Entenda como o cobre se tornou um insumo essencial para energias renováveis, veículos elétricos e práticas sustentáveis na indústria e infraestrutura
Nos últimos anos, o cobre tem ganhado destaque como um dos metais mais importantes no contexto da transição energética e da economia de baixo carbono. Com aplicações estratégicas em painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e redes elétricas inteligentes, o metal ocupa hoje um papel técnico central no avanço das soluções sustentáveis. Além disso, seu alto índice de reciclabilidade o posiciona como um recurso compatível com práticas de economia circular e eficiência energética.
Por que o cobre é tão relevante para o setor de energia?
De forma técnica, o cobre é reconhecido por sua excelente condutividade elétrica e térmica. Essas propriedades o tornam um condutor eficiente para transmissão de energia, especialmente em sistemas que buscam reduzir perdas elétricas. Segundo o International Copper Association, o cobre é fundamental para garantir o desempenho de equipamentos como painéis solares, transformadores, motores e baterias de alta eficiência. Adicionalmente, seu reaproveitamento sem perda de qualidade permite que ele seja reutilizado em diferentes aplicações industriais, o que reforça seu valor estratégico.
Quais são as principais aplicações do cobre hoje?
Conforme dados do International Energy Agency (IEA) e da Copper Alliance, o cobre é amplamente utilizado em sistemas fotovoltaicos, em turbinas eólicas modernas, em veículos elétricos com motores, baterias e sistemas eletrônicos, além de estar presente na infraestrutura elétrica urbana e industrial, como cabos de potência e redes inteligentes. Essas aplicações são responsáveis por grande parte do crescimento recente na demanda global pelo metal.
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Qual é a previsão de demanda para os próximos anos?
Segundo relatório da IEA publicado em 2022, a demanda por cobre deverá dobrar até 2040, caso as metas globais de descarbonização e eletrificação avancem conforme os compromissos climáticos internacionais. Esse aumento está diretamente associado ao crescimento dos setores de energia limpa e mobilidade elétrica, que utilizam volumes significativamente maiores de cobre do que os sistemas convencionais. O relatório estima que, até 2050, o volume anual necessário de cobre poderá ultraar 36 milhões de toneladas. No entanto, especialistas alertam que essas projeções dependem de múltiplos fatores, como políticas industriais, avanços tecnológicos e estabilidade geopolítica.
Existem desafios para suprir essa demanda?
Sim. Embora o cobre seja relativamente abundante, a sua extração em larga escala apresenta desafios importantes. Entre os principais entraves estão o licenciamento ambiental e os impactos em comunidades locais, os conflitos sociais em regiões de mineração, a infraestrutura limitada para escoamento da produção e a volatilidade nos preços internacionais do metal. Desde 2020, países como Chile e Peru enfrentam instabilidades que afetam a oferta global. Diante desse cenário, o fortalecimento da reciclagem industrial e da mineração responsável vem sendo amplamente discutido por especialistas, empresas e governos.
Qual é o papel da reciclagem nesse contexto?
De acordo com o International Copper Study Group, cerca de 35% da produção mundial de cobre em 2023 foi proveniente de material reciclado. A reciclagem consome até 85% menos energia em comparação com a produção primária, conforme estudos da Copper Alliance. Por isso, diversos países e empresas vêm ampliando suas capacidades de reaproveitamento de resíduos industriais e eletrônicos contendo cobre. Essa prática ajuda a reduzir a pressão sobre novas jazidas e contribui com metas de sustentabilidade ambiental, energética e econômica.
O Brasil tem potencial para se destacar na produção de cobre?
Sim. O Brasil possui reservas relevantes, com destaque para os estados do Pará, Bahia e Goiás. Segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (2021), essas regiões concentram os principais depósitos nacionais do metal. Empresas como a Vale, Nexa Resources e Caraíba Metais já atuam com projetos de exploração e refino, com foco crescente em eficiência ambiental e inovação. Embora ainda não figure entre os maiores produtores mundiais, o Brasil pode avançar nesse cenário caso haja estímulo à inovação tecnológica, à infraestrutura logística e à estabilidade regulatória.
Como o cobre está associado aos veículos elétricos?
O setor automotivo, especialmente a partir de 2015, tem elevado o consumo de cobre por veículo. Estudos da BloombergNEF indicam que um carro elétrico utiliza, em média, até quatro vezes mais cobre que um modelo convencional. Com a expansão prevista para esse mercado, que pode ultraar 70 milhões de unidades por ano até 2030, a importância do cobre para a mobilidade elétrica é crescente. Indústrias de veículos de nova geração utilizam amplamente o metal em motores elétricos, cabos de carregamento rápido, sistemas de gestão eletrônica e sensores inteligentes, todos considerados indispensáveis.
Qual é o papel do cobre na política e segurança energética global?
Desde 2021, países como Estados Unidos, China, Alemanha e Canadá aram a classificar o cobre como insumo estratégico.
Essa classificação está relacionada ao aumento da dependência do metal para políticas de transição energética, infraestrutura elétrica e mobilidade de baixa emissão. Além disso, a COP26 e outros fóruns internacionais destacaram a necessidade de garantir segurança no fornecimento de metais críticos, como o cobre. Muitos governos já adotam políticas para estimular a produção nacional, diversificar fornecedores e ampliar a capacidade de reciclagem.
O cobre é estratégico, mas exige responsabilidade na produção
Com base nos dados disponíveis até 2024, o cobre é um recurso indispensável para a transição energética e o desenvolvimento sustentável. No entanto, é importante destacar que sua exploração e uso devem seguir diretrizes ambientais, sociais e econômicas equilibradas. A produção e o consumo de cobre exigem planejamento de longo prazo, investimentos em tecnologia limpa e compromisso com práticas transparentes. Somente assim será possível integrar esse metal crítico à construção de um futuro verdadeiramente sustentável.