Expansão solar no Oriente Médio deve superar 140 GW até 2030 e transformar a região em polo industrial estratégico.
O Oriente Médio está rapidamente se consolidando como um novo epicentro da indústria global de energia solar.
De acordo com um relatório recente da consultoria Wood Mackenzie, países da região MENA (Oriente Médio e Norte da África) estão expandindo significativamente sua capacidade de produção de painéis solares, aproveitando tarifas de importação reduzidas nos Estados Unidos e alta demanda doméstica.
A expectativa é que, até 2029, a manufatura de módulos fotovoltaicos alcance 44 gigawatts (GW), com instalações acumulando mais de 140 GW até 2030.
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A movimentação coloca a região como uma forte candidata a substituir o sudeste asiático como principal exportador de módulos solares para o mercado norte-americano, impulsionada por políticas industriais agressivas e incentivos comerciais.
Modelo chinês inspira estrutura produtiva integrada
Em resposta ao crescimento da demanda, a região MENA está adotando um modelo verticalmente integrado de produção de energia solar, inspirado na abordagem bem-sucedida da China.
Esse formato, que abrange toda a cadeia produtiva — das matérias-primas à fabricação final — visa garantir autossuficiência e competitividade.
Segundo a analista sênior da Wood Mackenzie, Yana Hryshko, “a abordagem verticalmente integrada e competitiva, sustentada pela tecnologia mais moderna, separa a região das estratégias mais fragmentadas que temos visto em mercados como os EUA, Índia e sudeste asiático”. A consultoria projeta que, até 2026, a região atinja autossuficiência na produção de painéis solares.
Oriente Médio se torna “paraíso tarifário” para exportação solar
Outro fator determinante para o sucesso da região na energia solar é a vantagem tarifária oferecida pelo mercado dos Estados Unidos. Com apenas 10% de imposto sobre a importação de módulos solares, os países do Oriente Médio superam com folga concorrentes que enfrentam tarifas superiores a 600%.
“Essa vantagem tarifária é um divisor de águas para o Oriente Médio, pois permite oferecer os módulos fotovoltaicos mais competitivos para o mercado dos EUA. Como resultado, a MENA substituirá o sudeste asiático como principal exportador para o país norte-americano, potencialmente remodelando os fluxos de comércio global do setor”, destacou Hryshko.
Parcerias com empresas chinesas impulsionam expansão industrial
Com forte apoio público, a expansão da energia solar no Oriente Médio também está sendo impulsionada por políticas de conteúdo local e alianças estratégicas com companhias chinesas. Estima-se que, até 2028, essas empresas representem 85% da capacidade de produção regional.
A Arábia Saudita lidera a ofensiva, com metas de conteúdo local que preveem saltos de 40%-45% até 2028 e 75% até 2030. Para apoiar esse crescimento, governos da região têm criado zonas econômicas especiais que facilitam operações e reduzem custos logísticos.
“Parcerias com empresas chinesas não trazem apenas capital, mas também expertise e transferência tecnológica. Isso acelerará a ascensão da região no cenário global da indústria solar fotovoltaica”, reforçou Hryshko.
Países do Golfo investem em hubs solares e atraem gigantes globais
Além da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã e Egito também estão na linha de frente da transformação energética. Todos têm adotado medidas para atrair fabricantes internacionais e fomentar hubs industriais solares integrados.
Com políticas públicas agressivas, zonas francas e incentivos fiscais, o Oriente Médio fortalece sua posição como um dos mercados mais promissores para energia solar — não apenas como consumidor, mas como um dos principais produtores globais até o fim da década.