Em um treinamento conjunto entre o Exército Brasileiro e as Forças Armadas dos EUA, a tecnologia de Elon Musk será utilizada para aprimorar as comunicações via satélite em um cenário desafiador da Caatinga.
O Exército Brasileiro vai investir R$ 179 mil em serviços da Starlink, empresa do bilionário Elon Musk, como parte de um treinamento militar conjunto com as Forças Armadas dos Estados Unidos, programado para ocorrer no sertão de Pernambuco em novembro de 2025.
De acordo com o site Poder 360, o treinamento, denominado CORE25 (sigla para Combined Operations and Rotation Exercise), acontecerá nas cidades de Petrolina e Lagoa Grande, localizadas no coração da Caatinga.
A iniciativa faz parte de um esforço de modernização tecnológica das comunicações do Exército em ambientes adversos e de difícil o.
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O valor integra uma licitação maior, de R$ 993 mil, voltada à aquisição de equipamentos de comunicação e transmissão de dados.
Entre os itens contemplados, está a contratação do serviço de internet via satélite de alta performance, fornecido por meio da constelação de satélites da Starlink, operando em órbita terrestre baixa (LEO).
Tecnologia de ponta para comunicação em campo
O objetivo central da operação é aprimorar a eficiência e a interoperabilidade das tropas brasileiras e norte-americanas em simulações de combate e missões estratégicas.
O uso de comunicação por satélite é considerado fundamental para garantir a troca de dados e comandos em tempo real, mesmo em regiões onde não há cobertura de internet convencional.
De acordo com os termos da licitação, divulgados pelo portal Metrópoles, a contratação prevê serviços de telecomunicação que ofereçam conectividade via satélite banda larga para uso itinerante, com e técnico e manutenção por um período de 12 meses.
O sistema escolhido deverá permitir transmissões simultâneas de voz e dados, com velocidade mínima de 464 kbps, além de ser portátil, resistente e eficaz em ambientes extremos.
Como modelo de referência, foi citado o BGAN Explorer 510, equipamento projetado especificamente para áreas remotas, com estrutura em magnésio, resistente à poeira, água e calor intenso.
CORE25: uma parceria estratégica com os EUA
O exercício CORE25 representa mais um capítulo da cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos na área de defesa e segurança.
A iniciativa busca fortalecer a interoperabilidade entre as tropas e testar equipamentos de última geração em um cenário realista de operações combinadas.
O bioma da Caatinga foi escolhido por suas características desafiadoras, como o clima seco, terrenos acidentados e cobertura vegetal escassa — um ambiente ideal para testar a adaptabilidade dos sistemas de comunicação.
Essa região é, inclusive, palco frequente de treinamentos militares no Brasil por simular condições de guerra em áreas áridas e remotas.
Além do uso da tecnologia da Starlink, o CORE25 contará com dois sistemas de comunicação capazes de coletar dados por até cinco canais simultaneamente, com total sincronização via satélite.
Elon Musk e o envolvimento com o setor público
Além de ser o CEO da SpaceX — empresa-mãe da Starlink — Elon Musk tem ampliado sua atuação em áreas ligadas a governos e defesa.
Em 2024, o empresário assumiu um novo papel ao liderar o chamado DOGE (Departamento de Eficiência Governamental, na sigla em inglês), criado pelo governo dos Estados Unidos com o intuito de revisar gastos públicos e combater fraudes, abusos e desperdícios.
A presença da Starlink em contratos com governos vem crescendo nos últimos anos.
Além do Brasil, países como Ucrânia, Estados Unidos, Polônia e Japão também vêm utilizando a tecnologia da empresa em contextos militares, emergenciais ou em regiões de conflito e isolamento.
Em 2022, por exemplo, a Starlink ganhou destaque global ao fornecer internet via satélite à Ucrânia durante os primeiros meses da invasão russa, o que garantiu conectividade a tropas e civis em áreas devastadas pela guerra.
Críticas e preocupações com a dependência tecnológica
Apesar do avanço tecnológico representado pela Starlink, especialistas em defesa alertam para os riscos de dependência de empresas estrangeiras para serviços estratégicos de comunicação.
A preocupação se intensifica em países como o Brasil, que ainda não possuem infraestrutura própria robusta de internet via satélite para uso militar.
Segundo analistas da área, embora a Starlink ofereça soluções eficazes e de alta velocidade, a soberania digital pode ser comprometida quando dados sensíveis são transmitidos por redes controladas por empresas de fora.
Esse debate já ocorre em fóruns internacionais, principalmente entre nações que buscam alternativas próprias, como China, Rússia e Índia.
No Brasil, há também iniciativas para desenvolver e lançar satélites geoestacionários próprios.
Em 2017, foi colocado em órbita o SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas), operado pela Telebras em parceria com o Ministério da Defesa, mas sua utilização ainda não cobre todas as necessidades das Forças Armadas, especialmente em operações itinerantes e de curto prazo.
Investimentos em inovação e treinamento
A contratação da Starlink reflete a crescente busca do Exército Brasileiro por inovação e adaptação tecnológica.
Ao optar por uma solução de conectividade moderna e de alto desempenho, a corporação demonstra alinhamento com práticas já adotadas por outras nações em seus treinamentos e missões.
Conforme dados do próprio Ministério da Defesa, há uma tendência crescente de investimentos em tecnologia de ponta para otimizar treinamentos, reduzir riscos operacionais e acelerar a resposta das tropas em cenários hostis.
A expectativa é que, durante o CORE25, os resultados obtidos com a aplicação da internet via satélite sirvam de base para novas estratégias de modernização da infraestrutura militar brasileira.
O futuro da conectividade militar
A crescente presença de empresas privadas no setor de defesa tem provocado uma mudança no modo como governos enxergam a tecnologia.
O caso do Brasil com a Starlink é apenas um exemplo de como a colaboração entre Estados e gigantes da tecnologia pode redesenhar os caminhos da segurança nacional.
Em meio a essa transformação, permanece a dúvida: até que ponto é possível confiar que interesses comerciais e soberania nacional caminhem lado a lado?
Você acredita que o Brasil deveria investir mais em soluções próprias de comunicação militar ou continuar recorrendo à tecnologia estrangeira de ponta? Comente abaixo e participe da discussão!