Uma das maiores empresas do século 20 revolucionou a fotografia, mas acabou sendo engolida por uma mudança tecnológica que ela mesma iniciou. Uma história fascinante e cheia de reviravoltas, que ainda hoje deixa lições para negócios de todos os tamanhos.
A história da Kodak é uma das trajetórias mais fascinantes e, ao mesmo tempo, mais trágicas do mundo dos negócios.
Fundada em 1888 por George Eastman, a empresa transformou a forma como as pessoas registravam momentos, tornando a fotografia ível a milhões de pessoas ao redor do mundo.
A Kodak foi responsável por popularizar a câmera portátil e o filme fotográfico, permitindo que a fotografia saísse dos estúdios profissionais e entrasse no cotidiano das famílias.
-
Vencedora mais jovem de loteria do Reino Unido ganha R$ 11 milhões e perde tudo!
-
Plano da Tesla na Austrália é “travado” por moradores insatisfeitos com Elon Musk
-
Jeff Bezos bloqueia ruas em Nova York com grua gigante para mobiliar seu novo triplex de R$ 625 milhões
-
Gasolina ou etanol: o erro que quase todo motorista comete e que prejudica o motor flex
Com o lema “You press the button, we do the rest” (“Você aperta o botão, nós fazemos o resto”), a Kodak se tornou um nome familiar e consolidou sua posição como líder global da fotografia analógica por mais de um século.
Na década de 1970, a Kodak era responsável por cerca de 90% do mercado de filmes fotográficos e 85% do mercado de câmeras nos Estados Unidos.
O filme Kodachrome, por exemplo, foi um dos mais populares e utilizados por amadores e profissionais, responsável por registrar ícones culturais e eventos históricos.
A invenção da câmera digital que a própria Kodak não abraçou
Entretanto, apesar de sua liderança, a Kodak cometeu um dos erros estratégicos mais estudados da história empresarial.
A empresa foi pioneira na criação da tecnologia digital, mas negligenciou seu potencial disruptivo.
Em 1975, o engenheiro Steve Sasson, da Kodak, inventou a primeira câmera digital funcional.
A câmera utilizava um sensor CCD (dispositivo de carga acoplada) e era capaz de capturar imagens digitais, que eram armazenadas em fitas magnéticas.
Porém, a diretoria da Kodak descartou a ideia, temendo que a nova tecnologia prejudicasse as lucrativas vendas de filmes e papéis fotográficos.
Essa decisão foi um marco do conservadorismo corporativo que acabaria selando o destino da empresa.
Durante as décadas de 1980 e 1990, outras empresas, como Sony, Canon e Fujifilm, investiram pesadamente no desenvolvimento da fotografia digital, enquanto a Kodak insistia em proteger seu modelo tradicional.
Embora a companhia tenha lançado produtos digitais e adquirido algumas empresas do setor, suas ações foram tímidas e tardias.
A Kodak parecia presa a um dilema: como abraçar o futuro sem sacrificar seu presente?
O avanço da fotografia digital e a derrocada da gigante
Com o avanço da tecnologia digital, a fotografia ou a ser mais ível, instantânea e livre das limitações impostas pelo filme analógico.
As câmeras digitais rapidamente conquistaram o mercado, enquanto os celulares começaram a incorporar recursos fotográficos, tornando a fotografia ainda mais democrática.
A Kodak, que antes reinava absoluta, começou a perder relevância.
Suas tentativas de adaptação, como o lançamento de impressoras e serviços online de revelação, não foram suficientes para compensar a queda nas vendas de filmes e câmeras analógicas.
No início dos anos 2000, a Kodak ainda gerava bilhões de dólares, mas já sentia os efeitos da revolução digital.
Em 2012, após anos de dificuldades financeiras e tentativas frustradas de reinvenção, a empresa entrou com um pedido de proteção contra falência (Chapter 11) nos Estados Unidos.
Esse momento simbolizou a derrocada de uma das marcas mais icônicas da história.
A Kodak havia ado de líder inovadora a exemplo clássico de como a resistência à mudança pode levar à ruína.
A sobrevivência tímida e as lições para o mercado
Apesar disso, a Kodak não desapareceu completamente.
Após reestruturação e venda de diversas patentes, a empresa conseguiu sair da falência em 2013, concentrando-se em áreas como impressão digital, materiais para embalagens e produtos químicos.
Mais recentemente, a companhia tentou diversificar sua atuação, chegando a anunciar planos para produzir ingredientes farmacêuticos durante a pandemia de COVID-19, embora esse projeto tenha gerado polêmica e investigações por suspeitas de irregularidades.
A trajetória da Kodak oferece lições valiosas sobre o impacto da inovação disruptiva e a importância de empresas se adaptarem às novas tecnologias.
Enquanto algumas marcas, como a Fujifilm, conseguiram se reinventar e prosperar no ambiente digital, a Kodak ficou presa ao ado.
A Fujifilm, por exemplo, diversificou suas atividades para setores como cosméticos, materiais médicos e impressão de alta tecnologia, demonstrando resiliência e visão estratégica.
A história da Kodak também ilustra como uma marca pode sobreviver, mesmo após uma queda monumental.
Hoje, a empresa ainda fabrica filmes fotográficos – para um nicho de entusiastas e profissionais que valorizam a estética do analógico – e equipamentos especializados.
Contudo, sua relevância nunca mais será a mesma.
O nome Kodak evoca nostalgia e também um alerta para as empresas de todos os setores: inovar não é mais opcional, é questão de sobrevivência.
A ironia da história e o alerta para o futuro
Curiosamente, a ironia da história da Kodak é que ela foi pioneira na criação da tecnologia que a derrubaria.
O próprio Steve Sasson, inventor da câmera digital, declarou anos depois que a resistência da alta istração era previsível, mas inevitável.
A Kodak apostou no curto prazo, na segurança das margens de lucro do filme, e ignorou o potencial de longo prazo da fotografia digital.
Se tivesse adotado uma estratégia agressiva de inovação digital desde o início, a empresa poderia ter mantido sua liderança.
Contudo, ao proteger seu modelo tradicional de negócios, a Kodak perdeu espaço para concorrentes mais ágeis e dispostos a abraçar a mudança.
Sua derrocada virou estudo de caso em escolas de negócios e tornou-se um exemplo emblemático de miopia corporativa.
A ascensão e queda da Kodak é mais do que uma história de falência.
É um lembrete poderoso de que a inovação pode ser tanto uma oportunidade quanto uma ameaça.
E, acima de tudo, é uma lição sobre a importância de saber quando é hora de apertar o botão e deixar o resto para o futuro.
E você, acha que a Kodak poderia ter sobrevivido se tivesse abraçado o digital desde o início? Deixe sua opinião nos comentários!
Teria sobrevivido alguns anos a mais com as câmeras digitais mas ainda teria provavelmente falecido com a chegada dos celulares. Quem sabe….