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Por que não existe uma ponte entre Amapá e Brasil continental? O motivo vai te surpreender

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 21/05/2025 às 13:46
Por que não existe uma ponte entre Amapá e Brasil continental? O motivo vai te surpreender
Amapá: o estado do Brasil, abandonado por obras inacabadas e sem conexão por terra com o resto do país, segue sendo um símbolo da desigualdade de infraestrutura

Amapá: o estado do Brasil, abandonado por obras inacabadas e sem conexão por terra com o resto do país, segue sendo um símbolo da desigualdade de infraestrutura

Imagine morar em uma cidade do Brasil e precisar de um avião ou uma balsa de 26 horas para visitar qualquer outro estado. Essa é a realidade de quem vive no Amapá, o estado mais isolado do Brasil. Apesar de pertencer a um dos maiores territórios nacionais, o Amapá segue, até hoje, sem ligação terrestre direta com o restante do país. Por que ainda não existe uma ponte ligando o Amapá ao Brasil continental? E o que impede a construção de uma infraestrutura básica como essa?

Neste artigo, você entenderá todos os fatores geográficos, políticos, ambientais e econômicos que tornam esse isolamento uma barreira quase intransponível, além de descobrir quais projetos já foram iniciados, onde estão parados e quais são as promessas para o futuro.

Um estado brasileiro cercado por rios e floresta: o Amapá é uma ilha continental

Geograficamente, o Amapá é um caso singular. Localizado no extremo norte do Brasil, o estado está circundado por barreiras naturais que dificultam qualquer tentativa de integração terrestre. Ao leste está o imenso Rio Amazonas, ao sul o Rio Jari, ao oeste o Rio Oiapoque e ao norte o Oceano Atlântico. Com 72% de sua superfície coberta por florestas densas, o Amapá tem apenas 20% de território livre de vegetação densa, segundo dados atualizados do IBGE.

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Isso faz com que, diferentemente da maioria dos estados brasileiros, você não possa simplesmente pegar um carro e dirigir até lá. A única ponte em funcionamento conecta o Amapá à Guiana sa, país que também não possui ligação por rodovias com o Suriname, o que impede qualquer rota viável por terra.

O drama da travessia: como chegar ao Amapá

Para quem está em qualquer outra cidade do Brasil e deseja visitar o Amapá com seu veículo, o caminho mais direto é por água. A travessia parte de Belém (PA) e segue em balsa por 26 horas até Macapá, capital do estado. O percurso inclui a travessia da Ilha de Marajó e trechos dos rios da região amazônica. A única alternativa mais rápida é o transporte aéreo.

Há também uma ligação internacional: a ponte binacional Brasil-França, inaugurada em 2017, liga a cidade de Oiapoque à Guiana sa. A obra foi fruto de um acordo entre os então presidentes François Hollande e Dilma Rousseff. Apesar de ser uma conexão simbólica importante, ela está longe de integrar o Amapá com o território nacional.

A ponte que existe, mas não conecta o Brasil

Curiosamente, para entrar na Guiana sa a partir do Amapá, não basta apresentar a CNH brasileira. O país exige um documento internacional e, na prática, muitos brasileiros são barrados, apesar de existir um acordo de reciprocidade entre os dois países. Isso ocorre porque, embora a Guiana seja território francês, as normas de entrada são mais rígidas que em aeroportos da Europa. De acordo com relatos locais, até casos de sequestros de trabalhadores brasileiros por grupos ilegais já foram registrados na fronteira, com resgates realizados pelo Exército Brasileiro.

Um projeto abandonado: a ponte sobre o Rio Jari

única ponte que ligaria o Amapá diretamente ao Pará, sobre o Rio Jari, teve sua construção iniciada em 2002. No entanto, mais de 20 anos depois, apenas 39% da estrutura foi concluída, e o projeto está paralisado há mais de uma década. Com custo inicial de R$ 1 milhão na época, o valor necessário para sua conclusão ultraa hoje R$ 50 milhões, segundo auditorias do Ministério Público Federal.

A obra chegou a ser incluída no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal, o que trouxe alguma esperança de retomada, mas até agora não há movimentações concretas no canteiro de obras.

A BR-156: a estrada que nunca terminou

Outro símbolo do abandono da infraestrutura na região é a rodovia BR-156, que liga o sul do estado ao município de Oiapoque, no norte. A construção da estrada começou em 1932, mas até hoje não foi finalizada. Dos 823 km totais, mais de 100 km seguem sem asfalto, o que torna as viagens longas, perigosas e, em muitos trechos, intransitáveis durante o período de chuvas.

Uma economia sem grandes indústrias, baseadas na mineração onde o ouro representa 38% das exportações estaduais

O isolamento geográfico do Amapá se reflete diretamente em sua economia. O estado depende fortemente do setor primário, com destaque para a extração de ouro, que representa 38% das exportações estaduais, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Castanha-do-pará, madeira, manganês, granito e caulim também estão entre os principais produtos. Já a agricultura se baseia na produção de arroz e mandioca, enquanto a pecuária é dominada por gado bovino e bubalino.

A ausência de grandes centros industriais no estado do Brasil é agravada pela distância dos polos econômicos do Sudeste — a mais de 2.000 km de Macapá —, o que inviabiliza a instalação de fábricas com logística nacional.

Novo pré-sal e esperança na Amazônia Azul: reserva de até 30 bilhões de barris de petróleo promete colocar o Brasil entre os quatro maiores produtores de petróleo do mundo

Apesar das dificuldades, um novo capítulo pode estar surgindo para o Amapá. Uma potencial descoberta de petróleo na chamada Amazônia Azul, área marítima sob domínio brasileiro, pode transformar o estado em um novo polo energético. Estima-se que a reserva contenha até 30 bilhões de barris, o que poderia colocar o Brasil entre os quatro maiores produtores de petróleo do mundo.

A autorização para explorar essa área depende do Ibama, que ainda analisa os riscos ambientais envolvidos, sobretudo pela proximidade com o ecossistema do Rio Amazonas. A nova área foi inspirada pelo sucesso da exploração petrolífera da Guiana, que recentemente surpreendeu o mundo com descobertas bilionárias.

Amapá: o Brasil que ainda não chegou

O Amapá segue sendo um símbolo da desigualdade de infraestrutura entre as regiões do Brasil. Isolado por barreiras naturais, abandonado por obras inacabadas e sem conexão por terra com o restante do país, o estado vive um dilema entre preservação ambiental, desenvolvimento econômico e inclusão territorial.

Enquanto isso, a população amapaense continua sonhando com algo que parece tão básico: uma ponte que os conecte ao resto do Brasil.

E você, já conhecia essa realidade do Amapá? Acredita que o estado finalmente será conectado ao restante do país nos próximos anos? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe esta matéria para que mais pessoas entendam esse desafio invisível no coração da Amazônia.

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Renato Rijo da Costa
Renato Rijo da Costa
22/05/2025 08:43

Esquecido mais tenho certeza que tem políticos do grande escalão mordendo uma grana preta sem fazer nada só gastando e a comunidade se ferrando esse é o Brasil que eles querem me dá vergonha

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com [email protected] para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não enviar currículo.

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