitas que ligam os cascos submersos à plataforma superior minimizam a área de contato com a superfície, reduzindo drasticamente a força das ondas que agitam os navios comuns.

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Esse design oferece:

  • Estabilidade incomparável, mesmo em condições climáticas severas;
  • Redução de rolamento e arfagem (movimentos laterais e longitudinais);
  • Maior precisão para operações delicadas, como lançamentos científicos ou manobras militares.

Por essas características, os navios SWATH se tornaram preferidos em missões que exigem extrema precisão e segurança, como laboratórios oceânicos flutuantes, embarcações de reconhecimento militar e plataformas de telecomunicação marítima.

Aplicações militares: por que os SWATH são considerados lendas entre as forças navais?

A Marinha dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Austrália e outros países utilizam embarcações SWATH em operações estratégicas. Por exemplo, o USNS Impeccable, da Marinha dos EUA, é um navio SWATH operado para vigilância submarina e monitoramento acústico no fundo do oceano.

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Esses navios são ideais para:

  • Instalar e manter cabos de comunicação submarinos;
  • Lançar e recuperar equipamentos sensíveis;
  • Servir como plataformas de radar e vigilância;
  • Apoiar submarinos e drones navais.

impressão de “navio que nunca afunda” vem justamente da sua capacidade de manter-se estável mesmo sob ondas de 8 a 10 metros, o que já foi testado em mar aberto durante exercícios militares reais.

Essa estabilidade torna as operações a bordo mais seguras, mesmo em regiões altamente turbulentas, como o Mar do Norte ou o Pacífico Sul.

Uso científico: o laboratório que flutua em mares extremos

Além do uso militar, os navios SWATH são amplamente empregados por instituições científicas e centros de pesquisa oceânica, principalmente onde é necessária extrema estabilidade para equipamentos sensíveis.

Alguns exemplos:

  • RV Triton, do Reino Unido, operado pela Marinha Real e pelo Ministério da Defesa, usado como plataforma de testes científicos.
  • Fugro Gauss, navio alemão utilizado para mapeamento marítimo de alta precisão e estudos ambientais.
  • Kilo Moana, do Havaí, operado pela Universidade do Havaí para pesquisas oceanográficas avançadas.

Essas embarcações conseguem realizar tarefas como coleta de dados subaquáticos, lançamento de sensores, rastreamento geológico e testes de engenharia com uma estabilidade que navios comuns simplesmente não oferecem.

Um projeto que desafiou o design tradicional

A concepção de um navio SWATH representa uma quebra completa com o modelo tradicional de embarcações. Em vez de um grande casco único, o navio se apoia em dois cilindros submersos, o que exige cálculos estruturais complexos e materiais mais resistentes.

Esse design apresenta algumas desvantagens, como:

  • Custo de construção mais elevado, comparado a navios convencionais do mesmo porte.
  • Manutenção técnica mais exigente, devido aos sistemas hidráulicos e à pressão sobre as torres de sustentação.
  • Menor capacidade de carga total, já que grande parte da estrutura está abaixo da linha d’água.

No entanto, esses desafios são compensados pelos benefícios operacionais. A engenharia naval moderna considera o SWATH um exemplo extremo de eficiência hidrodinâmica, onde a forma segue a função — com resultados impressionantes.

Existe um navio SWATH no Brasil?

Embora o Brasil não opere grandes navios SWATH na Marinha ou em pesquisa científica oceânica, há registros de pequenas embarcações com tecnologia similar utilizadas por universidades e empresas de engenharia.

Por exemplo, laboratórios flutuantes modulares e plataformas de monitoramento ambiental já foram construídos no modelo SWATH para uso em lagos, represas e costa marítima. Além disso, estaleiros nacionais já estudam sua aplicação em operações offshore, especialmente no pré-sal, onde a estabilidade é crítica para sondagens e testes.

Pode um SWATH realmente nunca afundar?

Tecnicamente, nenhum navio é 100% infundável. O próprio Titanic, em 1912, era considerado “inafundável” — até se chocar com um iceberg.

Porém, o SWATH chega muito próximo desse ideal. A engenharia por trás desse tipo de embarcação minimiza os principais riscos de capotagem, instabilidade e falha estrutural causada por ondas. Além disso, muitos modelos possuem:

  • Sistemas de controle de flutuabilidade automática;
  • Redundância nos compartimentos de flutuação;
  • Revestimentos que am variações extremas de pressão.

Por isso, em termos práticos, o SWATH é considerado uma das embarcações mais seguras da história naval. Mesmo em simulações catastróficas, seu centro de gravidade e a baixa área de flutuação superficial evitam viradas, afundamento súbito ou quebra do casco.

Uma revolução silenciosa nos mares

Apesar de não serem populares entre o grande público, os navios SWATH vêm ganhando espaço entre engenheiros, estrategistas e pesquisadores. Em um mundo onde as mudanças climáticas geram mares mais violentos e imprevisíveis, embarcações como essas representam a próxima geração da navegação oceânica.

Empresas de tecnologia marítima já estudam como adaptar o conceito SWATH para:

  • Navios de transporte automatizados, como drones oceânicos;
  • Frotas de apoio a turbinas eólicas offshore;
  • Plataformas móveis de lançamento de satélites marítimos.

A ideia de um “navio que nunca afunda” deixa de ser fantasia e se aproxima da realidade com o avanço desse projeto inovador.

O navio SWATH não é apenas uma invenção — é uma revolução na forma como desafiamos o mar. Seu design futurista, estabilidade incomparável e capacidade de resistir a ondas monstruosas fazem dele uma verdadeira lenda entre militares, cientistas e engenheiros.

Enquanto muitos navios buscam resistir às águas, o SWATH simplesmente ignora o impacto das ondas. Sua existência prova que é possível combinar tecnologia, física e propósito em um único corpo flutuante — e isso o torna um dos maiores marcos da engenharia naval contemporânea.

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Clovis Pereira
Clovis Pereira
19/05/2025 19:23

Sou inventor e sempre pensei nos petroleiros parede duplo. Justamente para evitar os grandes desastres no mar com petróleo. Porém é o custo que evita de sua construção

Ronaldo santos
Ronaldo santos
20/05/2025 09:41

Titanic também dizia que não afundava,e Vários navios ou iates, está no fundos do mar falou mesmas, até submarino afunda nunca fala nunca na natureza.

Rosana
Rosana
20/05/2025 11:45

Podiam servir também para os Cruzeiros!

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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