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O que aconteceu com a BlackBerry? De Mike Lazaridis à criação do smartphone dos executivos e à queda diante da revolução liderada pela Apple e Google

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 29/04/2025 às 00:04
Atualizado em 02/05/2025 às 19:27
O que aconteceu com a BlackBerry? De Mike Lazaridis à criação do smartphone dos executivos e à queda diante da revolução liderada pela Apple e Google
Foto: IA

O fim da BlackBerry! Marca dominou o mercado com inovação e teclados icônicos, mas não resistiu à revolução dos smartphones touchscreen, marcando uma das quedas mais emblemáticas da história da tecnologia.

A BlackBerry foi um fenômeno nos anos 2000, especialmente entre executivos, políticos e empresários que buscavam mobilidade, segurança e comunicação eficiente. Com o comando visionário de Mike Lazaridis, a marca canadense dominou o mercado mobile por quase uma década. Mas, tão rapidamente quanto cresceu, a BlackBerry viu sua posição ser abalada por transformações profundas lideradas pela Apple e pelo Google. Neste artigo, entenda o que aconteceu com a BlackBerry, conheça os modelos mais emblemáticos da marca e saiba como a empresa canadense mudou seu foco de atuação após sair do mercado de celulares.

O surgimento da BlackBerry e a ascensão global

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A história da BlackBerry começa com a criação da Research In Motion Limited (RIM), em 1984, na cidade de Waterloo, no Canadá. Fundada por Mike Lazaridis e Douglas Fregin, a empresa inicialmente desenvolvia tecnologias de comunicação para empresas e órgãos públicos.

A virada aconteceu em 1999, quando a RIM lançou o BlackBerry 850, um dispositivo portátil com teclado QWERTY e conexão sem fio para e-mails. Pela primeira vez, era possível enviar e receber mensagens eletrônicas em tempo real, fora do escritório. Essa funcionalidade se tornou um divisor de águas para o mercado corporativo.

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Mike Lazaridis enxergou que o futuro da comunicação seria móvel e segura, duas características que guiaram toda a estratégia da empresa nos anos seguintes.

BlackBerry: símbolo de status no mercado corporativo

Ao longo dos anos 2000, a BlackBerry se tornou sinônimo de modernidade e eficiência. Seus aparelhos robustos, equipados com teclado físico e sistema próprio de e-mail, dominaram o ambiente corporativo, sendo adotados por empresas, governos e personalidades de destaque.

O BlackBerry Messenger (BBM), sistema exclusivo de mensagens criptografadas, consolidou ainda mais a reputação da empresa em segurança da informação. Em um mundo onde dados corporativos avam a ter um valor estratégico enorme, a BlackBerry era a opção preferida para executivos e líderes globais.

No auge, entre 2009 e 2010, a marca chegou a representar 20% das vendas globais de smartphones, um número impressionante para um segmento em expansão.

Modelos icônicos que marcaram a história da BlackBerry

Diversos aparelhos da BlackBerry entraram para a história do mercado mobile. Veja alguns dos principais modelos que ajudaram a construir o legado da marca:

BlackBerry 850 (1999)

Primeiro dispositivo da linha, com teclado físico, tela monocromática e conexão sem fio para e-mails. Custava cerca de US$ 399 no lançamento e vendeu aproximadamente 100 mil unidades até 2000.

BlackBerry 5810 (2002)

O primeiro BlackBerry capaz de fazer chamadas de voz, embora com a necessidade de uso de fones de ouvido. Foi o embrião dos primeiros smartphones, custando cerca de US$ 499.

BlackBerry 7290 (2004)

Aparelho que trouxe Bluetooth, tela colorida e e a redes GSM. Popularizou o BlackBerry no mercado americano e garantiu milhões de s para a marca.

BlackBerry 8700 (2005)

Um dos primeiros dispositivos a utilizar tecnologia EDGE, aumentando significativamente a velocidade de navegação móvel.

BlackBerry Bold 9700 (2009)

Considerado um dos melhores BlackBerry da história, unia design elegante, conectividade 3G e uma performance sólida para a época.

BlackBerry Curve 9300 (2010)

Popularizou ainda mais o o a smartphones no público geral, ampliando a presença da BlackBerry fora do segmento corporativo.

BlackBerry Q10 (2013)

Tentativa de resgatar o sucesso do teclado físico em meio à ascensão dos dispositivos touchscreen, mas que não conseguiu reverter a queda da marca.

O que aconteceu com a BlackBerry: os fatores que levaram ao declínio

Apesar da inovação que a BlackBerry representava no início dos anos 2000, o mercado mudou rapidamente. A partir de 2007, com o lançamento do iPhone pela Apple, a revolução dos smartphones ganhou novas bases: telas sensíveis ao toque, navegação baseada em aplicativos e interfaces intuitivas.

O Android, sistema desenvolvido pelo Google, expandiu ainda mais o mercado de smartphones íveis, com aparelhos de diversas marcas e faixas de preço.

Enquanto isso, a BlackBerry manteve o foco em dispositivos com teclado físico e resistiu à mudança para telas touchscreen por tempo demais. Quando finalmente lançou seu primeiro aparelho sensível ao toque, o BlackBerry Storm, o mercado já estava consolidado nas mãos de Apple, Samsung e outros fabricantes Android.

Problemas técnicos, críticas negativas e demora em lançar uma loja de aplicativos funcional também prejudicaram a reputação da marca.

Além disso, a lentidão para adaptar seus sistemas às novas demandas de entretenimento e multimídia, aliada a uma interface considerada antiquada, afastou os novos consumidores.

A influência da BlackBerry no mercado de smartphones

Mesmo com sua queda no mercado de celulares, a BlackBerry influenciou fortemente o desenvolvimento de recursos que hoje são padrões nos smartphones modernos. Antes da popularização dos aplicativos e das redes sociais móveis, o BlackBerry Messenger (BBM) já oferecia troca instantânea de mensagens entre usuários, de forma segura e gratuita.

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O conceito de push notification, hoje utilizado por praticamente todos os aplicativos móveis, também teve origem no sistema de e-mails da BlackBerry. A inovação proporcionava entrega imediata de mensagens sem necessidade de atualizações manuais, recurso que transformou a produtividade de profissionais em todo o mundo.

Além disso, a ênfase na segurança dos dados, marca registrada da BlackBerry, impulsionou o desenvolvimento de protocolos de proteção que continuam a ser prioridade para empresas e desenvolvedores de tecnologia.

As ferramentas de gestão de dispositivos móveis (MDM), que permitem às empresas controlar o o dos funcionários a redes corporativas por meio de smartphones, também tiveram seu embrião nas plataformas da BlackBerry ainda nos anos 2000.

A resistência à inovação e os erros estratégicos

Entre os fatores que explicam o que aconteceu com a BlackBerry, destaca-se a resistência da empresa em adaptar seu modelo de negócios frente às novas tendências de consumo.

Enquanto concorrentes apostaram na criação de ecossistemas completos — combinando hardware, sistemas operacionais abertos e lojas de aplicativos — a BlackBerry permaneceu por muito tempo focada em um público corporativo , subestimando o apelo dos smartphones entre o público geral.

Outro erro estratégico foi a demora em investir em dispositivos totalmente touchscreen. Mesmo quando lançou modelos como o BlackBerry Torch, que combinava tela sensível ao toque e teclado físico, o sistema operacional ainda parecia ultraado frente ao iOS e ao Android.

O lançamento do BlackBerry PlayBook, em 2011, um tablet que não contava com funcionalidades básicas como um cliente de e-mail nativo, também prejudicou a imagem da empresa em um mercado em rápida evolução.

Essas decisões conservadoras afastaram consumidores jovens, mais conectados às tendências de mobilidade e consumo de conteúdo multimídia.

A tentativa de se reinventar com o sistema BlackBerry 10

Na tentativa de retomar a relevância no mercado, a BlackBerry lançou o sistema BlackBerry 10 em 2013. Baseado em um novo conceito de interface, com foco em multitarefa e segurança, o sistema representava uma ruptura com as versões anteriores do software da empresa.

Apesar de trazer avanços técnicos, o BlackBerry 10 chegou tarde. O ecossistema de aplicativos era pequeno em comparação com o Google Play e a App Store, o que limitava a atratividade dos novos dispositivos da marca, como o BlackBerry Z10 e o Q10.

A falta de compatibilidade nativa com os aplicativos Android e a ausência de parcerias estratégicas para impulsionar o sistema também dificultaram a aceitação do público.

A tentativa de licenciar o BlackBerry 10 para outros fabricantes não vingou, selando o destino da plataforma.

A mudança definitiva para o setor de cibersegurança

Com o declínio nas vendas de celulares, a BlackBerry decidiu mudar seu foco de forma definitiva. Ao investir em aquisições estratégicas como a da Cylance, a empresa ou a se especializar em inteligência artificial para segurança cibernética.

Hoje, a BlackBerry atua fortemente em setores como:

  • Segurança de dispositivos móveis para grandes corporações;
  • Proteção de redes governamentais;
  • Softwares embarcados para o setor automotivo, incluindo sistemas de direção autônoma;
  • Soluções de IoT seguras para indústrias.

Com essa transformação, a BlackBerry deixou de ser reconhecida como fabricante de smartphones e se consolidou como fornecedora de serviços de segurança digital.

Essa reinvenção salvou a marca de um possível desaparecimento completo, permitindo que a empresa se reposicionasse em mercados altamente especializados e em expansão.

O impacto da BlackBerry na cultura pop e na memória coletiva

Mesmo após sua saída do mercado de celulares, a BlackBerry permanece viva na memória coletiva, principalmente para quem viveu o boom dos anos 2000.

Séries de TV, filmes e reportagens da época retratavam executivos, políticos e celebridades usando seus BlackBerrys com orgulho, associando o aparelho à eficiência e à imagem de sucesso profissional.

Presidentes americanos, como Barack Obama, foram usuários declarados do dispositivo, reforçando sua imagem de segurança e confiabilidade.

Até hoje, o termo “mandar um BBM” ainda é lembrado como referência a um tempo em que a comunicação instantânea por mensagens ainda era novidade.

A influência cultural da BlackBerry serve como lembrete de como a inovação tecnológica pode alterar profundamente padrões sociais e de consumo em poucos anos.

Tentativas de recuperação e saída do mercado de celulares

Em 2013, após sucessivos prejuízos, a BlackBerry tentou se reinventar com o lançamento do sistema BlackBerry 10, mas não conseguiu competir com iOS e Android. A empresa chegou a considerar sua venda, mas nenhum acordo foi concretizado.

Em 2016, a BlackBerry anunciou que deixaria de fabricar smartphones, ando a licenciar sua marca para a empresa chinesa TCL, que continuou produzindo alguns modelos até 2020. Entre os aparelhos lançados nesse período estavam o BlackBerry KeyOne e o BlackBerry Key2, que tentavam unir teclado físico com Android, mas não obtiveram grande sucesso.

A BlackBerry, portanto, encerrou seu ciclo como fabricante de hardware.

BlackBerry hoje: uma nova fase na área de cibersegurança

Após sair do mercado de celulares, a empresa focou seus esforços na área de cibersegurança e softwares corporativos. Em 2016, adquiriu a startup britânica Encription, especializada em segurança digital.

Dois anos depois, em 2018, comprou a empresa americana Cylance, focada em inteligência artificial para prevenção de ameaças cibernéticas, por US$ 1,4 bilhão.

Atualmente, a BlackBerry oferece soluções de segurança digital para empresas, governos e instituições financeiras. Seus serviços incluem sistemas de gestão de dispositivos móveis, proteção de dados e softwares embarcados para a indústria automotiva.

Com mais de 3.500 clientes corporativos em todo o mundo, a BlackBerry segue relevante, embora em um setor completamente diferente daquele que a tornou famosa.

Mike Lazaridis e o legado da BlackBerry

Mike Lazaridis, um dos fundadores e ex-CEO da empresa, deixou sua posição em 2012, mas seu legado como inovador tecnológico permanece. Visionário ao antever a mobilidade como um vetor de transformação para a comunicação, Lazaridis foi fundamental para posicionar a BlackBerry como um dos nomes mais importantes da história dos celulares.

Apesar do declínio da marca no mercado mobile, a contribuição da BlackBerry para a evolução dos smartphones é incontestável. Sem seus avanços em mobilidade corporativa, push e-mail e segurança de dados, o desenvolvimento dos smartphones modernos teria seguido outro ritmo.

Fontes: TechTudo e TecMundo

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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