Tecnologia criada por cientistas da Universidade Rice purifica água salgada usando calor solar e funciona mesmo sem luz, sem filtros e sem baterias.
Cientistas dos Estados Unidos criaram um purificador solar de água que continua funcionando mesmo após o pôr do sol.
A inovação, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Rice, no Texas, pode representar uma revolução no o à água potável em regiões remotas ou com pouca infraestrutura.
O sistema opera de forma descentralizada e não depende de filtros, baterias ou unidades externas de armazenamento.
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Isso o torna mais simples, mais resistente e mais econômico do que os métodos tradicionais de dessalinização usados atualmente.
Purificador funciona sem sol e sem filtros
A nova tecnologia recebeu o nome de STREED, sigla em inglês para Dessalinização por Troca de Energia Solar Térmica Ressonante.
O principal diferencial do projeto é a capacidade de continuar funcionando mesmo em condições nubladas ou durante a noite.
Enquanto a maioria dos sistemas de dessalinização depende da luz direta do sol ou de grandes fontes de energia elétrica, o STREED recicla o calor de forma inteligente.
O sistema consegue manter o processo de purificação ativo mesmo após o fim da exposição solar.
Para isso, os cientistas usaram um princípio da física conhecido como troca de energia ressonante. Essa técnica, inspirada no comportamento de pêndulos e circuitos elétricos, foi adaptada para manipular o fluxo de calor.
Com isso, a energia térmica flui entre dois canais: um com água salgada aquecida e outro com ar. Esse movimento contínuo e oscilante do calor mantém o funcionamento do sistema de forma eficiente, mesmo sem luz.
Sistema não usa membranas nem osmose reversa
A maioria das tecnologias atuais de dessalinização utiliza um método chamado osmose reversa, que exige grandes quantidades de energia e uso de membranas frágeis. Além disso, esse tipo de sistema costuma apresentar problemas quando precisa processar água com alta salinidade.
No novo modelo, não há membranas nem filtros. Em vez disso, os cientistas criaram uma estrutura com dois canais simples. No primeiro, a água salgada é aquecida. No segundo, circula o ar. À medida que a água evapora, o vapor se move para o canal de ar, onde se condensa e se transforma em água potável.
Segundo os pesquisadores, esse processo evita a formação de incrustações e reduz a necessidade de manutenção. Os sais e outros contaminantes ficam retidos, e o sistema segue operando sem desgaste significativo.
Proposta atende comunidades isoladas
O objetivo principal do projeto é oferecer uma solução realista para comunidades afastadas que enfrentam dificuldade no o à água potável.
William Schmid, doutorando em engenharia elétrica e de computação na Rice University e autor principal do estudo, afirmou que a proposta é criar um sistema modular, fácil de instalar e que possa funcionar fora da rede elétrica.
“Queríamos nos concentrar em sistemas de dessalinização descentralizados e modulares”, explicou Schmid.
Isso significa que a tecnologia pode ser usada em locais remotos, sem depender de grandes estruturas ou instalações complexas.
Resultados promissores em testes
Os primeiros testes com protótipos foram realizados em San Marcos, no Texas. O sistema conseguiu produzir até 0,75 litro de água potável por hora.
Além disso, simulações realizadas em outras cidades dos Estados Unidos, como Portland e Albuquerque, mostraram uma eficiência de recuperação de água 77% maior que a de sistemas estáticos.
O desempenho positivo também foi observado em ambientes com pouca luz solar. Isso mostra que o STREED não depende de intensa exposição ao sol para continuar funcionando, o que amplia suas possibilidades de uso.
Tecnologia pode ser ível e escalável
A equipe também teve o cuidado de usar materiais simples e resistentes. Isso facilita a fabricação em larga escala e torna o equipamento mais ível para comunidades com poucos recursos.
Segundo Alessandro Alabastri, professor assistente da universidade e autor correspondente do estudo, o foco é viabilizar o uso da tecnologia em larga escala. “Usamos intencionalmente materiais duráveis e de baixa manutenção para tornar o sistema facilmente escalável e ível”, afirmou ele em comunicado oficial.
Estudo publicado em revista científica
A pesquisa foi publicada na revista Nature Water e contou com apoio da National Science Foundation, do Departamento de Energia dos EUA e do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do México.
Segundo os autores, a invenção pode abrir caminho para soluções mais sustentáveis e seguras no setor hídrico.
O avanço pode ser decisivo para regiões que sofrem com a escassez de água potável ou dependem de infraestrutura limitada.