Construído para ar ataques com mísseis e avaliado em US$ 214 milhões, o luxuoso One Hyde Park, em Londres, hoje enfrenta o abandono em plena região mais cara da cidade.
Em uma das esquinas mais nobres de Londres, diante do icônico Hyde Park, ergue-se um colosso de vidro e concreto blindado que simboliza tanto o auge da arquitetura de luxo quanto o colapso social das grandes metrópoles globais. O One Hyde Park, famoso por ser o prédio de luxo à prova de mísseis mais caro do Reino Unido, custou até US$ 214 milhões por unidade — mas hoje, parte significativa dos seus apartamentos permanece vazia.
Projetado para abrigar os indivíduos mais ricos e influentes do mundo, o edifício impressiona não apenas por seu acabamento impecável, mas por um nível de segurança militarizada que o torna virtualmente impenetrável. Ainda assim, mais de uma década após sua inauguração, o One Hyde Park se transformou em um símbolo silencioso do paradoxo urbano: extremo luxo em meio a ruas quase desertas.
O prédio mais seguro (e mais caro) já construído em Londres – One Hyde Park, o prédio à prova de mísseis
O One Hyde Park foi inaugurado em 2011 com a promessa de ser o endereço mais exclusivo do planeta. Localizado em Knightsbridge, uma das regiões mais sofisticadas da capital britânica, o edifício foi idealizado pelos irmãos Nick e Christian Candy, magnatas do setor imobiliário britânico, e financiado por um fundo controlado pelo ex-primeiro-ministro do Catar, Sheikh Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani.
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A proposta era clara: criar o prédio residencial mais seguro e luxuoso do mundo, combinando engenharia de ponta, localização nobre e uma estética arquitetônica contemporânea. Para isso, não se poupou em nada. O projeto foi assinado pelo renomado escritório Rogers Stirk Harbour + Partners e cada centímetro quadrado do prédio foi pensado para impressionar — e proteger.
Blindado contra ataques: o prédio à prova de mísseis
Não é à toa que o One Hyde Park ficou conhecido como o prédio à prova de mísseis. Seu sistema de segurança é considerado o mais avançado já implementado em uma estrutura residencial no mundo:
- Vidros à prova de balas com múltiplas camadas de proteção
- Salas de pânico blindadas, com comunicação independente e suprimentos
- Sistema de filtragem de ar contra ataques químicos e biológicos
- Equipe de segurança treinada por forças especiais britânicas (SAS)
- Câmeras de vigilância 24h com reconhecimento facial
- Elevadores com autenticação biométrica
Além disso, o edifício conta com os subterrâneos secretos, permitindo a entrada e saída de moradores de forma totalmente anônima, protegendo celebridades, bilionários e chefes de Estado de qualquer ameaça externa.
Apartamentos de até US$ 214 milhões: o topo do mercado imobiliário global
O valor das unidades à venda no One Hyde Park ultraou qualquer parâmetro anterior no mercado imobiliário de luxo. Segundo registros oficiais, o apartamento mais caro do edifício foi vendido por impressionantes US$ 214 milhões.
A metragem dessas unidades ultraa 1.500 m², com suítes múltiplas, piscinas internas, spa privativo, adegas climatizadas e vista panorâmica para o Hyde Park.
Todas as residências são integradas ao serviço cinco estrelas do hotel Mandarin Oriental, localizado ao lado, garantindo aos moradores comodidades como:
- Serviço de quarto 24 horas
- Spa e academia privativos
- Limpeza, concierge e segurança personalizada
- Heliponto a disposição com agendamento exclusivo
Mas por que tantos apartamentos estão vazios?
Apesar de todo esse luxo extremo, mais da metade das unidades do One Hyde Park segue desocupada. Uma investigação conduzida por órgãos de planejamento urbano e reportagens da BBC e The Guardian apontaram que muitos dos imóveis são usados como ativos financeiros, e não como residências. Bilionários de diversos países compraram os apartamentos como forma de proteger patrimônio — sem nunca sequer visitá-los.
A ausência de moradores gerou um efeito curioso: apesar do valor astronômico de cada apartamento, o prédio permanece, em grande parte, às escuras, sem movimento, sem barulho, sem vida. Tornou-se uma espécie de “prédio fantasma” de luxo — termo usado por urbanistas britânicos para descrever condomínios de altíssimo padrão que estão vazios, mesmo em regiões com déficit habitacional severo.
A “cidade fantasma dos bilionários”
O One Hyde Park tornou-se o ícone maior de um fenômeno que especialistas chamam de “gentrificação fantasma“. Segundo o relatório “Luxury Empty Homes” do Bureau of Investigative Journalism, Knightsbridge, Chelsea e Mayfair acumulam milhares de imóveis de alto padrão desocupados, o que colabora para o aumento de preços e o esvaziamento das comunidades locais.
Moradores antigos foram expulsos pela valorização dos imóveis, enquanto os novos donos nunca ocuparam as residências. O resultado: ruas silenciosas, comércio em decadência e sensação de abandono no coração de uma das cidades mais caras e populosas do planeta.
Impacto político e urbanístico
A prefeitura de Londres já tentou implementar medidas para reduzir o número de imóveis vazios, como a cobrança de impostos mais altos para propriedades desocupadas. No entanto, a influência política e financeira dos donos do One Hyde Park tem dificultado ações mais incisivas.
O tema se tornou pauta de debates no Parlamento britânico, levantando questões sobre o papel do capital internacional no mercado imobiliário local e os efeitos sociais da elitização extrema de certas áreas.
Estrutura interna: luxo funcional em todos os detalhes
Mesmo com os problemas urbanos gerados, o interior do One Hyde Park continua sendo referência em arquitetura de alto padrão. Os apartamentos contam com:
- Automação residencial total (controle de luzes, cortinas, climatização, segurança, som e vídeo)
- Materiais nobres como mármore italiano, madeiras raras e metais escovados
- Tecnologia antichamas e antissísmica embutida na estrutura
- Janelas blindadas com isolamento acústico de nível militar
A área comum inclui piscina olímpica aquecida, saunas, salas de massagem, cinema privado com 18 lugares e salões de recepção com obras de arte originais.
Viver no One Hyde Park: segurança, anonimato e prestígio
Para quem realmente vive no One Hyde Park, o maior benefício não é apenas o conforto, mas a discrição absoluta. Os moradores contam com entradas privativas, corredores blindados, escadas exclusivas e atendimento personalizado que respeita o anonimato de cada um.
Além disso, a proximidade com embaixadas, lojas de grife e centros de negócios torna a localização estratégica para diplomatas, bilionários e investidores internacionais. A presença constante de segurança armada e protocolos de evacuação em caso de ataque reforçam a sensação de invulnerabilidade.
Um monumento ao excesso — e à desigualdade urbana
Críticos urbanos e sociólogos apontam o One Hyde Park como símbolo máximo do excesso financeiro em tempos de desigualdade social crescente. Enquanto o prédio abriga unidades que superam R$ 1 bilhão em valor, Londres enfrenta uma grave crise de moradia, com milhares de pessoas vivendo em abrigos temporários ou nas ruas.
O contraste entre o luxo absoluto do One Hyde Park e a dura realidade da periferia londrina alimenta debates sobre justiça urbana, uso do solo e função social da propriedade — temas cada vez mais sensíveis em grandes centros globais.
O futuro do prédio mais caro do Reino Unido
Apesar das críticas, o One Hyde Park mantém sua posição como um dos endereços mais caros e seguros do planeta. Ainda que muitos apartamentos estejam desocupados, o valor de revenda permanece alto, e a marca do prédio continua sendo sinônimo de poder silencioso.
Contudo, a pressão pública sobre imóveis vazios e a mudança nos padrões de consumo imobiliário entre as novas gerações podem, no longo prazo, transformar esse cenário. Especialistas apontam que a valorização de imóveis com vida ativa, comércio próximo e interação comunitária pode reduzir o apelo de projetos como o One Hyde Park no futuro.