Rede elétrica insuficiente limita conexão de novos empreendimentos e afasta investidores
Apesar de ser destaque mundial em fontes renováveis, o Brasil tem esbarrado em um obstáculo silencioso: a incapacidade da rede elétrica de atender à demanda de projetos de hidrogênio verde. De acordo com a Eixos, investimentos estão sendo travados por falta de infraestrutura de transmissão, o que também ameaça a expansão de data centers no país.
Hidrogênio verde depende de melhorias no sistema elétrico
Empresas como Solatio, Fortescue e Casa dos Ventos vêm encontrando dificuldades para avançar com seus projetos de hidrogênio verde no Brasil. Conforme revelado pela Eixos, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem recusado solicitações de conexão à rede por falta de capacidade disponível em regiões estratégicas. Esse entrave compromete a viabilidade dos empreendimentos e coloca em risco o posicionamento do país na cadeia global de hidrogênio, que depende diretamente de fontes renováveis e conexão elétrica estável.
Além de prejudicar iniciativas de energia limpa, essa barreira pode afetar também a previsibilidade jurídica e regulatória para investidores, que exigem garantias mínimas para aportes de longo prazo. A infraestrutura atual não acompanha o ritmo da demanda, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, que concentram a maioria dos projetos eólicos e solares — base para produção do hidrogênio verde.
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Estudos tentam destravar capacidade de conexão
Para enfrentar esse gargalo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) deve apresentar até dezembro um estudo ao Ministério de Minas e Energia, propondo a expansão da capacidade de conexão em pelo menos 4 gigawatts (GW), conforme publicado pela Eixos. A proposta também incluirá um cronograma para a contratação de reforços no Sistema Interligado Nacional (SIN), além da possível antecipação de autorizações para mais 2 GW de conexões.
O objetivo é reduzir os bloqueios técnicos e destravar projetos que já estão prontos para sair do papel, mas que seguem à espera de autorização. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), o Brasil tem condições naturais únicas para liderar o mercado de hidrogênio verde, mas precisa vencer a limitação da infraestrutura para cumprir esse papel.
Investimentos em data centers também sentem os impactos
Outro setor diretamente afetado pelo problema é o de data centers. O governo federal lançou o regime especial Redata, com incentivos fiscais para atrair investimentos no segmento, mas as empresas relatam dificuldades semelhantes às do setor de hidrogênio. Juan Landeira, da A&M Infra, afirmou à Eixos que a principal barreira para novos empreendimentos digitais no país é justamente a incerteza quanto à conexão à rede elétrica — fator que pesa nas decisões de grandes operadores internacionais.
Sem uma rede moderna e reforçada, o país pode perder não só a chance de exportar hidrogênio, mas também de atrair estruturas de tecnologia que demandam alta potência energética contínua.
Hidrogênio exige ação coordenada entre energia e regulação
A situação atual reforça a urgência de políticas integradas entre geração, transmissão e regulação para viabilizar o avanço da agenda de hidrogênio no Brasil. Ainda que existam iniciativas promissoras, como os planos da EPE e o incentivo ao Redata, especialistas alertam que sem uma visão sistêmica da infraestrutura, o país corre o risco de ficar à margem da nova economia verde global.
Fontes como a Eixos e a Agência Internacional de Energia reforçam que o momento exige decisões rápidas e investimentos estratégicos, sob o risco de inviabilizar o que poderia ser uma vantagem competitiva do Brasil no mercado energético das próximas décadas.