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Moradores do Reino Unido estão com dezenas de apartamentos ociosos e barcos como moradia: devido ao alto preço de imóveis, britânicos adotam barcos como casas.
Diante da escalada dos preços dos imóveis no Reino Unido, milhares de pessoas estão buscando alternativas criativas para viver com dignidade e liberdade. Em vez de casas tradicionais, conjuntos habitacionais ou apartamentos, um número crescente de britânicos está optando por uma forma inusitada — mas cada vez mais popular — de moradia: viver em barcos atracados em canais e rios. Sem vizinhos convencionais nem endereços fixos, essas residências flutuantes representam uma resposta prática à crise imobiliária que atinge cidades como Londres, Manchester e Birmingham, onde o custo da habitação tornou-se inível para muitas famílias.
Esse estilo de vida, que mistura simplicidade, mobilidade e contato direto com a natureza, atrai tanto jovens em busca de independência quanto aposentados que desejam reduzir despesas e viver de forma mais sustentável. Ao adotar barcos como casas, esses moradores trocam o asfalto pelas águas calmas dos canais britânicos, alguns deles com mais de dois séculos de história.
Hoje vamos entender o que leva tantas pessoas a transformarem embarcações em seus lares, como funciona essa alternativa de moradia e quais são os desafios e vantagens desse modo de vida no Reino Unido atual.
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Mais de 35 mil embarcações licenciadas para operar no Reino Unido
Os britânicos adotam barcos como casas e embora não sejam baratos e tenham os seus próprios custos, ainda são mais íveis do que apartamentos em grandes cidades. Mesmo que pareça romântico, esse é o estilo de vida que milhares de britânicos que residem em barcos optaram e há dados que sugerem que seu número aumentou nos últimos anos.
Há alguns meses, a revista The Economist publicou um artigo no qual lembra que o último censo do Canal and Rivers Trust (CRT) mostra que havia 35.000 embarcações licenciadas para atuar em 3,2 km de hidrovias espalhadas pela Inglaterra e país de Gales em 2022, tendo um terço a mais do que nas últimas duas décadas.
Inclusive, em Londres, onde esses navegadores entre 25 e 34 anos ganham destaque, seu número quase dobrou em questão de 10 anos. A reportagem não especifica quantos desses barcos são utilizados como residência principal, mas sugere que, provavelmente, é uma boa parte.
Em 2021, o The Guardian apontou que pesquisas do Canal and Rivers Trust mostram que, pelo menos na época, a proporção de britânicos usando barcos como moradia era de cerca de 25% ao nível nacional, apesar da porcentagem ter sido maior em Londres.
Entenda porque britânicos estão adotando barcos como casas no Reino Unido
Apesar dos números variarem a depender da fonte consultada, eles sempre apontam para o mesmo rumo. Embora os britânicos que decidiram trocar suas casas e apartamentos tradicionais por barcos ainda representam uma minoria, em fevereiro a Sky News estimou esse número em cerca de 15 mil, e crescendo.
Já informações do Boats.com, afirmam que o número seria ainda maior e seus dados estimam o senso de residentes permanentes em barcos atracados nos rios, litorais e canais do Reino Unido em cerca de 30 mil.
Para aqueles que estão se perguntando o porquê, analistas respondem a essa pergunta com várias soluções, mas há uma que se repete com frequência: o preço. Uma barca estreita e bem conservada para navegar pelas hidrovias do país pode custar cerca de £ 50 mil, o equivalente a R$ 375,2 mil.
É um valor considerável, mas é claro que há outros mais baratos, contudo, está longe do que custa, em média, um apartamento nas metrópoles do país. Segundo dados oficiais, em janeiro, o preço médio de uma residência no país era cerca de £ 268,5 mil , o equivalente a R$ 2 milhões.
Se falarmos de Londres, esse valor sobe para quase 600 mil libras, ou cerca de R$ 4,5 milhões, por uma casa de um quarto, O que torna a capital britânica uma das cidades mais caras do mundo para se tornar proprietário de uma residência, com base nas informações do Global Property Guide.
Entenda porque é mais barato usar barcos como moradia
Se compararmos o custo de adquirir um barco com o de comprar um apartamento em Londres, a embarcação sai mais barato. Contudo, não significa que trocar ruas, conjuntos habitacionais e quarteirões por canais esteja ao alcance de todos. Primeiro, porque seus proprietários pagam por licença de navegação. Segundo, porque um barco acarreta algumas despesas.
Recentemente, a dona de um barco no Reino Unido confessou à Sky News que gasta cerca de 4,5 mil libras anuais em contas, incluindo o seguro, carvão, botijões, combustível e licença de navegação. Aqueles que querem manter sua “casa” em boas condições a cada 3 ou 4 anos, também devem desembolsar para a pintura do casco, algo que custa cerca de 1,2 mil libras.
Apesar do financeiro ser um fator-chave, este não é o único que explica porque britânicos adotam barcos como casas. Outros fatores entram em campo, como a influência da pandemia, o interesse em viajar pela Costa britânica, o aumento do teletrabalho ou uma simples questão de gosto, seja como opção de vida permanente ou temporária.
