O projeto inédito utiliza tecnologia de ponta para transformar a pressão do fundo do mar em eletricidade, oferecendo uma solução sustentável
No fundo do mar, um campo de esferas escuras e discretas será ancorado a uma profundidade de 500 a 600 metros na costa da califórnia. Cada esfera oca de concreto tem nove metros de diâmetro e pesa 400 toneladas, com uma capacidade de armazenamento de 0,4 megawatts-hora (ou 400 quilowatts-hora). Essa nova abordagem visa utilizar a pressão da água para armazenar e liberar energia, funcionando como uma bateria subaquática.
Funcionamento e eficiência das esferas
O funcionamento é simples: quando a bateria está vazia, a água entra na esfera devido à pressão ambiente. Usando eletricidade sustentável, a água é bombeada para fora, carregando a esfera.
Quando há necessidade de eletricidade, a válvula é aberta, permitindo que a água flua sob alta pressão, acionando uma turbina e gerando energia elétrica para a rede.
-
Abihv firma acordo para explorar oportunidades de hidrogênio brasileiro na Bélgica
-
CDH debaterá uso hidrelétrico do rio Irani em terra indígena catarinense
-
Interesse dos EUA na energia de Itaipu pode complicar acordo do Brasil com Paraguai
-
Dicas de Energia Renovável explicado: Tudo em um só lugar
A vida útil dessas esferas é estimada em 50 a 60 anos, com a necessidade de substituir a turbina e o gerador a cada 20 anos.
Esse sistema promete não apenas eficiência, mas também uma durabilidade considerável, algo que é essencial para soluções de armazenamento de energia a longo prazo.
Desafios e oportunidades de armazenamento de energia subaquático
Um teste inicial com esferas de três metros de diâmetro já foi realizado no Lago de Constança, na Europa, e os resultados foram promissores, levando a equipe a planejar esferas ainda maiores no futuro, com até 30 metros de diâmetro.
O uso de esferas submersas apresenta vantagens significativas em relação a usinas de energia bombeada em terra, que demandam grandes áreas e têm um impacto ambiental considerável.
Além disso, o armazenamento subaquático pode ser menos intrusivo para os ecossistemas locais, uma vez que a instalação ocorre em profundidades onde a atividade humana é mínima.
O Dr. Bernhard Ernst, do Fraunhofer IEE, explica que o armazenamento subaquático tem um potencial de expansão praticamente ilimitado, minimizando restrições naturais e ecológicas.
Existem muitos locais ideais ao redor do mundo, incluindo a Noruega, Portugal, e as costas dos EUA, onde essas esferas poderiam ser instaladas em larga escala.
As estimativas indicam que o potencial global de armazenamento pode chegar a 817.000 gigawatts-hora, suficiente para abastecer mais de 200.000 residências.
Esse número destaca a relevância desse projeto para a transição energética global, especialmente em uma época em que a demanda por soluções sustentáveis é crescente.
Impacto ambiental e aceitação pública
Um dos principais desafios para a implementação de novas tecnologias é a aceitação pública.
Projetos de grande escala, como usinas de energia tradicional, frequentemente enfrentam resistência devido a preocupações ambientais e sociais.
No entanto, o conceito de armazenar energia no fundo do mar pode ser mais bem recebido, considerando que a instalação ocorre em áreas menos visíveis e com menor impacto direto sobre as comunidades locais.
O Dr. Ernst acredita que essa abordagem pode facilitar a aceitação entre cidadãos e autoridades, promovendo um diálogo mais positivo sobre energias renováveis.
Perspectivas futuras e desenvolvimento da tecnologia
À medida que o projeto avança, todas as etapas, desde a produção até a instalação e operação, serão cuidadosamente avaliadas.
O sucesso desse experimento na califórnia representará um o significativo em direção à comercialização de novas soluções de armazenamento de energia, contribuindo para a transição para uma matriz energética mais sustentável.
Essa iniciativa se destaca como um exemplo de como a inovação pode transformar a forma como lidamos com a eletricidade e a sustentabilidade no futuro.
O projeto StEnSea não é apenas uma solução técnica, mas também uma oportunidade de aprendizado sobre como a tecnologia pode ser integrada de maneira mais harmoniosa ao meio ambiente.
À medida que mais dados e resultados se tornam disponíveis, espera-se que essa abordagem inspire outros projetos em todo o mundo, ajudando a moldar um futuro energético mais sustentável e resiliente.
Com o aumento da capacidade de armazenamento de energia renovável e a redução da dependência de combustíveis fósseis, iniciativas como a das esferas de concreto podem desempenhar um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas e na promoção de um futuro energético sustentável.
FONTE: IGN