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Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 105 comentários

Quem foi o brasileiro que inventou o identificador de chamadas — e perdeu a patente para uma multinacional

Escrito por Alisson Ficher
17/05/2025 às 20:45
Atualizado 18/05/2025 às 00:01
Criado no Brasil em 1980, o “bina” revolucionou a telefonia mundial — mas sua história tem um lado amargo: o inventor perdeu a patente para uma gigante internacional e nunca recebeu os créditos devidos
Criado no Brasil em 1980, o “bina” revolucionou a telefonia mundial — mas sua história tem um lado amargo: o inventor perdeu a patente para uma gigante internacional e nunca recebeu os créditos devidos

Criado no Brasil em 1980, o “bina” revolucionou a telefonia mundial — mas sua história tem um lado amargo: o inventor perdeu a patente para uma gigante internacional e nunca recebeu os créditos devidos.

Em uma era onde os celulares exibem automaticamente o número de quem liga, muitos não sabem que essa função teve origem em uma invenção brasileira, criada ainda na década de 1980.

O dispositivo ficou conhecido como “bina”, sigla para “B Identifica Número A”, e foi desenvolvido por Nélio José Nicolai, um engenheiro mineiro nascido em Belo Horizonte.

Apesar da relevância da tecnologia, a história do inventor é marcada por uma batalha judicial que durou décadas — e terminou sem reconhecimento justo.

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A criação do “bina” no Brasil

A invenção nasceu da frustração de Nicolai com trotes telefônicos, comuns na época.

Ele era funcionário da Telebrasília (hoje incorporada à Oi) e percebeu que havia uma forma de capturar o número de origem da chamada usando o próprio sinal de linha telefônica.

Em 1980, ele construiu o primeiro protótipo funcional do que chamou de “bina”.

A ideia era simples, mas engenhosa: antes de o telefone tocar, o aparelho captaria o número do originador da chamada.

Isso permitiria saber quem estava ligando antes de atender, algo inédito na telefonia brasileira até então — e posteriormente, no mundo.

Nélio registrou a patente de seu invento no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 1982, sob o número PI 820.6767.

No entanto, o processo de homologação e reconhecimento da patente foi extremamente lento e conturbado, como era comum na época.

Multinacionais entraram na jogada — e a tecnologia se espalhou

Nos anos seguintes, a invenção de Nicolai começou a ser aplicada comercialmente sem o seu consentimento.

Empresas como Siemens, Ericsson e a própria Telemar (atual Oi) aram a incluir o identificador de chamadas em aparelhos telefônicos, centrais e serviços de .

Nicolai alegou que essas empresas usaram sua criação sem pagar royalties, o que deu início a uma batalha judicial longa e desgastante.

Ele chegou a entrar com diversas ações de indenização por uso indevido da patente, sustentando que sua invenção havia sido explorada comercialmente sem qualquer retorno financeiro para ele.

O reconhecimento nunca veio — e a Justiça não decidiu a seu favor

Durante mais de 30 anos, Nélio Nicolai lutou para ter sua invenção reconhecida.

Em entrevistas, ele demonstrava indignação com o descaso das autoridades e das empresas que, segundo ele, enriqueceram às suas custas.

A imprensa chegou a apelidá-lo de “pai do bina”, e sua história foi tema de matérias em veículos como Fantástico (TV Globo), O Globo e Estadão.

Contudo, a justiça brasileira nunca deu ganho de causa definitivo ao inventor.

Em 2004, um parecer da Anatel chegou a reconhecer a importância do “bina” e de sua patente, mas isso não resultou em indenização nem reconhecimento formal por parte das empresas.

A patente expirou oficialmente em 2012, sem que Nicolai recebesse os valores que reivindicava. Em 2017, ele faleceu aos 72 anos, sem ter recebido os royalties de sua invenção, que hoje é usada no mundo inteiro.

A tecnologia do “bina” segue viva no mundo moderno

Mesmo com o avanço da telefonia celular e da comunicação digital, o princípio inventado por Nicolai continua sendo utilizado.

O sistema de Caller ID, adotado em quase todos os telefones fixos e celulares do planeta, segue os fundamentos da invenção original do brasileiro.

A ironia é que muitos países atribuem erroneamente a criação do identificador de chamadas a empresas estrangeiras, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, ignorando o pioneirismo nacional.

Uma história brasileira de inovação — e descaso

A história do “bina” é um retrato do Brasil: berço de invenções geniais que muitas vezes não recebem o devido reconhecimento.

O caso de Nélio Nicolai mostra como a burocracia, a negligência institucional e o poder das grandes corporações podem silenciar até mesmo os maiores feitos.

Em meio a um cenário onde tantas startups e inventores brasileiros buscam destaque global, a trajetória de Nicolai deveria servir de lição sobre a importância da proteção à propriedade intelectual e do incentivo à inovação nacional.

E você? Você acredita que o Brasil valoriza de verdade os seus inventores?
Ou será que histórias como a de Nélio Nicolai continuam se repetindo até hoje, de forma invisível?

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Rodrigo
Rodrigo
18/05/2025 06:15

Sim continua. O inventor do spray de marcação de falta no futebol.

Muniz
Muniz
Em resposta a  Rodrigo
18/05/2025 14:36

É somente um barbeador de espuma. Não inventou nada. Só foi o primeiro a usar.

Daniel
Daniel
Em resposta a  Muniz
19/05/2025 06:22

Se foi o primeiro, foi o inventor, quem usou depois copiou

Fabio
Fabio
Em resposta a  Daniel
20/05/2025 04:33

Então se vc pega um papel higiênico, ar no **** e depois a no nariz, então vc vai patentear pq vc foi o primeiro **** a realizar esse feito? … Esse cara não inventou nada. Ele simplesmente criou uma ferramenta que rodava dentro de um sistema que as pessoas usavam. Isso não é invenção para patente. Ele poderia ganhar grana se ele criasse uma empresa e realizasse parceria para criar ferramentas e soluções para a tecnologia em questão.

Eumesmo
Eumesmo
Em resposta a  Fabio
20/05/2025 11:29

Que **** kkkkk

Jaderson Oliveira
Jaderson Oliveira
Em resposta a  Muniz
19/05/2025 13:02

Juízes tem a mentalidade igual a sua. Tá explicado.

Augusto
Augusto
Em resposta a  Jaderson Oliveira
19/05/2025 17:11

Negativo. Eles têm é um bolso muito grande…

Edson
Edson
Em resposta a  Augusto
19/05/2025 17:26

Bandos de corruptos quem dar mais é que leva

Ruy
Ruy
Em resposta a  Muniz
19/05/2025 13:31

É o inventor do uso, não do recurso. Pensa antes de menosprezar o engenho intelectual alheio.

Artur Risso Neto
Artur Risso Neto
Em resposta a  Muniz
19/05/2025 18:22

Então quem escreve um livro não criou nada? Pois todas as palavras já existia ele só foi o primeiro que colocou as palavras naquela ordem.

Silmar
Silmar
18/05/2025 06:46

Brasil um país de ****!
Absurdo o que aconteceu com esse inventor do bina. Qual a burocracia para conceder a patente a ele? Ele é pioneiro e pronto.

Roberto Brandão
Roberto Brandão
Em resposta a  Silmar
18/05/2025 08:33

É simples, as multinacionais se unem, enchem os bolsos dos responsáveis para reconhecer a patente no Brasil. Assim, não dizem “NÃO”, apenas amarram e deixam inspirar o tempo hábil…

Liberal
Liberal
Em resposta a  Silmar
18/05/2025 14:57

Se quem controla e dar o direito aos proprietários das invenções não se corrompessem os brasileiros seriam os grandes inventores.

Antonio de Oliveira
Antonio de Oliveira
Em resposta a  Liberal
19/05/2025 14:25

Verdade,concordo plenamente com você…

Alexandre
Alexandre
Em resposta a  Silmar
19/05/2025 07:59

Eu tentei registrar uma patente. É 4 ou 5 anos só para lerem os documentos que você enviou. E não entenderem e negarem. se comparar registro de patente brasil x china ou EUA é absurdo a diferença em ordem de grandeza. A Unicamp é a que mais registra e tem umas 100…

Douglas
Douglas
Em resposta a  Alexandre
21/05/2025 01:44

Acho que tu consegue fazer uma patente com registro chinês ou americano mais não sei como funciona muita gente patenteia como produto chinês pq consegue a patente em algumas semanas , mais em alguns casos o governo fica de olho no seu produto 👀🤑

Maurício Peixoto
Maurício Peixoto
Em resposta a  Silmar
19/05/2025 08:27

Em um país onde a justiça é ****, não podia dar em outra coisa.

Delso
Delso
18/05/2025 06:55

Se os comandantes do Brasil fossem menos **** e preguiçosos, dariam mais valor aos produtos e empresas nacionais, mas é isso, toda a não valorização ja vem das antigas!!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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