A Stellantis investe pesado no novo motor a etanol puro brasileiro, prometendo uma eficiência recorde e desempenho de motor turbo. Seria esta a resposta do Brasil aos carros elétricos e um novo capítulo para o biocombustível?
A Stellantis está liderando uma ambiciosa ofensiva tecnológica no Brasil com foco total no etanol. A empresa desenvolve um novo motor a etanol puro brasileiro (E100), mirando uma eficiência extraordinária de até 30 km/l e um desempenho comparável aos já conhecidos motores turbo a gasolina.
Investigaremos a tecnologia Bio-Hybrid já presente no mercado, os planos concretos para os motores E100 dedicados, as inovações técnicas necessárias para tal feito e como essa aposta da Stellantis pode desafiar os carros elétricos no cenário nacional, aproveitando a vocação brasileira para o etanol.
A estratégia da Stellantis: do Bio-Hybrid MHEV aos futuros motores E100 dedicados
A jornada da Stellantis rumo ao etanol de alta eficiência já começou. Os modelos atuais Bio-Hybrid, como o Fiat Pulse e o Fastback equipados com o motor T200, são um o importante. Eles utilizam um sistema híbrido leve (MHEV) que já proporciona ganhos de eficiência entre 10% e 11,5% em comparação com as versões não eletrificadas.
-
A versão 2025 deste carro popular vem com 6 airbags e faz 16 km/l, mas seu interior de plástico rígido decepciona
-
Honda lança novos City, Civic e HR-V: veja as novidades e quando cada modelo chega às concessionárias
-
Toyota surpreende entusiastas da marca e resgata visual nostálgico em novo SUV compacto para concorrer com Chevrolet, Hyundai e VW
-
Esqueça Yaris Cross e Creta! Esse mini SUV brasileiro é mais potente, mais barato, faz 980 km com um único tanque e promete conquistar o coração dos brasileiros
O próximo grande avanço é o novo motor a etanol puro brasileiro. A Stellantis anunciou formalmente o desenvolvimento de motores dedicados 100% a etanol, com um lançamento inicial previsto para frotas corporativas e governamentais, possivelmente durante 2025, chegando depois ao consumidor. Um robusto investimento de R$30 bilhões na América do Sul, entre 2025 e 2030, sustentará essa e outras novas tecnologias, consolidando o polo de Betim (MG) como um centro global de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para a tecnologia Bio-Hybrid da empresa.
O sonho dos 30 km/l com etanol: uma meta desafiadora, mas estratégica
A meta de alcançar 30 km/l com etanol é audaciosa. Os atuais modelos Bio-Hybrid MHEV, como o Fiat Pulse, registram cerca de 9,3 km/l com etanol na cidade, segundo dados do INMETRO. Isso demonstra o tamanho do desafio tecnológico. Especialistas e a própria empresa entendem os 30 km/l como um alvo aspiracional de longo prazo, que impulsiona a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de ponta. Para se aproximar dessa marca, será necessária, muito provavelmente, a combinação de um motor E100 altamente otimizado com sistemas de hibridização completa (HEV) ou plug-in (PHEV).
Em termos de desempenho, o motor T200 Bio-Hybrid atual já entrega 130 cv e é promovido como o mais potente em seu segmento. Espera-se que um novo motor a etanol puro brasileiro, otimizado para as propriedades do biocombustível, possa oferecer uma potência específica ainda maior.
A receita para o superetanol: tecnologias chave para a alta eficiência do novo motor a etanol puro brasileiro
Alcançar uma eficiência tão elevada com etanol exige um conjunto de inovações. Taxas de compressão significativamente mais altas, potencialmente acima de 14:1, são cruciais para aproveitar o alto índice de octanagem do E100. Sistemas de injeção direta de combustível avançados também são fundamentais; pesquisas em andamento, como as da Poli-USP em parceria com a Stellantis, exploram tecnologias de ultra-alta pressão para otimizar a combustão.
Outras tecnologias incluem sistemas eficientes de pré-aquecimento do etanol, para garantir partidas a frio sem gasolina, e a turbocompressão otimizada. Contudo, a sinergia com a hibridização é vista como o caminho mais promissor, evoluindo dos atuais MHEVs para os futuros Bio-Hybrid eDCT (híbridos completos) e Bio-Hybrid Plug-In, que maximizam a recuperação de energia e permitem maior autonomia em modo elétrico. Melhorias na qualidade do próprio etanol, como a redução do teor de água, também podem contribuir.
Novo motor a etanol puro brasileiro vs. carros elétricos: o embate no Brasil
A aposta no novo motor a etanol puro brasileiro também visa posicionar o biocombustível como uma alternativa competitiva aos carros elétricos (EVs) no contexto nacional. Em termos de emissões de CO2 “do poço à roda” (WTW), dados recentes do ICCT indicam que futuros híbridos plug-in E100 otimizados podem atingir cerca de 30,3 gCO2e/km, enquanto híbridos convencionais E100 ficariam em torno de 50,9 gCO2e/km. Para comparação, veículos elétricos a bateria (BEV) na matriz elétrica brasileira (relativamente limpa) apresentam uma média de 22,1 gCO2e/km.
No custo por quilômetro (estimativas para maio de 2025), o atual Fiat Pulse Bio-Hybrid MHEV com etanol roda a cerca de R$0,478/km. Um hipotético motor E100 atingindo 30 km/l (com etanol a R$4,45/L) custaria aproximadamente R$0,148/km. Carros elétricos, dependendo da tarifa de eletricidade (ex: R$0,58 a R$0,94/kWh), teriam um custo entre R$0,116/km e R$0,188/km. Uma grande vantagem para o etanol é a vasta infraestrutura de postos já existente e consolidada em todo o Brasil, enquanto a rede de recarga para VEs ainda está em expansão.
Vantagens estratégicas para o Brasil ao apostar no etanol de alta performance
Investir no novo motor a etanol puro brasileiro traz vantagens estratégicas significativas para o país. Primeiramente, fortalece a autossuficiência energética, aproveitando a liderança mundial do Brasil na produção de etanol de cana-de-açúcar, um recurso doméstico e renovável. Isso também apoia a importante indústria sucroenergética, grande geradora de empregos.
O desenvolvimento e a fabricação dessas tecnologias no Brasil podem criar postos de trabalho de alto valor em engenharia e manufatura automotiva. Há ainda o potencial para o Brasil se tornar um líder tecnológico na otimização de motores para biocombustíveis avançados, abrindo portas para exportação. Essa estratégia está alinhada com políticas públicas nacionais como o programa “Combustível do Futuro” e o MOVER (Mobilidade Verde e Inovação).
Quando o novo motor a etanol puro brasileiro chega às ruas?
Os modelos Stellantis Bio-Hybrid MHEV, como o Fiat Pulse e Fastback, já estão disponíveis no mercado brasileiro. A expectativa é que os primeiros veículos da Stellantis equipados com motores dedicados 100% a etanol (E100) sejam lançados inicialmente para frotas corporativas e governamentais no segundo semestre de 2025, chegando posteriormente ao consumidor em geral.
Os sistemas híbridos mais avançados da Stellantis, como o Bio-Hybrid eDCT (híbrido completo) e o Bio-Hybrid Plug-In, que prometem ainda maior eficiência, têm previsão de introdução gradual no mercado entre 2025 e 2030. Muitos analistas veem os híbridos plug-in (PHEVs) movidos 100% a etanol como uma ponte estratégica importante para o futuro da mobilidade no Brasil.
Na época do pró álcool o Brasil vendia a gasolina mais cara da América do Sul porque para que o carro a álcool fosse competitivo, era comum fila de brasileiros nas cidades próxima das fronteiras para comprar gasolina barata e pasmem a gasolina era fornecida pela Petrobras, o pró álcool acabou porque os usineiros deixaram os motoristas na mão porque teve falta de açúcar no exterior e quiseram lucrar com isso, quem vai confiar no agronegócio que faz a gente ter carne barata para sustentar o mundo, óleo de soja caro para vender soja mais barata para fazer ração, se o agronegócio pensasse na gente primeiro talvez valesse a pena ter carro 100% a álcool.
O brasileiro, como sempre, só chega depois da hora. E em se tratando de tecnologia, o futuro é ontem. Portanto, tudo que lhe resta é “planejar o ado”.
O mercado exigiu que houvessem mais veículos flex, porém os fabricantes resolveram parar de fabricar os veículos mono combustíveis, dá saudade do tempo em que você sentia a maior potência nos carros movidos somente a álcool, devido a possibilidade de uma maior taxa de compressão nos motores, quem sabe teremos isso de volta.