Conheça a ponte transportadora F60, uma das maiores máquinas móveis do mundo, seu papel na mineração de carvão na Alemanha e seu impressionante legado industrial.
As pontes transportadoras da série F60 são um expoente da engenharia de máquinas pesadas, projetadas para a mineração de lignito a céu aberto na Lusácia, Alemanha. Construídas pela antiga estatal VEB TAKRAF Lauchhammer, são as maiores máquinas industriais técnicas móveis do mundo, destinadas a remover e transportar o material estéril que cobre os veios de carvão.
Com 502 metros de comprimento, a ponte transportadora F60 ganhou o apelido de “Torre Eiffel Deitada”, superando a altura da famosa estrutura parisiense. Este relatório detalha sua escala, engenharia, história operacional e significado cultural.
Ponte transportadora F60: uma maravilha da engenharia pesada
A ponte transportadora F60 foi concebida para otimizar a extração de lignito (carvão marrom) nos vastos campos da Lusácia. Sua função principal é a remoção eficiente do “estéril”, as camadas de solo e rocha sobre o carvão, um processo vital para a mineração a céu aberto. Este maquinário colossal representa um marco na capacidade de movimentação de terra.
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A comparação com a “Torre Eiffel Deitada” sublinha sua monumentalidade. Com 502 metros de comprimento, a F60 é significativamente mais longa que a altura da torre parisiense (aproximadamente 330 metros), justificando seu apelido icônico e transformando-a em um distintivo marco visual na paisagem alemã.
Dimensões e capacidades
As especificações técnicas da ponte transportadora F60 atestam sua grandiosidade. Além dos 502 metros de comprimento, sua largura varia entre 204 e 241 metros, e a altura pode atingir 80 metros. Em operação, uma F60 pesa 13.600 toneladas métricas, classificando-se como um dos veículos terrestres mais pesados já construídos. A unidade preservada em Lichterfeld, mesmo após desmontagens, pesa 11.000 toneladas.
Apesar da massa, a F60 é móvel, deslocando-se sobre 760 rodas em trilhos, com 380 delas motorizadas, a uma velocidade operacional de 0,54 km/h. Sua potência total instalada, incluindo escavadoras, é de 27.000 kW (27 MW), alimentada externamente. A designação F60 refere-se à sua capacidade de remover uma camada de estéril de até 60 metros de altura, movimentando até 50.000 toneladas por hora com suas duas escavadoras de cadeia de baldes do tipo Es 3750.
A história das cinco gigantes F60: construção, operação e destinos
No total, cinco pontes transportadoras F60 foram construídas pela VEB TAKRAF Lauchhammer entre 1969 e 1991. A TAKRAF, empresa com raízes que remontam a 1725, tornou-se um dos principais fornecedores mundiais de sistemas de mineração. A primeira F60 foi entregue em 1973 para a mina de Welzow-Süd.
Quatro dessas gigantes permaneciam em operação até recentemente nas minas de Jänschwalde, Welzow-Süd, Nochten e Reichwalde, gerenciadas pela empresa LEAG. A longevidade dessas máquinas, operando por décadas em condições severas, atesta a robustez de seu projeto e construção. A mina de Jänschwalde, contudo, iniciou uma transição para recultivação no final de 2023, o que pode alterar o status operacional da F60 local.
O legado da ponte transportadora F60 de Lichterfeld
A quinta ponte transportadora F60, montada em Klettwitz-Nord entre 1988 e 1991, teve uma vida útil curta. Operou por apenas 13 a 15 meses, sendo desativada em junho de 1992 devido a mudanças na política energética alemã após a reunificação. Inicialmente destinada ao sucateamento pela a mineira LMBV, seu destino mudou graças a entusiastas locais.
O município de Lichterfeld-Schacksdorf adquiriu a estrutura em 1998, transformando-a em um projeto central da Exposição Internacional de Construção (IBA) “Fürst-Pückler-Land”. A F60 de Lichterfeld tornou-se uma mina de visitantes em 2002, oferecendo tours e eventos culturais, ao lado do Lago Bergheide, formado na antiga cava da mina. Este é um exemplo de como o patrimônio industrial pode ser reimaginado, gerando impacto positivo na economia local e na identidade cultural da região.
Impacto da mineração e a recultivação pós-F60
A operação da ponte transportadora F60 está ligada ao profundo impacto ambiental da mineração de lignito a céu aberto. Essas operações alteram drasticamente paisagens, destroem ecossistemas e afetam o regime hidrológico regional pelo bombeamento de água subterrânea. Um problema grave é a Drenagem Ácida de Mina (DAM), que pode contaminar rios como o Spree.
A legislação alemã exige extensos trabalhos de recultivação pós-mineração. Na Lusácia, isso inclui reflorestamento, criação de áreas agrícolas e a inundação de cavas para formar lagos, como o Cottb Ostsee e o Lago Bergheide. Esses esforços visam transformar as antigas áreas de mineração em novas paisagens com valor ecológico e recreativo, curando as “cicatrizes” da indústria.