Os novos valores de pedágio para as BR-324 e BR-116 podem surpreender usuários e transportadores com aumentos expressivos, enquanto as propostas de melhorias trazem impactos econômicos e sociais que poucos esperavam.
Motoristas e transportadores podem se preparar para um aumento significativo nas tarifas dos pedágios das rodovias BR-324 e BR-116.
De acordo com a Associação Nacional de Usuários de Transporte de Cargas (ANUTC), os valores cobrados podem chegar a ser até seis vezes maiores do que os atuais assim que uma nova empresa assumir a concessão dessas vias, que antes estavam sob gestão da ViaBahia.
Essa análise, apresentada pelo presidente da ANUTC, Luiz Henrique Baldez, considera fatores fundamentais para justificar a alta, como a rentabilidade do negócio, os investimentos previstos e os custos de manutenção das rodovias.
-
Novo projeto de lei no Código Civil pode deixar cônjuge sem herança e impactar famílias em todo o Brasil
-
Imagens de satélite revelam geoglifos de 2.000 anos sob a floresta, quem as construiu e para quê?
-
Eles Invadiram um Porta-Aviões abandonado e Encontraram um caça soviético intacto: uma Aventura no poderoso e esquecido Minsk
-
Os 5 países mais fáceis para brasileiros emigrarem legalmente: menos burocracia, mais oportunidades
Segundo Baldez, o impacto no bolso dos caminhoneiros será direto e expressivo, com tarifas que podem variar entre quatro a seis vezes o valor hoje praticado.
“O pedágio vai atingir um nível muito elevado, podendo chegar a representar cerca de 20% do custo do frete, o que inevitavelmente vai encarecer o transporte de mercadorias e, consequentemente, os produtos que chegam à população”, explica o presidente da associação.
Além disso, a nova concessão inclui uma série de obras e melhorias que justificam, segundo a análise da ANUTC, o aumento dos valores cobrados.
Estão previstos a construção de novas praças de pedágio, duplicação de um trecho extenso de 356 quilômetros, construção de 50 arelas para pedestres e mais de 200 pontos de ônibus.
Porém, Luiz Henrique Baldez destaca que o peso dos investimentos está concentrado nos primeiros dez anos da concessão e que a rentabilidade exigida pela empresa deve ser de 13%, um percentual que ele considera elevado para o setor.
“Os custos de manutenção e operação deveriam pesar mais no cálculo das tarifas do que os investimentos em si. Na proposta atual, 50% do valor da tarifa está associado aos investimentos iniciais, o que eleva muito os valores finais”, pondera.
Até o momento, as tarifas da ViaBahia para caminhões variavam entre R$ 7 e R$ 54,90, dependendo do tamanho do veículo.
Com o fim da concessão, os motoristas estão isentos de pagamento desde 15 de maio, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ou a istrar as rodovias.
Para discutir o futuro das concessões, foram realizadas sete audiências públicas entre as cidades de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e na própria Bahia.
Luiz Henrique Baldez reforça a relevância dessas rodovias no cenário nacional.
“Estamos falando da principal via de o à capital baiana e uma das principais ligações com o Sudeste do país, por onde circula um enorme volume de cargas. Um aumento expressivo nos pedágios vai encarecer muito o transporte, afetando toda a cadeia produtiva”, alerta o presidente da ANUTC.
O que diz a ANTT sobre os investimentos e impactos econômicos
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pelas audiências públicas e pelo projeto da nova concessão, oferece uma perspectiva diferente.
De acordo com Stéphane Quebaud, gerente de Estudos e Projetos de Rodovias da ANTT, a concessão tem como objetivo melhorar significativamente a infraestrutura e eficiência logística da região.
“Com a nova concessão, esperamos reduzir o tempo de viagem e os custos operacionais para os transportadores, além de aumentar a segurança nas rodovias”, afirma Quebaud.
O projeto prevê investimentos totais na ordem de R$ 15,7 bilhões em capital (capex) e R$ 8 bilhões em despesas operacionais (opex).
O cronograma inicial prevê intervenções emergenciais, como recuperação do pavimento danificado, reforço na sinalização e melhorias na segurança viária.
Posteriormente, está prevista a recuperação completa das vias, restaurando as condições originais da malha rodoviária.
Outro ponto destacado pela ANTT é o potencial de geração de emprego e desenvolvimento econômico.
Segundo o órgão, a concessão deve criar cerca de 228 mil empregos diretos, indiretos e por efeito renda nos 27 municípios cortados pelas rodovias, estimulando a economia regional.
Os desafios para os usuários e o impacto social
Além do aumento do pedágio, os motoristas enfrentam o desafio do equilíbrio entre custos e qualidade das rodovias.
A qualidade da malha rodoviária é essencial para a segurança e eficiência do transporte, mas os valores cobrados não podem se tornar um entrave para o desenvolvimento econômico e social.
Especialistas afirmam que um pedágio muito elevado pode aumentar o preço dos alimentos e produtos industrializados, afetando diretamente o consumidor final.
Isso porque o custo do frete se torna um dos principais componentes do valor final das mercadorias.
Outro fator importante está relacionado à competitividade do setor produtivo.
Se o custo do transporte se elevar muito, empresas podem optar por rotas alternativas, que muitas vezes são mais longas e menos seguras, ou até reduzir investimentos na região, comprometendo o desenvolvimento local.
Cenário atual e o futuro das concessões rodoviárias no Brasil
O debate sobre concessões de rodovias no Brasil é antigo e complexo.
Muitos especialistas defendem que as concessões privadas podem trazer melhorias na infraestrutura e serviços, mas o preço justo para o usuário deve ser sempre o foco principal.
Com a nova proposta para as BRs 324 e 116, fica claro que o equilíbrio entre investimento e tarifa ainda é um desafio que exige transparência e diálogo com a sociedade.
O cenário nacional também aponta para um aumento gradual nos custos de transporte, com impacto direto na inflação e na economia.
Para o governo, é fundamental garantir que os contratos de concessão considerem os interesses dos usuários e promovam o desenvolvimento sustentável das regiões atendidas.
Enquanto isso, os motoristas de carga e usuários comuns dessas importantes rodovias acompanham atentos as discussões que definirão os próximos anos das estradas.