De cidade em declínio a símbolo de renovação: com 4 mil imigrantes de 78 países, Fundão atrai famílias, movimenta a economia e se firma como destino definitivo
No interior de Portugal, um pequeno município se destacou como exemplo de acolhimento e renovação. Com cerca de 27 mil habitantes, o Fundão abriga hoje 4 mil imigrantes vindos de 78 países diferentes. O que antes era uma cidade em declínio populacional se tornou um destino definitivo para muitos que buscam recomeçar.
Cidade atrativa para imigrantes
Na década de 1960, o Fundão tinha 50 mil habitantes. Com o tempo, a população diminuiu quase pela metade. Mas o cenário começou a mudar com a chegada dos imigrantes.
Hoje, é comum ouvir diversos idiomas pelas ruas. Indianos, nepaleses, guineenses, ingleses, ucranianos e brasileiros vivem lado a lado. A comunidade brasileira representa 25% dos imigrantes da cidade.
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A economia também foi impactada. Segundo dados de 2023 do Instituto Nacional de Estatística, o salário médio no Fundão é de 1.186 euros (R$ 7.890). Em comparação, o salário mínimo em Portugal é de 870 euros e o salário médio nacional é de 1.460 euros.
Histórias de quem escolheu ficar
Narion Coelho, de 46 anos, é uma das brasileiras que decidiu recomeçar no Fundão. Vinda de Curitiba em 2021 com o marido e dois filhos, ela conta que tudo começou com uma oferta de trabalho que surgiu por meio de um amigo no Facebook. A empresa agilizou a documentação, e em dois meses a mudança estava feita.
Eles tiveram a opção de ir para Lisboa, Porto ou Fundão. Escolheram a cidade do interior por oferecer qualidade de vida e segurança. “Em Curitiba vivíamos a 600 metros da escola e nem assim o meu filho podia ir a pé, pela insegurança”, relata Narion. “Aqui tudo mudou.”
A adaptação foi rápida. Duas semanas após a chegada, os filhos já estavam matriculados em escolas da cidade. Com documentação e contrato em mãos, a família não enfrentou tantos obstáculos. Por isso, Narion se refere a si mesma como parte dos imigrantes “Nutella”.
Apoio entre imigrantes
Mesmo com menos dificuldades, ela percebeu que muitos recém-chegados se sentem perdidos. Foi assim que nasceu a Associação de Apoio Brazuca e Amigos.
A iniciativa ajuda imigrantes de diferentes nacionalidades com informações sobre documentos, trâmites e serviços locais. “Os trâmites são diferentes dependendo da nacionalidade. Nós sabemos melhor os do Brasil, claro, mas sempre tentamos ajudar todo mundo”, explica.
O espírito de colaboração se estende além da associação. Pessoas de diversas origens se ajudam mutuamente. “É uma corrente do bem”, resume Narion.
Fundão como destino definitivo
A brasileira montou um negócio local, o Empório CWB, onde vende produtos brasileiros. Ela e o marido procuram casa para comprar, sinal de que pretendem permanecer.
O presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, afirma que “cerca de 80% das pessoas que chegam aqui fixam-se no município”. Um exemplo é Daniel Silva, de 34 anos, que veio de Goiânia com toda a família. Hoje, moram todos na aldeia de Alcongosta, onde já vivem mais de 50 brasileiros.
O Fundão já não é mais apenas ponto de agem. Tornou-se o destino final para muitas famílias.
Com informações de BBC.