Anúncio da montadora sobre início da fabricação em junho surpreende sindicato dos metalúrgicos da Bahia
A declaração da vice-presidente global da BYD sobre o início da produção de veículos em junho, na fábrica de Camaçari (BA), gerou tensão entre trabalhadores e sindicalistas. O Sindicato dos Metalúrgicos afirma não ter recebido nenhum comunicado oficial da empresa e teme que a unidade funcione apenas como centro logístico, sem geração expressiva de empregos industriais.
BYD anuncia produção para junho, mas sem detalhamento interno
Durante recente evento, Stella Li, vice-presidente global da montadora chinesa BYD, afirmou que a produção de carros na nova planta de Camaçari, na Bahia, deve começar já em junho deste ano. No entanto, segundo apuração do AutoEsporte, a informação não foi previamente compartilhada com o Sindicato dos Metalúrgicos local, o que acendeu um alerta entre os trabalhadores.
Representantes do sindicato declararam que não houve qualquer diálogo formal da empresa com a categoria até o momento, e criticaram a ausência de transparência no processo. A entidade teme que a estrutura montada não contemple etapas completas de fabricação, como estamparia e soldagem.
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Sindicato questiona modelo de operação da BYD no Brasil
Uma das principais preocupações levantadas pelo sindicato é o risco da planta atuar apenas como um centro de montagem de kits (CKD), ou até mesmo como base logística para veículos prontos vindos da China. A BYD, que já opera com quatro navios próprios com capacidade para transportar até 28 mil carros por viagem, deve ampliar essa frota para oito embarcações até 2026, chegando a 58 mil veículos por viagem.
Essa logística robusta levantou dúvidas sobre o real interesse da montadora em consolidar uma cadeia produtiva nacional. O sindicato defende que a produção local é essencial para a geração de empregos de qualidade e desenvolvimento da indústria automotiva brasileira.
Pressão por clareza e compromisso com o desenvolvimento regional
A expectativa inicial, tanto do poder público quanto da sociedade local, era de que a chegada da BYD a Camaçari significaria a substituição da antiga operação da Ford por uma nova era da indústria automotiva na região. Contudo, o silêncio da empresa quanto à real estrutura da produção e à quantidade de postos de trabalho efetivos reforça a necessidade de um posicionamento mais claro.
Em declarações à imprensa, o sindicato pediu que a BYD dialogue abertamente com os trabalhadores e apresente um plano detalhado das etapas produtivas, prazos e compromissos sociais. A falta de comunicação pode comprometer não apenas a relação com os colaboradores, mas também a confiança da população no projeto.
Crescimento da BYD no país exige maior alinhamento institucional
A BYD vem expandindo sua presença no mercado brasileiro de forma acelerada, com lançamentos relevantes no setor de veículos elétricos e híbridos. No entanto, para manter esse crescimento sustentável e alinhado às expectativas do país, especialistas apontam a importância de práticas transparentes e de investimento efetivo na industrialização local.
O caso da fábrica em Camaçari ilustra os desafios que envolvem a instalação de grandes empresas estrangeiras no Brasil, especialmente quando há promessas de desenvolvimento regional e geração de empregos. O setor automotivo nacional acompanha de perto os próximos os da BYD.