Nova unidade da Petrobras em Paulínia eleva o padrão dos combustíveis nacionais, trazendo inovação tecnológica e impacto ambiental positivo, abrindo caminho para uma matriz energética mais limpa e eficiente, sem perder o foco no atendimento à demanda crescente do Brasil.
A Petrobras deu um o decisivo para a sustentabilidade e modernização da indústria de combustíveis ao inaugurar nesta terça-feira (27) a nova Unidade de Hidrotratamento de Diesel (HDT-D) na Refinaria de Paulínia (Replan), considerada a maior do país.
Com capacidade para produzir até 63 mil barris diários de diesel S-10, o equivalente a 10 milhões de litros, a unidade é capaz de abastecer uma frota de 20 mil ônibus com tanque de 500 litros.
Além disso, a operação amplia a produção de querosene de aviação (QAV) sustentável, marcando uma nova era para o setor, que a a investir em tecnologias que reduzem o impacto ambiental sem comprometer a eficiência energética.
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A Replan, localizada no interior paulista, é responsável por processar cerca de 30% do petróleo nacional, um volume que a torna peça-chave na matriz energética do Brasil.
Segundo a Petrobras, a instalação da nova unidade visa eliminar gradativamente a produção do diesel S-500, que possui maior teor de enxofre, e substituí-lo pelo diesel S-10, mais limpo e menos poluente.
Tecnologia nacional e impacto ambiental
O projeto da unidade foi desenvolvido com tecnologia 100% brasileira, fruto da parceria entre o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) e a equipe de engenharia da Petrobras.
Para obter o diesel S-10, o processo utiliza um forno que atinge temperaturas de até 1.300 graus Celsius e gera 130 toneladas de vapor por dia.
Essa alta temperatura permite a produção de hidrogênio, fundamental para remover contaminantes como o enxofre, principal causador de poluição atmosférica.
De acordo com a Petrobras, essa transformação tecnológica reduz significativamente as emissões de compostos de enxofre, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar e para a saúde pública, além de aumentar a eficiência energética da refinaria.
Além do impacto ambiental, a operação também busca a otimização do consumo de água, reforçando o compromisso da empresa com a sustentabilidade em todas as etapas do processo produtivo.
A operação é conduzida por uma equipe altamente especializada, composta por 506 operadores em sistema de revezamento, garantindo segurança e eficiência contínuas no funcionamento da unidade.
Investimento e ampliação da capacidade
O investimento na construção da unidade de hidrotratamento chegou a US$ 458 milhões, com obras iniciadas em 2022.
Antes da inauguração, a Replan produzia cerca de 24 milhões de litros de diesel por dia.
Com a nova estrutura, a capacidade subiu para 34 milhões de litros diários.
A ampliação inclui também a possibilidade de aumentar a produção de querosene de aviação (QAV), combustível essencial para o setor aéreo, que deve acompanhar a demanda do mercado, cada vez mais preocupado com a sustentabilidade.
A Petrobras projeta que a produção do diesel S-500 será totalmente descontinuada nos próximos anos, consolidando o diesel S-10 como padrão nacional e alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais de combustíveis limpos.
A maior refinaria do país
A Refinaria de Paulínia destaca-se como a maior refinaria da Petrobras e do Brasil em processamento de petróleo, com capacidade para tratar 69 mil metros cúbicos diários — o que equivale a cerca de 434 mil barris ou 69 milhões de litros por dia.
Em comparação, a segunda maior, a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), processa cerca de 40 milhões de litros por dia.
A produção da Replan abastece principalmente o interior do estado de São Paulo, com 55% da distribuição, além de atender outras regiões estratégicas como o sul de Minas Gerais, Triângulo Mineiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre, Goiás, Distrito Federal e Tocantins.
O diesel é o principal produto distribuído pela refinaria, mas a unidade também gera uma variedade de derivados que abastecem diversos setores da economia brasileira.
Entre eles estão a gasolina, o querosene de aviação, o gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha, óleos combustíveis, asfaltos, enxofre — utilizado até na indústria cosmética — e o propeno, matéria-prima na fabricação de plásticos e pneus.
Impactos para o consumidor e para o meio ambiente
Com a substituição progressiva do diesel S-500 pelo S-10, o consumidor final deve perceber a melhoria na qualidade do combustível, que é menos poluente e mais eficiente.
O diesel S-10 tem teor máximo de enxofre de 10 partes por milhão (ppm), muito inferior às 500 ppm do diesel S-500.
Essa mudança impacta diretamente na redução da emissão de gases poluentes, especialmente os óxidos de enxofre (SOx), que contribuem para a chuva ácida e problemas respiratórios em humanos.
A melhoria da qualidade do combustível também favorece a vida útil dos motores, além de diminuir o desgaste ambiental causado pelo transporte rodoviário, que responde por uma grande fatia do consumo de diesel no Brasil.
Novos desafios e o futuro dos combustíveis no Brasil
A Petrobras reforça que essa nova unidade coloca o Brasil em posição de destaque na busca por combustíveis mais limpos e tecnologia de ponta.
No entanto, o desafio de ampliar a produção de combustíveis sustentáveis e de baixa emissão ainda requer investimentos constantes e políticas públicas alinhadas para garantir a transição energética no país.
O setor de transportes, um dos maiores responsáveis por emissões de gases poluentes no Brasil, é diretamente beneficiado por essa inovação tecnológica, que pode servir como modelo para outras refinarias e regiões.
Além disso, a ampliação da produção de querosene de aviação sustentável é fundamental para reduzir a pegada de carbono do setor aéreo, um dos mais desafiadores quando se trata de descarbonização.
Você acha que o Brasil está preparado para acelerar a produção e o consumo de combustíveis mais sustentáveis, como o diesel S-10 e o querosene sustentável?