Novo reator RITM-400, revelado pela Rússia, vai equipar o quebra-gelo Rossiya e torná-lo o mais potente do mundo, capaz de enfrentar o gelo extremo do Ártico.
A Rússia concluiu a construção do reator nuclear RITM-400, projetado para impulsionar o quebra-gelo Rossiya, atualmente em desenvolvimento.
O anúncio foi feito durante uma cerimônia oficial da Rosatom, agência estatal russa responsável pela energia nuclear.
O reator, considerado uma versão aprimorada do RITM-200, representa um avanço significativo na frota de quebra-gelos nucleares do país.
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Potência e tecnologia de ponta
Fabricado pela ZiO-Podolsk, subsidiária da Divisão de Construção de Máquinas da Rosatom, o RITM-400 entrega 315 megawatts térmicos (MWt) e 120 megawatts de potência propulsora. Isso o torna o mais potente reator desse tipo já desenvolvido pela Rússia para uso marítimo.
O chefe da Rosatom, Alexey Likhachev, destacou a importância da conclusão do projeto. Segundo ele, o reator RITM-400 é um marco não apenas para a frota de quebra-gelos, mas também para toda a indústria nuclear russa.
Durante a cerimônia, ele anunciou que os dois reatores do Rossiya terão nomes simbólicos: Ilya Muromets e Dobrynya Nikitich, inspirados em heróis do folclore russo.
“Eles realizaram feitos em nome da Rússia, enquanto os novos reatores, nomeados em sua homenagem, ajudarão o quebra-gelo Rossiya a superar as condições especiais de gelo do Ártico”, afirmou Likhachev.
Preparação para 2030
Igor Kotov, chefe da Divisão de Construção de Máquinas da Rosatom, afirmou que a segunda unidade RITM-400 será concluída nos próximos meses. Ambas as unidades serão enviadas para o estaleiro, onde serão instaladas no navio Rossiya.
O projeto Rossiya faz parte do Projeto 10510. Uma vez finalizado, o navio será o quebra-gelo nuclear mais potente do planeta.
Com dois reatores RITM-400, o Rossiya poderá romper camadas de gelo de até 4,3 metros de espessura e abrir canais com largura de 50 metros. A previsão é que ele entre em operação em 2030.
Segundo Kotov, a entrega das unidades será um presente simbólico para comemorar os 80 anos da indústria nuclear russa.
Estratégia para o Ártico
A construção de quebra-gelos nucleares é parte de uma estratégia da Rússia para fortalecer a navegação ao longo da Rota do Mar do Norte. Com cerca de 5.600 quilômetros, essa rota liga São Petersburgo e Kaliningrado a Vladivostok. A Rússia afirma que ela reduz o tempo de trânsito entre Murmansk e portos japoneses de 37 para 18 dias, em comparação ao trajeto pelo Canal de Suez.
Reatores nucleares oferecem vantagens significativas no Ártico. Diferente dos modelos a diesel, eles não precisam de reabastecimento frequente e operam com maior eficiência em regiões remotas e geladas. Navios a diesel enfrentam limitações de potência, alcance e resistência sob essas condições.
Além do Rossiya, a Rússia está construindo outros quebra-gelos nucleares, como o Chukotka e o Leningrado.
Também há planos para o navio Stalingrado, sob o Projeto 22220. A expectativa é que novos quebra-gelos universais sejam construídos para manter operações constantes na Rota do Mar do Norte.
Com isso, o país reforça sua presença no Ártico e amplia o uso estratégico de sua tecnologia nuclear.