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Rio Grande do Sul projeta avanço na energia eólica com foco em data centers e geração offshore

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 28/05/2025 às 10:11
Rio Grande do Sul projeta avanço na energia eólica com foco em data centers e geração offshore
Imagem gerada por inteligência artificial

Com potencial competitivo frente ao Nordeste, RS aposta na energia eólica onshore e offshore para atender à crescente demanda de data centers e atrair novos investimentos em infraestrutura e tecnologia.

O Rio Grande do Sul tem se consolidado como um dos estados mais promissores para o crescimento da energia eólica no Brasil, com destaque para projetos onshore e offshore. Empresários, parlamentares e representantes do setor elétrico têm apontado o estado como uma alternativa viável e competitiva aos grandes polos do Nordeste, atualmente líderes em potência instalada.

Durante evento realizado em Porto Alegre, o deputado estadual Frederico Antunes, presidente da Frente Parlamentar Pró-Energias Renováveis, destacou que o desafio prioritário do estado é a expansão das linhas de transmissão, necessárias para viabilizar novos empreendimentos. “Estamos projetando, junto ao Sindienergia-RS, planos para resolver a questão da transmissão. Se fizermos o dever de casa, podemos alcançar os patamares do Nordeste em competitividade”, afirmou o parlamentar.

RS avança em estudos para ampliar capacidade de transmissão

A presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS), Daniela Cardeal, ressaltou que a entidade apresentou estudos ao Comitê de Planejamento Energético do estado (Copergs) com o objetivo de “pavimentar a questão da transmissão”.

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Segundo Cardeal, é fundamental que a infraestrutura seja reforçada até 2028 para garantir o fornecimento à região metropolitana. “O setor de energia depende de regulação e planejamento. O governo precisa direcionar os incentivos para atender à demanda futura”, observou.

O Plano Decenal de Energia para 2034 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta que o RS ainda é um grande importador de energia e planeja ampliar sua capacidade de importação em até 4 GW nos próximos anos. Hoje, o estado ocupa o 5º lugar no ranking nacional de energia eólica instalada, com 1.835,89 MW, atrás de Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e Ceará.

Competitividade frente ao Nordeste

Embora o Nordeste ainda concentre os maiores empreendimentos de energia renovável do país, graças ao apoio de fundos constitucionais, o Rio Grande do Sul tem apresentado vantagens competitivas importantes.

De acordo com Alex Petter, diretor da Renobrax, os custos de conexão por meio da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) são significativamente mais baixos no Sul. As projeções da EPE indicam que, até 2034, o valor da TUST na região Sul será de R$ 4,04/KW por mês, metade do custo previsto para o Nordeste. Isso torna os projetos gaúchos mais atrativos, mesmo aqueles que não contam com outorga incentivada.

Além disso, o submercado Sul apresenta Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) horário mais elevado no início e fim do dia, aumentando o retorno financeiro de empreendimentos eólicos no estado.

Outro fator relevante é a robustez da infraestrutura de rede, que reduz riscos de curtailment — cortes na geração de energia devido a restrições no sistema de transmissão, um problema recorrente em estados como o Ceará.

Expansão de data centers amplia demanda por energia limpa

Um novo vetor de crescimento para a energia eólica no RS vem da indústria de tecnologia. A Scala Data Center anunciou, no fim de 2024, a construção de um distrito industrial de data centers em Eldorado do Sul, a 17 quilômetros de Porto Alegre. Com previsão de operação a partir de 2026, o complexo poderá demandar até 4.750 MW de energia.

Esses data centers serão dedicados a aplicações de Inteligência Artificial (IA) e devem impulsionar a procura por energia renovável no estado. Um novo cabo submarino internacional que conectará o Rio Grande do Sul ao exterior também foi anunciado, favorecendo a atração de outros investimentos tecnológicos e ampliando a demanda por infraestrutura elétrica de qualidade.

Potencial das eólicas offshore no litoral gaúcho

O Rio Grande do Sul também é destaque nos projetos de energia eólica offshore, ainda em fase de complementação regulatória pelo governo federal. Diversas propostas já foram protocoladas junto ao IBAMA, e o estado figura entre os principais interessados na implementação desses empreendimentos.

As eólicas offshore têm potencial para gerar o dobro da energia de parques instalados em terra. Segundo Daniel Dias Loureiro, analista da EPE, os hotspots de geração — que concentram os pedidos de licenciamento — estão distribuídos principalmente entre o Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Pesquisas adicionais avaliam a possibilidade de aproveitar energia de ondas, marés e correntes, o que pode aumentar a sinergia entre diferentes fontes renováveis na costa brasileira. O PEM Sul, estudo em desenvolvimento, deve trazer informações estratégicas para o avanço da geração offshore no estado.

Portos e infraestrutura como pontos estratégicos

Para viabilizar projetos de energia eólica offshore, será necessário modernizar os portos gaúchos, responsáveis por receber e movimentar componentes de grande porte, como pás, torres e geradores. A preparação da estrutura portuária é considerada essencial para atrair a cadeia produtiva da indústria offshore ao Brasil.

Segundo Matheus Eurico, Head de Energia Eólica Offshore da ABEEólica, é urgente definir critérios regulatórios claros para viabilizar o primeiro leilão de áreas. “O Brasil precisa de um planejamento nacional para garantir competitividade e atrair indústrias de cabeamento, logística e equipamentos, como fizeram outros países líderes neste segmento.”

Caminho promissor para energias renováveis

O Rio Grande do Sul reúne condições técnicas, econômicas e logísticas para se destacar no cenário nacional da energia eólica. Com recursos naturais favoráveis, custos operacionais competitivos, crescimento da demanda por energia limpa e projetos tecnológicos em expansão, o estado tem potencial para alcançar novos patamares de protagonismo.

A integração entre geração renovável e inovação tecnológica, como os mega data centers dedicados a aplicações de Inteligência Artificial, coloca o RS na rota do desenvolvimento sustentável. A superação dos gargalos em transmissão e a definição de diretrizes para projetos offshore são os próximos os para consolidar esse cenário.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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