Conheça a trajetória dessas icônicas marcas de varejo que marcaram a infância de muitas famílias brasileiras e seus destinos atuais
Nos anos 1980, visitar grandes lojas de departamentos como Mesbla, Mappin, Arapuã, Jumbo Eletro e Ultralar era um evento especial para muitas famílias brasileiras.
Sem a facilidade das compras online, essas magazines eram o ponto de encontro de consumidores em busca de produtos variados.
Contudo, com o ar do tempo, muitas dessas lojas perderam seu brilho e enfrentaram grandes crises. Aqui está o que aconteceu com cada uma delas.
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Mesbla: a gigante do varejo que não resistiu à crise
A Mesbla foi uma das maiores varejistas do Brasil, inaugurada em 1912 no Rio de Janeiro.
Durante seu auge, nos anos 1980, a rede contava com 180 pontos de venda e era conhecida por sua diversidade de produtos, que incluíam eletrodomésticos, roupas e móveis.
A loja se destacou pelo atendimento ao cliente e pela ampla variedade disponível em suas prateleiras.
Era comum ouvir os funcionários dizerem que por lá vendiam quase tudo, com exceção de caixões, em tom de brincadeira.
Entretanto, a popularização de lojas especializadas e a entrada de shoppings centers no Brasil impactaram negativamente a empresa.
A hiperinflação no final dos anos 1980 também contribuiu para a crise, com muitas empresas enfrentando dificuldades financeiras.
A Mesbla acumulou dívidas enormes e entrou em concordata em 1995, um instrumento de recuperação judicial da época.
Após um processo de recuperação, a empresa foi vendida em 1997 para o empresário Ricardo Mansur, que tentou reviver a marca, focando em preços baixos e atendendo a classes mais baixas.
No entanto, essa estratégia não foi suficiente, e a Mesbla faliu em 1999.
Em anos recentes, a marca foi reativada como um marketplace online, após um investimento de 500 mil reais por novos empresários, tentando aproveitar a nostalgia e a história da marca.
Mappin: a icônica loja de São Paulo que se despediu do varejo
Fundada um ano após a Mesbla, a Mappin se tornou uma referência no varejo brasileiro, especialmente pela sua loja na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo.
Nos anos 1980, a marca estava em seu auge, superando até a Mesbla em popularidade.
A Mappin era conhecida por suas vitrines de vidro e pela inovação em suas operações, sendo uma das primeiras a oferecer crédito ao consumidor.
Entretanto, a aquisição da Sears nos anos 1990 resultou em problemas financeiros e um descontrole contábil. Em 1995, a Mappin reportou um prejuízo de quase 20 milhões de reais.
Em 1996, a empresa foi vendida para Ricardo Mansur, que tentou transformar o modelo de negócios em franquias, mas também não obteve sucesso.
A loja entrou em falência em 1999.
Em 2010, a marca foi adquirida pela Rede Marabraz por 5 milhões de reais em um leilão público, que lançou um e-commerce que permanece ativo até hoje.
Isso representa um esforço significativo para manter viva a marca e sua história, mesmo que em um formato diferente.
Arapuã: a rede de eletrodomésticos que não se recuperou
A Arapuã foi uma das maiores redes de varejo do Brasil, especialmente nos anos 1970 e 1980, com mais de 220 lojas dedicadas principalmente à venda de eletrodomésticos.
A empresa se destacou pela oferta de produtos de qualidade e preços íveis, atendendo a uma demanda crescente no Brasil.
Em 1996, a Arapuã alcançou um faturamento bilionário de 2,2 bilhões de reais, e seu lucro líquido foi de 119 milhões de reais. No entanto, a alta inadimplência em vendas a prazo levou a dívidas superiores a 1 bilhão de reais.
Em 1998, a Arapuã entrou em concordata, mas não conseguiu reverter sua situação financeira.
Após um longo processo judicial que se arrastou por 22 anos, a empresa foi decretada falida em 2020, encerrando uma era de sucesso no varejo brasileiro.
O caso da Arapuã é emblemático, pois mostra como a falta de adaptação às mudanças do mercado e a má gestão financeira podem levar até mesmo as maiores empresas à falência.
Ultralar: de distribuidora de gás a varejista em declínio
A Ultralar nasceu em 1956 como um braço da Ultragás, focando inicialmente na venda de fogões a gás.
A ideia era incentivar o uso de produtos a gás no Brasil, além de ajudar na venda de botijões.
Com o tempo, a loja se expandiu e se tornou uma das principais varejistas do Brasil, listada em Bolsa.
A operação ganhou escala, e em 1974, a empresa abriu seu primeiro hipermercado chamado Ultracenter Ultralar, que mais tarde foi vendido ao Carrefour.
No entanto, na década de 1990, o grupo começou a vender seus negócios que não estavam relacionados à distribuição de gás e, assim, a Ultralar foi vendida ao Grupo Susa Vendex.
A concorrência de lojas especializadas e a falta de modernização resultaram no fechamento da Ultralar em 2000, com suas unidades adquiridas pelas Casas Bahia.
O legado da empresa, no entanto, ainda é lembrado, pois fez parte da história do varejo brasileiro durante décadas.
Jumbo Eletro: a transformação da Eletroradiobraz
A Eletroradiobraz, fundada nos anos 1940, começou consertando rádios e pequenos eletrodomésticos, mas logo se expandiu para um grande armazém de departamentos.
Em 1971, a empresa entrou no ramo de supermercados, mas enfrentou problemas financeiros e istrativos, vendendo suas operações para o Grupo Pão de Açúcar.
Com a venda, os supermercados se tornaram Pão de Açúcar e os hipermercados foram rebatizados como Jumbo Eletro. Anos depois, a marca foi alterada para Extra, e em 2021, todas as lojas do Extra foram vendidas para o Assaí.
Essa mudança reflete a adaptação do mercado e a busca por novas oportunidades, mesmo que isso signifique o fim de uma marca histórica.
Essas grandes lojas, que marcaram época, refletem não apenas as mudanças no comportamento do consumidor, mas também os desafios enfrentados pelos varejistas ao longo das décadas.
A transformação do mercado e a adaptação às novas realidades são essenciais para a sobrevivência de qualquer marca.
As histórias de Arapuã, Mesbla, Mappin, Jumbo Eletro e Ultralar são um lembrete de que, embora o ado seja importante, é a capacidade de se reinventar que determina o futuro.
FONTE: EXAME