Descubra o que é a Shein, como ela se tornou uma gigante do varejo global e por que seu modelo de negócios revolucionou o fast-fashion.
A Shein, varejista de roupas e órios com origem na China, se tornou um verdadeiro fenômeno mundial no setor de fast-fashion. Fundada em 2008 sob o nome ZZKKO, a empresa inicialmente era voltada para a venda de vestidos de noiva. No entanto, foi sua capacidade de adaptação ao comportamento dos consumidores e o uso intensivo da tecnologia que transformaram a Shein em uma das maiores varejistas do mundo.
O crescimento exponencial da Shein está diretamente ligado à pandemia de Covid-19, período em que a indústria da moda tradicional enfrentou dificuldades, mas que também marcou uma mudança de paradigma no consumo online. Com as lojas físicas fechadas, os consumidores aram a comprar roupas pela internet, muitas vezes apenas pela sensação de novidade e pertencimento digital. A Shein soube aproveitar esse momento como nenhuma outra marca.
A trajetória da Shein: de startup chinesa a gigante global
Fundada pelo empresário e especialista em marketing digital Chris Xu, a Shein começou sua trajetória com foco em nicho — vendendo exclusivamente vestidos de noiva. Nos anos seguintes, a empresa ou a ampliar seu portfólio, especialmente com roupas femininas casuais, e mudou de nome para “Sheinside”.
A virada aconteceu em 2015, quando a marca ou a se chamar oficialmente “Shein”. Desde então, seu processo de internacionalização ganhou força, alcançando mercados como Alemanha, Rússia, Itália, Espanha e França. Hoje, a Shein atua em mais de 150 países, com presença forte em regiões como América Latina, Europa e América do Norte.
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Modelo de negócios inovador: fast-fashion com inteligência artificial
Um dos grandes diferenciais da Shein está no modelo de negócios. A empresa opera sob demanda, ou seja, não mantém estoque em grandes volumes. As peças são produzidas conforme o interesse dos consumidores, com base em análises de dados captados em tempo real. Isso permite agilidade na criação de novos produtos e uma impressionante taxa de atualização: o site recebe cerca de 6 mil novos itens por dia.
Além disso, a Shein monitora tendências de comportamento em redes sociais como TikTok, Instagram e no Google Trends, o que garante lançamentos alinhados ao desejo do público-alvo. Essa combinação de análise de dados com produção ágil consolidou a marca como uma referência em moda ível e digitalizada.
Shein e geração Z: a fórmula do sucesso com o público jovem
De acordo com uma pesquisa realizada pela Piper Sandler, a Shein está entre as marcas mais consumidas pela geração Z, ficando atrás apenas da Amazon em popularidade. Essa preferência é explicada pela oferta de peças estilosas, preços íveis e uma experiência de compra desenhada especialmente para o público digital nativo.
A interface intuitiva do aplicativo, os filtros por estilo e corpo (do slim ao plus size), além de cupons diários e gamificação da compra, tornam a Shein extremamente atraente para jovens consumidores, que buscam novidades constantes com baixo custo.
A Shein no Brasil: expansão estratégica e lojas pop-up
A chegada da Shein ao mercado brasileiro aconteceu em meados de 2020, em plena pandemia. A empresa viu no Brasil um público engajado nas redes sociais e interessado em moda ível. Os números não deixam dúvidas: segundo o BTG Pactual, a marca vendeu US$ 2 bilhões no país no ano ado.
Além das vendas online, a Shein começou a explorar o conceito de lojas pop-up — espaços físicos temporários. Uma das mais recentes foi anunciada para o Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, entre os dias 12 e 16 de novembro. Antes disso, em março, a marca já havia testado o modelo no Village Mall, no Rio de Janeiro. A estratégia reforça o branding e permite maior aproximação com o consumidor brasileiro.
Por que a Shein se tornou uma das maiores varejistas do mundo?
Vários fatores explicam o sucesso meteórico da Shein, e todos eles estão interligados:
- Produção sob demanda: Reduz desperdício e permite agilidade no lançamento de tendências.
- Preços baixos: Mesmo com importação, os produtos chegam ao consumidor final com preços mais competitivos do que marcas locais.
- Tecnologia de dados: A Shein investe pesado em inteligência artificial e machine learning para entender o comportamento de compra.
- Variedade de produtos: A diversidade no catálogo é imensa, com opções para todos os estilos e corpos.
- Marketing digital eficaz: A empresa aposta em influenciadores, campanhas segmentadas e redes sociais.
Essa combinação permite que a Shein se reinvente constantemente, mantendo a atenção dos consumidores e aumentando sua base de clientes em escala global.
Controvérsias e críticas à Shein
Nem tudo são flores na trajetória da Shein. A empresa tem sido alvo de críticas severas em relação às suas práticas trabalhistas.
Um documentário da emissora britânica Channel 4, chamado Inside the Shein Machine: UNTOLD, revelou relatos alarmantes sobre as condições precárias nas fábricas que produzem para a varejista. Os trabalhadores enfrentariam jornadas de até 18 horas por dia, com apenas uma folga mensal, além de salários baixos e retenção do primeiro pagamento.
Em 2021, uma investigação da Reuters mostrou que a empresa não divulgava publicamente informações sobre as condições de trabalho de seus funcionários — exigência de países como o Reino Unido. Em resposta, a Shein afirma que cumpre os requisitos de responsabilidade social e nega uso de trabalho infantil ou forçado.
Sustentabilidade e impacto ambiental: outro desafio para a Shein
Outro ponto delicado para a Shein é a sustentabilidade. O modelo de negócios baseado em lançamentos diários e alta rotatividade de peças levanta preocupações quanto ao impacto ambiental. Críticos argumentam que o incentivo ao consumo rápido estimula o descarte precoce de roupas e o acúmulo de resíduos têxteis.
Além disso, algumas análises independentes apontaram altos níveis de produtos químicos em determinadas peças comercializadas pela Shein, o que levou a discussões sobre segurança e controle de qualidade.
Plágio, propriedade intelectual e uso de dados
A Shein também já enfrentou acusações de plágio no design de peças de estilistas independentes, o que gerou processos judiciais e protestos online. Em alguns casos, pequenas marcas relataram que suas criações foram copiadas sem autorização.
Além disso, a condução de dados dos usuários do aplicativo já foi questionada, especialmente em relação à privacidade e uso de cookies para rastreamento de hábitos de compra.
Valor de mercado e projeções futuras da Shein
Mesmo com todas as críticas, a Shein continua a crescer. Segundo estimativas da Bloomberg, a marca alcançou um valor de mercado estimado em US$ 100 bilhões em 2022. Trata-se de uma cifra que coloca a empresa lado a lado com gigantes do varejo global.
Analistas apontam que o próximo o da Shein será fortalecer sua atuação com fábricas em países estratégicos, inclusive no Brasil. Isso reduziria o tempo de entrega e as críticas relacionadas à logística e emissão de carbono, além de potencialmente amenizar os questionamentos sobre condições de trabalho em solo chinês.
Shein x concorrência: o que as outras varejistas estão fazendo?
O impacto da Shein no mercado é tão grande que outras empresas já estão reagindo. Marcas como Zara, H&M e C&A começaram a acelerar seus processos de lançamento e diversificar seus canais digitais. Ao mesmo tempo, novas startups estão surgindo com promessas de moda sustentável e ética, buscando um diferencial competitivo.
A Shein representa um marco na transformação do varejo de moda, especialmente pela forma como alia tecnologia, escala e influência digital. Ao mesmo tempo, sua trajetória também levanta questões urgentes sobre ética no trabalho, sustentabilidade e transparência.
Com uma base sólida construída sobre dados e tendências, a Shein tende a continuar crescendo nos próximos anos. No entanto, o sucesso a longo prazo dependerá de sua capacidade de se adaptar às pressões sociais e ambientais — exigências cada vez mais comuns de um público que não quer apenas consumir, mas também saber como, onde e por quem as roupas foram produzidas.
Quantas lojas físicas a Shein tem no Brasil atualmente?
Apesar de sua operação ser majoritariamente online, a Shein tem explorado o modelo de lojas físicas temporárias, conhecidas como lojas pop-up, para se aproximar do público brasileiro. Essas unidades têm funcionamento limitado a poucos dias, geralmente em shoppings de grandes capitais, como parte de estratégias promocionais e de engajamento com consumidores locais.
Até o momento, a Shein não possui lojas físicas fixas no Brasil. No entanto, já realizou duas ativações temporárias confirmadas:
- Março de 2023: loja pop-up no Village Mall, no Rio de Janeiro.
- Novembro de 2023: loja pop-up no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo.
Essas experiências demonstram o interesse da marca em testar o varejo físico e reforçar sua presença no país. A tendência é que novas unidades temporárias sejam abertas em outras cidades, especialmente durante datas comerciais como Black Friday e Natal.