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Por que nos chamamos de brasileiros? Veja a resposta

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/05/2025 às 23:30
Você sabia que "brasileiro" era o nome de uma profissão? Descubra a origem curiosa por trás da palavra que define nossa identidade.
Você sabia que “brasileiro” era o nome de uma profissão? Descubra a origem curiosa por trás da palavra que define nossa identidade.

Muito além da madeira valiosa que deu nome a um país, uma antiga profissão acabou batizando um povo inteiro. Descubra como uma simples atividade comercial colonial moldou o nome e a identidade nacional que carregamos até hoje.

Ao contrário de muitas nacionalidades que seguem um padrão linguístico baseado na origem geográfica, o termo “brasileiro” não surgiu com esse propósito.

A palavra, que hoje representa a identidade nacional de mais de 200 milhões de pessoas, tem raízes em um ofício do período colonial — e não em uma classificação de pertencimento ao território.

O termo “brasileiro” originalmente designava os comerciantes do pau-brasil, a madeira preciosa que marcou o início da exploração portuguesa no território que hoje chamamos de Brasil.

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De acordo com registros históricos, durante o século XVI, os portugueses utilizavam o sufixo “-eiro” para indicar profissões e atividades comerciais.

Assim como o “ferreiro” trabalhava com ferro, o “brasileiro” era aquele que explorava ou vendia o pau-brasil, árvore nativa da Mata Atlântica.

Nome nacional nasceu de uma profissão

Ao contrário do que ocorre com outras nacionalidades — como francês, japonês, português, angolano ou peruano —, o nome “brasileiro” não segue a lógica de origem geográfica, que daria origem a termos como “brasiliano” ou “brasílico”, usados em outras línguas.

O sufixo “-eiro”, comum em português para indicar profissões, acabou se fixando como a designação do povo nascido no Brasil.

Isso ocorreu principalmente a partir do século XVII, quando o termo começou a ser utilizado com mais frequência por cronistas e religiosos.

Um dos principais responsáveis por essa mudança foi o frade e historiador Vicente do Salvador, autor da obra História do Brasil, escrita entre 1627 e 1628.

Ele foi um dos primeiros a empregar o termo “brasileiro” não para identificar os comerciantes da madeira, mas sim para se referir aos indivíduos nascidos no território brasileiro.

Por que não “brasiliano”?

O termo “brasiliano” chegou a ser usado ocasionalmente por estrangeiros, especialmente em línguas como o espanhol (“brasiliano”) ou o italiano (“brasiliano”), seguindo o padrão mais comum entre as nacionalidades.

No entanto, esse termo nunca se popularizou entre os próprios habitantes do Brasil.

Conforme linguistas e historiadores da língua portuguesa explicam, a língua evolui com o uso popular — e foi o povo, com sua repetição oral e escrita, que solidificou “brasileiro” como sinônimo de nacionalidade.

Assim, termos como “brasiliense”, que hoje é utilizado exclusivamente para designar quem nasce em Brasília, não substituíram a forma mais popular e consolidada.

Além disso, o prestígio e a força da cultura oral no Brasil Colônia contribuíram para a fixação desse termo incomum para padrões de nacionalidade.

Com o ar dos séculos, a associação inicial com a exploração do pau-brasil foi se perdendo, e a palavra ganhou novo significado.

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A árvore que nomeou o país

A ligação entre o Brasil e o pau-brasil é tão profunda que o país acabou herdando o nome da árvore — e não o contrário.

O pau-brasil (nome científico Paubrasilia echinata) é uma árvore nativa da Mata Atlântica, de madeira avermelhada e valiosa, muito usada para a produção de tinturas na Europa.

No início do período colonial, o pau-brasil era o principal produto explorado pelos portugueses, o que fez com que a costa do território asse a ser chamada de “Terra do Brasil” ou “Terra do Pau-Brasil”.

O nome acabou consolidado como o do próprio país.

Assim, a sequência foi mais ou menos essa: a árvore deu nome ao território e, posteriormente, os comerciantes da árvore foram chamados de “brasileiros”.

Com o tempo, esse termo ou a identificar o povo que nasceu aqui.

Influência da língua portuguesa

A formação das palavras em português tem raízes no latim, e o sufixo “-eiro” vem do latim “-arius”, que já era utilizado na Antiguidade para designar profissões ou ocupações.

Por isso, em português moderno, temos palavras como padeiro, engenheiro, marinheiro, jardineiro e pedreiro.

Segundo o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, “brasileiro” é uma das poucas nacionalidades em português que fogem da regra e são construídas com esse sufixo.

A maioria, como francês (de França), argentino (da Argentina) e canadense (do Canadá), segue outros modelos de formação.

Curiosidade internacional

Em várias línguas estrangeiras, o nome dado ao povo do Brasil não é “brasileiro”, mas sim uma variação de “brasiliano”.

É o caso do italiano (brasiliano), do espanhol (brasileño ou brasiliano) e do inglês (Brazilian).

Isso mostra que, em nível internacional, o padrão linguístico costuma seguir a origem geográfica do país.

O português brasileiro, por outro lado, criou uma exceção que virou regra — e que carrega uma história muito mais curiosa do que a maioria das pessoas imagina.

Um nome com raízes profundas

O fato de o nome de um povo ter se originado de uma profissão ligada à exploração colonial é um caso raro na história da linguística.

E mais do que isso: é uma lembrança viva das origens econômicas da colonização portuguesa e da importância do pau-brasil nesse processo.

Hoje, o termo “brasileiro” já está completamente dissociado de sua origem profissional, e se tornou símbolo de nacionalidade, identidade cultural e orgulho para milhões.

Mesmo assim, conhecer a trajetória dessa palavra nos permite entender como a língua é moldada por interesses econômicos, históricos e sociais, e como expressões do dia a dia carregam séculos de história em poucas sílabas.

E você, já sabia que o nome “brasileiro” tinha raízes em uma profissão colonial? Conhece outras palavras do cotidiano que mudaram de significado ao longo do tempo? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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