Entenda os detalhes técnicos do projeto, as empresas pré-qualificadas e os investimentos previstos pela Petrobras até 2029 na Bacia de Campos
Em 1º de abril de 2025, a Petrobras divulgou o edital de licitação para contratação de uma nova unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência (FPSO). A unidade, identificada como FPSO P-88, será instalada no campo de Albacora, na Bacia de Campos, com previsão de operação após 2030. Segundo comunicado da própria companhia, o projeto integra o plano de revitalização de campos maduros com potencial de produção no pré-sal.
Empresas pré-qualificadas participam da concorrência
Conforme divulgado oficialmente pela Petrobras, oito empresas foram pré-qualificadas para disputar o contrato: Modec, Shapoorji Pallonji Oil & Gas, Yinson, MISC, BW Offshore, SBM Offshore, Ocyan e Altera (em parceria com a Ocyan via t venture Altera & Ocyan). A data de abertura das propostas foi inicialmente definida para 1º de outubro de 2025, podendo ser alterada conforme a evolução do processo.
Modelo contratual prevê transferência da unidade após operação inicial
A licitação atual adota o modelo BOT (Build, Operate and Transfer). Nesse formato, a empresa vencedora será responsável por construir a unidade, operá-la por um período determinado e depois transferi-la para a Petrobras. Anteriormente, em 2023, a companhia tentou realizar a contratação por meio de afretamento, mas as negociações não avançaram. O novo modelo busca maior previsibilidade e controle da operação, de acordo com o planejamento estratégico da empresa. O edital também prevê que a empresa vencedora poderá renunciar ao contrato de Albacora caso vença simultaneamente a disputa pelo FPSO de Sergipe Águas Profundas, se não houver capacidade operacional para ambas as unidades.
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FPSO P-88 terá capacidade técnica alinhada às demandas do projeto
Técnicos apresentaram, no edital, dados que indicam que o FPSO P-88 produzirá 120 mil barris de petróleo por dia, terá vida útil projetada de 20 anos e instalarão a unidade em profundidade de 670 metros. A unidade será conectada a até 25 poços, sendo 15 produtores e 10 injetores. O conteúdo local mínimo exigido será de 20%, conforme as regras estabelecidas na Rodada Zero da ANP. A unidade será responsável por processar, estabilizar e separar os fluidos extraídos dos poços, além de tratar e comprimir o gás natural. A embarcação utilizará parte do gás como combustível a bordo e exportará o excedente.
Albacora manterá a infraestrutura ativa do campo e expandirá a área com nova unidade.
O campo de Albacora está localizado a aproximadamente 110 km da costa do Rio de Janeiro. Atualmente, as unidades P-25 (semissubmersível) e P-31 (FPSO) realizam a produção e interligam-se via oleoduto. De acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a nova unidade deverá viabilizar a produção do reservatório Forno, localizado na porção sul do campo, em área de pré-sal. Com isso, a Petrobras amplia o aproveitamento de infraestrutura existente e potencializa reservas já conhecidas.
Investimentos previstos na Bacia de Campos até 2029
Conforme o Plano Estratégico 2024–2028 da Petrobras, publicado em dezembro de 2023, a companhia prevê investir aproximadamente US$ 23 bilhões na Bacia de Campos até 2029. Entre os principais objetivos estão a conexão de cerca de 200 novos poços, a ampliação da produção oriunda do pré-sal com meta de 32% até o final do período e o desenvolvimento de projetos de captura e armazenamento de carbono (CCUS), com início previsto a partir de 2027. Segundo a Petrobras, os projetos em andamento e planejados visam manter a competitividade da bacia e ampliar a produção com menor emissão de carbono.
Atividades exploratórias seguem em paralelo à licitação
Em março de 2025, a Petrobras concluiu a perfuração do poço 1-BRSA-1394-RJS, localizado no bloco Norte de Brava, também na Bacia de Campos. De acordo com o relatório, técnicos submeteram o documento à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e identificaram indícios de hidrocarbonetos. Atualmente, está sendo realizada a perfilagem final para avaliar as condições dos reservatórios. Além disso, a empresa planeja perfurações nos blocos Água Marinha e C-M-477, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a região e identificar novas oportunidades de produção.
A contratação do FPSO P-88 está inserida em um contexto mais amplo de revitalização da Bacia de Campos. Com base em dados e projeções públicas, o projeto busca atender à necessidade de ampliar a produção do pré-sal com maior eficiência. A participação de empresas com histórico no setor e o modelo contratual BOT reforçam a estratégia da Petrobras de buscar mais controle operacional e previsibilidade. Ao seguir critérios técnicos e regulatórios, o processo demonstra alinhamento com as diretrizes ambientais, operacionais e regulatórias previstas nas políticas da ANP e da própria companhia.