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O surpreendente fracasso do Ford F-8500 no Brasil! Cavalo mecânico com motor 2 tempos que não durou 3 anos no mercado

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 01/05/2025 às 17:15
POR QUE o Ford F-8500 FRACASSOU no BRASIL? (o REAL Motivo por trás desse "Fracasso" é SURPREENDENTE)
POR QUE o Ford F-8500 FRACASSOU no BRASIL? (o REAL Motivo por trás desse “Fracasso” é SURPREENDENTE)

O Ford F-8500 lançado nos anos 70 com motor inovador, o cavalo mecânico da Ford não durou 3 anos. Entenda a aposta ousada e os motivos da rejeição.

Os anos 70 foram uma época de grandes mudanças no Brasil. O país vivia o chamado “milagre econômico”. O transporte rodoviário ganhava força com novas estradas. Nesse cenário competitivo, a Ford decidiu fazer uma aposta ousada. Lançou o Ford F-8500. Era seu primeiro cavalo mecânico pesado fabricado no Brasil em larga escala.

O caminhão trazia um motor inovador, de dois tempos, vindo dos Estados Unidos. Prometia potência e modernidade. No entanto, o projeto fracassou rapidamente. O Ford F-8500 não durou nem três anos no mercado e virou símbolo de um tropeço da montadora.

A aposta ousada da Ford

O surpreendente fracasso do Ford F-8500 no Brasil! Cavalo mecânico com motor 2 tempos que não durou 3 anos no mercado

A Ford identificou uma lacuna em seu portfólio. Não tinha um cavalo mecânico nacional para competir com o Mercedes-Benz LS 1519. O modelo da Mercedes era o rei das estradas, puxando carretas de até 32 toneladas. A Ford decidiu então lançar o Ford F-8500.

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A ideia era oferecer um caminhão moderno, com bom desempenho. O diferencial seria um motor inovador. A Ford estava confiante. A missão do F-8500 era brigar de igual para igual com os gigantes.

O inovador (e complicado) motor 2 tempos do Ford F-8500

A grande aposta da Ford foi o motor Detroit Diesel 6V53. Era um motor diesel de dois tempos. Algo totalmente fora do padrão brasileiro na época. Motores dois tempos eram associados a veículos menores. São conhecidos por serem mais barulhentos e agitados. Eles completam o ciclo de força em apenas uma volta do virabrequim. Isso é metade do tempo de um motor quatro tempos comum. O resultado, em teoria, é mais potência e menos peso.

O 6V53 tinha cerca de 5 litros e mais de 200 cavalos brutos. Gerava 60 kgfm de torque. Podia girar até 2600 rpm, algo muito alto para caminhões da época. Tinha um ronco metálico, agudo e inconfundível. O objetivo era oferecer uma alternativa mais ágil ao motor Mercedes OM 355/5. O F-8500 tinha capacidade de tração de 30 toneladas. Vinha com câmbio Clark de 5 marchas e diferencial de 2 velocidades (totalizando 10 marchas). Os freios eram a ar, padrão avançado para a época. A suspensão era robusta. No papel, parecia competitivo.

Por que o mercado rejeitou o Ford F-8500?

Apesar da proposta inovadora, o Ford F-8500 enfrentou forte rejeição. O Brasil não estava preparado para o motor dois tempos. A Mercedes-Benz já tinha grande confiança do mercado. Possuía ampla rede de assistência, peças fáceis de achar e mecânicos experientes. O motor Detroit Diesel, por outro lado, assustava as oficinas. Faltava conhecimento técnico para a manutenção. Peças eram escassas e caras. Muitos mecânicos evitavam mexer no motor ou cobravam muito caro pelo serviço.

O barulho agudo do motor também incomodava motoristas em longas viagens. Além disso, a inovação não se traduziu em economia clara de combustível. O consumo variava muito, principalmente se o motorista não soubesse operar corretamente o motor dois tempos. Outro ponto negativo era a falta de cabine leito de fábrica. Isso dificultava a vida de quem rodava longas distâncias. O famoso “boca a boca” no meio caminhoneiro foi decisivo. A fama de caminhão problemático, caro e de manutenção difícil se espalhou rapidamente. A dúvida sobre a confiabilidade e a rede de assistência limitada afastaram compradores.

Descontinuação rápida e as trocas de motor

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Diante da baixa aceitação, a Ford decidiu encerrar a produção do Ford F-8500 rapidamente. Lançado por volta de 1977, o modelo saiu de linha em menos de três anos. Foram produzidas apenas cerca de 365 unidades. Um número baixíssimo para um caminhão. O F-8500 praticamente desapareceu das estradas. Muitos foram vendidos já com o motor original trocado. A dificuldade e o custo de manter o Detroit Diesel levaram muitos proprietários a substituí-lo.

Motores mais simples e confiáveis, de quatro tempos, foram adaptados. Perkins, MWM e Cummins eram as escolhas comuns. O encalhe nas concessionárias foi grande. Promoções e ofertas de manutenção gratuita foram tentadas sem sucesso. A Ford aprendeu uma lição dura. Só voltou a competir no segmento de cavalos mecânicos pesados mais de uma década depois, em 1990, com o Cargo 3224. Hoje, encontrar um Ford F-8500 com o motor Detroit Diesel original é extremamente raro. O modelo ficou marcado como um projeto ousado, mas lançado na hora e no lugar errados.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites G, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no [email protected]

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