Esquecidas as bombas atômicas, o título de som mais alto já registrado na história recente pertence à catastrófica erupção do vulcão Krakatoa em 1883, um evento cujas ondas sonoras deram a volta ao mundo e causaram destruição a quilômetros de distância.
A busca pelo som mais alto já registrado na história recente nos leva não a um artefato humano, mas a uma fúria da natureza: a erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 1883. Este evento cataclísmico produziu um estrondo de proporções planetárias, superando até mesmo as mais potentes detonações nucleares em termos de impacto acústico globalmente documentado.
A afirmação de que a erupção do Krakatoa em 1883 gerou o som mais alto já registrado na história recente é factualmente sustentada. “História recente”, neste contexto, refere-se ao período com instrumentação científica capaz de registrar tais fenômenos. Embora eventos pré-históricos possam ter sido mais energéticos, o Krakatoa se destaca pela sua imensa potência aliada a uma rede global emergente de observação científica no século XIX. Seu som não apenas rompeu tímpanos, mas viajou ao redor do globo múltiplas vezes.
A fúria crescente do vulcão Krakatoa em agosto de 1883
A erupção de 1883 foi uma sequência crescente de explosões. A atividade iniciou em maio, com explosões audíveis a 160 km. Em 26 de agosto, o vulcão entrou em sua fase climática, com erupções quase contínuas. O clímax ocorreu na manhã de 27 de agosto de 1883, com uma série de quatro explosões colossais.
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A terceira delas, por volta das 10:02 (hora local), é reconhecida como o evento gerador do som mais intenso. Este paroxismo esteve associado ao colapso da maior parte da ilha de Krakatoa em uma caldeira submarina e a violentas explosões freatomagmáticas pela interação do magma com a água do mar.
Os decibéis da erupção do Krakatoa e seus efeitos físicos diretos e devastadores
A intensidade sonora do Krakatoa foi extraordinária. Um barômetro em Batávia (atual Jacarta), a 160 km do vulcão, registrou um pico de pressão atmosférica superior a 8,5 kPa, equivalente a cerca de 172 decibéis (dB) SPL. Outras fontes arredondam para 180 dB à mesma distância.
Para comparação, o limiar da dor humana é de aproximadamente 130 dB. A cifra de 310 dB SPL é frequentemente atribuída à fonte da erupção, representando não um som convencional (cujo limite teórico no ar é ~194 dB), mas uma extrapolação da energia da onda de choque.
Os efeitos físicos foram diretos e brutais. Marinheiros no navio britânico Norham Castle, a 64 km do Krakatoa, tiveram seus tímpanos rompidos. Em Batávia, a 160 km, a onda de pressão quebrou janelas e rachou paredes.
A propagação global da “grande onda aérea” do Krakatoa
A explosão principal do Krakatoa foi audível a distâncias impressionantes, como na Ilha Rodrigues, a 4.800 km, onde foi descrita como “fogo de canhão distante”. Em Perth, Austrália (3.100 km), soou como artilharia. A evidência mais robusta, contudo, veio de registros barométricos.
A onda de pressão atmosférica gerada, apelidada de “a grande onda aérea”, foi detectada por barômetros em todo o mundo, viajando múltiplas vezes ao redor da Terra – de três a sete agens ao longo de cinco dias, com picos recorrentes a cada 34 horas (o tempo para uma onda sonora circundar o planeta).
Comparando o som mais alto já registrado na história com bombas atômicas e outros eventos naturais colossais
A energia total da erupção do Krakatoa foi estimada em 200 megatoneladas de TNT, milhares de vezes superior à bomba de Hiroshima (15-20 quilotons) e cerca de quatro vezes mais potente que a Tsar Bomba soviética (50-55 megatoneladas).
Embora bombas atômicas gerem ondas de choque com altos decibéis na fonte (Tsar Bomba ~224-280 dB), o som do Krakatoa é frequentemente citado como acusticamente mais significativo globalmente. Isso se deve, em parte, ao seu processo geológico mais sustentado gerando ondas de pressão de longo período, que se propagam eficientemente pela atmosfera.
Outros eventos naturais foram imensamente ruidosos. A erupção do Tambora em 1815 (VEI 7) foi vulcanologicamente maior que o Krakatoa (VEI 6) e seu som foi ouvido a mais de 2.600 km, mas a documentação acústica global foi menos abrangente. A explosão de Tunguska em 1908 (meteoroide) teve intensidade estimada na fonte de 300-315 dB e também gerou ondas aéreas globais. Mais recentemente, a erupção do Hunga Tonga-Hunga Haʻapai em 2022 produziu uma onda de pressão atmosférica comparável à do Krakatoa, circundando a Terra quatro vezes, e foi audível a até 10.000 km no Alasca.