Pesquisadores descobrem nova espécie de dinossauro carnívoro na Índia. Entenda a importância dessa descoberta para desvendar os grandes mistérios do ado.
Uma nova espécie de dinossauro carnívoro foi identificada na Índia e pode mudar o entendimento sobre a evolução dos terópodes primitivos. Batizada de Maleriraptor kuttyi, a espécie foi descrita por paleontólogos com base em fósseis encontrados na região de Andhra Pradesh, no centro-sul do país. A descoberta foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores e publicada em um importante periódico científico de paleontologia, reforçando a relevância da Índia como um dos territórios-chave na reconstrução da história evolutiva dos dinossauros.
Os fósseis revelaram um dinossauro pequeno, bípede, com características que o posicionam como um elo evolutivo entre os herrerassauros da América do Sul — alguns dos mais antigos dinossauros conhecidos — e espécies mais jovens do grupo dos terópodes, encontrados na América do Norte. Esse achado ajuda a preencher uma lacuna crucial no registro fóssil do período Triássico, fornecendo pistas sobre como esses animais se espalharam pelos continentes durante a fragmentação do supercontinente Gondwana.
Além de reforçar a importância da Índia no cenário paleontológico global, o Maleriraptor kuttyi destaca o papel de novas tecnologias de escavação e análise morfológica para identificar espécies até então desconhecidas. A descoberta também levanta novas questões sobre a migração, diversificação e adaptação dos dinossauros carnívoros nos primeiros capítulos da era Mesozoica.
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Saiba mais sobre a nova descoberta
O animal viveu no planeta há cerca de 220 milhões de anos, durante o período Triássico Superior (Noriano), em uma região que atualmente está correspondendo ao centro-sul da Índia.
b) Mapa das bacias do Gondwana na Índia, com destaque para o vale de Pranhita-Godavari.
c) Mapa geológico detalhado de uma porção do vale de Pranhita-Godavari indicando as localidades-tipo dos dinossauros nomeados da Formação Upper Maleri.
d) Reconstituição do esqueleto de Maleriraptor kuttyi (desenho de M.S.G.) com os ossos conservados representados a cores.
Uma peça fundamental dos predadores, os herrerassauro estão entre os primeiros dinossauros carnívoros já conhecidos, representando uma formação inicial de dinossauros bípedes que variavam de 1,2 6 metros de comprimento.
Até então, seu registro estava , principalmente, a fósseis do Carniano (233-229 milhões de anos atrás) encontrados no Brasil e na Argentina. Segundo o Dr. Martín Ezcurra, Paleontólogo do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia e um dos autores do estudo, os herrerassauros representam a família mais antiga de predadores.
A nova espécie de dinossauro carnívoro na Índia sugere que esse grupo sobreviveu mais tempo do que se pensava e teve uma distribuição mais ampla geograficamente. A espécie foi identificada a partir de fósseis coletados há mais de quatro décadas na Formação Maleri Superior, no Vale Pranchita-Godavari.
Segundo os pesquisadores, naquela época, o clima da Índia era mais parecido com o do Sul da América do Norte do que ao da América do Sul, podendo explicar porque essa espécie de herrerassauro, como o Maleriraptor e outros grupos de répteis eram mais encontrados nessas regiões.
Brasil e Índia possuíam faunas semelhantes há milhões de anos
Os pesquisadores afirmam que a presença de herrerassauro no começo do Noriano da Índia e não na América do Sul pode estar ligada ao clima.
Reconstruções paleoclimáticas indicam que o país asiático tinha temperaturas e precipitações mais parecidas com as do sul da América do Norte. Além disso, a Formação Maleri Superior traz algumas semelhanças com depósitos de fósseis no Brasil, sugerindo que as duas regiões contam com faunas parecidas há cerca de 225 milhões de anos.
Os pesquisadores afirmam que a nova espécie de dinossauro carnívoro na Índia mostra que estes sobreviveram em Gondwana pelo menos até o começo do Noriano, após a extinção dos rincossauros. Isso preenche parcialmente uma lacuna crítica no registro fóssil deste grupo.
Com novas descobertas, os paleontólogos esperam descobrir novas espécies que possam esclarecer como os dinossauros se diversificaram após as extinções do Triássico, pavimentando o caminho para seu domínio no período jurássico.
Vale mencionar que os cientistas utilizaram métodos filogenéticos para localizar esse dinossauro na história evolutiva. Os resultados indicam uma posição chave, ligando linhagens geograficamente diferentes. Essa descoberta preenche uma lacuna temporal entre as faunas carnívoras do Noriano e Carniano. Mostra uma persistência de herrerassauro após o fim dos rincossauros, répteis herbívoros dominantes anteriormente.
Nova espécie de dinossauro também foi descoberto na Mongólia
Além dessa descoberta, pesquisadores encontraram uma nova espécie com garras chamativas em dois dedos, os restos de uma espécie anteriormente desconhecida de dinossauro sugerem que ele se parecia com algo semelhante ao bicho-preguiça. Paleontólogos desenterraram o fóssil no Deserto de Gobi, na Mongólia, e a descoberta é única porque a bainha da garra de um dos dedos ainda está intacta.
Feita de queratina, mesmo material das unhas, esta revela que a garra era muito mais longa que os ossos subjacentes. A paleontóloga Darla Zelenitsky, professora associada da Universidade de Calgary no Canadá e coautora de um estudo sobre a descoberta publicada na revista iScience, este possui quase um pé de tamanho.
Além disso, Darla menciona que esta é, de longe, a maior garra preservada, que conta com essa bainha de queratina. O dinossauro é chamado de Duonychus tsogtbaatari, homenageando o paleontólogo mongol Khishigjav Tsogtbaatar. Vale mencionar que este fazia parte de um grupo de dinossauros de aparência desajeitada conhecidos como terizinosauros, que eram parte da família dos terópodes que inclui o Tyrannosaurus rex. Os terizinosauros, contudo, eram herbívoros ou onívoros, não predadores do topo da cadeia alimentar.