Receita Federal recebe dados do Airbnb e reforça fiscalização sobre rendimentos de aluguéis

A partir de 2025, quem alugou imóveis pelo Airbnb entre 2020 e 2024 deverá declarar os rendimentos no Imposto de Renda; Receita Federal já recebeu os dados da plataforma.

A Receita Federal não está dormindo no ponto — e se você ganhou dinheiro alugando seu apê no Airbnb nos últimos anos, é melhor preparar a papelada: a Receita está de olho no Airbnb e já sabe exatamente quanto você recebeu. A plataforma ou a fornecer voluntariamente os dados de anfitriões brasileiros, detalhando rendimentos entre os anos de 2020 e 2024. Em outras palavras: quem lucrou com o aluguel de temporada precisa declarar tudo no Imposto de Renda 2025, ou pode cair direto na malha fina.

Até pouco tempo, alugar um imóvel no Airbnb era visto quase como uma “renda paralela”, algo informal e fora do radar da Receita Federal. Mas esse tempo acabou. Agora, mesmo sem ser obrigada por lei a fornecer informes de rendimento, a plataforma decidiu adiantar o serviço para seus usuários — e para o Fisco também.

Receita Federal amplia o cerco aos aluguéis informais via Airbnb

A Receita Federal, que já vinha apertando o cerco sobre movimentações financeiras não declaradas, agora mira uma nova e potente fonte de renda informal: os aluguéis feitos pelo Airbnb. Desde o boom do home office e das viagens flexíveis, a plataforma cresceu de forma exponencial, e com ela o número de brasileiros transformando quartos, imóveis e até varandas gourmet em negócios altamente lucrativos.

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O problema? Muita gente não declarava esse rendimento. Afinal, não há holerite, nem CNPJ, nem informes de rendimento formais como os que vêm dos bancos. Parecia seguro ficar “invisível”. Mas essa invisibilidade agora é coisa do ado. A Receita Federal já possui os dados e vai cruzar tudo em seu sistema — incluindo F dos anfitriões, valores recebidos, frequência de aluguéis e movimentação financeira.

Airbnb já entregou os dados: e agora?

Segundo informações da própria plataforma, o Airbnb compartilhou com a Receita Federal os dados completos de anfitriões que atuaram entre 2020 e 2024. Essa informação pode pegar muita gente de surpresa, especialmente quem nunca se preocupou em declarar esses ganhos ou achou que, por serem esporádicos, não tinham relevância fiscal.

O objetivo, segundo o Airbnb, é facilitar o processo de declaração para seus usuários. Só que, por outro lado, também facilita — e muito — a fiscalização da Receita. A recomendação é clara: se você alugou qualquer imóvel pela plataforma nesses anos, deve incluir os valores recebidos como rendimentos tributáveis na sua próxima declaração de Imposto de Renda.

A omissão dessas informações pode ser interpretada como tentativa de sonegação. E, como todos sabemos, o Leão não costuma ter muita paciência quando sente cheiro de carne fresca.

Entenda o que pode te levar à malha fina

Cair na malha fina não é uma simples burocracia. Pode significar bloqueio da restituição, convocação para prestar esclarecimentos e, em casos extremos, autuação com multa de até 150% sobre o valor sonegado. Se o contribuinte recebeu, por exemplo, R$ 30 mil ao longo de 2023 alugando pelo Airbnb e não declarou, o risco é real e iminente.

O contribuinte deve informar esses ganhos como “Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física“ e calcular o imposto devido mensalmente por meio do Carnê-Leão. A boa notícia é que, se for feito corretamente, é possível até abater algumas despesas relacionadas à atividade, como taxas da plataforma, IPTU proporcional, energia, limpeza e outros custos operacionais.

Mas atenção: quem nunca declarou e agora percebe que está “na mira”, pode retificar declarações adas antes de ser notificado, o que reduz — e muito — as chances de multa pesada.

Airbnb cresce no Brasil e no mundo — mas o Leão também

Para entender o tamanho do problema (ou da oportunidade de arrecadação para o governo), basta olhar os números do Airbnb. A empresa já conta com mais de 5 milhões de anfitriões no mundo todo. Desde sua criação, já foram realizados mais de 1,5 bilhão de check-ins, em mais de 200 países e regiões.

O Brasil é um dos mercados mais aquecidos da plataforma. Grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e Salvador, viram uma explosão no número de imóveis cadastrados. Muitos desses anfitriões, no entanto, nunca formalizaram a atividade — e agora a Receita Federal está prontos para cruzar esses dados com as declarações de IR de 2025.

Como declarar os ganhos com aluguel pelo Airbnb em 2025

Para não correr riscos, é fundamental seguir o o a o recomendado pela Receita Federal. Primeiro, calcule os valores mensais recebidos e lance no Carnê-Leão — que pode ser preenchido online, através do portal e-CAC. Depois, insira essas informações no campo correspondente da declaração de Imposto de Renda 2025.

Lembrando que o pagamento mensal do Carnê-Leão é obrigatório para rendimentos recebidos de pessoas físicas. Se o hóspede pagou diretamente para você (via PIX, por exemplo), esse é o caminho. Se o valor foi mediado por uma empresa (com nota fiscal, por exemplo), pode haver outro enquadramento.

Além disso, fique atento à documentação. É importante guardar os comprovantes de recebimentos, extratos da plataforma Airbnb, notas de despesas e, se possível, organizar tudo em uma planilha simples. Na dúvida, procure um contador.

A era da informalidade digital está com os dias contados. O que antes parecia uma graninha extra, hoje pode ser o elo que falta para a Receita Federal puxar o seu F para a malha fina. Por isso, se você alugou seu imóvel pelo Airbnb, é hora de encarar a realidade e declarar seus rendimentos de forma correta e transparente.

Fonte: thenews