Cientistas criam “supersafira” com resistência superior e funções avançadas, como autolimpeza e antirreflexo — tecnologia promete revolucionar telas de celulares, óculos e vidros automotivos.
Pesquisadores da Universidade do Texas em Austin apresentaram ao mundo uma nova tecnologia que pode revolucionar a forma como usamos materiais em celulares, automóveis e até em equipamentos espaciais. Eles conseguiram desenvolver uma versão aprimorada da safira, um dos cristais mais duros já conhecidos, capaz de resistir a arranhões e, agora, com propriedades extras como autolimpeza, antirreflexo e rejeição de poeira. O material, apelidado de supersafira, foi criado a partir de nanoestruturas de safira inspiradas em mecanismos naturais, como os olhos de mariposas e folhas de lótus. A descoberta foi publicada na revista científica Materials Horizons e liderada pelo professor Chih-Hao Chang, do Departamento de Engenharia Mecânica Walker.
A proposta é simples, mas ambiciosa: tornar superfícies muito mais duráveis e inteligentes, abrindo caminho para celulares inquebráveis, óculos que não embaçam e para-brisas autolimpantes.
“Supersafira” combina resistência com funcionalidade
A safira tradicional já é utilizada em sensores militares, câmeras e alguns dispositivos de alto valor, devido à sua rigidez e resistência a riscos. Porém, sempre houve um obstáculo para a ampliação de seu uso: a fabricação em pequena escala. Justamente por ser tão resistente, moldá-la em peças finas e delicadas era um desafio.
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Com as novas nanoestruturas, os cientistas conseguiram não apenas manter a rigidez do material, mas também adicionar propriedades úteis ao cotidiano. O diferencial da supersafira está na superfície: a estrutura microscópica foi projetada para controlar como a luz, a água e a poeira interagem com ela.
Segundo os pesquisadores, essa abordagem bioinspirada resulta em um material mais funcional, capaz de atuar de forma iva contra reflexos e sujeira, sem a necessidade de produtos químicos ou limpeza constante.
Testes com a safira modificada mostram resultados surpreendentes
Durante os experimentos, a “supersafira” demonstrou eficiência impressionante. Em um dos testes, 98,7% da superfície permaneceu livre de poeira apenas com a ação da gravidade, sem intervenção humana. Essa taxa é considerada uma das melhores já registradas em tecnologias de mitigação de poeira, principalmente em ambientes extremos como o espaço, onde água ou panos não são opções viáveis de limpeza.
Além disso, a superfície que pode tornar possível a criação de celulares inquebráveis também mostrou propriedades super-hidrofílicas e hidrofóbicas, dependendo do tratamento. No modo hidrofílico, evita o embaçamento — ideal para óculos e lentes. Já no modo hidrofóbico, imita o comportamento da folha de lótus, fazendo a água escorrer com facilidade, levando junto partículas de poeira.
O estudante Andrew Tunell, responsável pelos testes de adesão de partículas, afirmou que essa tecnologia representa um avanço significativo. “É uma melhoria notável em relação ao que temos hoje para combater poeira, especialmente em áreas onde a manutenção é complicada”, declarou.
Possíveis aplicações no dia a dia
Com base nos resultados, a “supersafira” poderá ser usada em diversos setores:
- Celulares inquebráveis: telas mais resistentes e que repelem sujeira e gordura;
- Óculos antineblina: lentes que não embaçam e não precisam ser limpas constantemente;
- Para-brisas autolimpantes: superfícies que repelem poeira e gotas de água com facilidade;
- Equipamentos espaciais: painéis solares e sensores que se mantêm limpos sem manutenção;
- Dispositivos médicos: telas e sensores que exigem alto grau de higiene.
Todas essas aplicações têm em comum a necessidade de resistência e autonomia, características que a supersafira promete oferecer de forma eficaz.
Biologia como fonte de inspiração
O desenvolvimento da “supersafira” teve como referência elementos da natureza. Os olhos das mariposas, por exemplo, têm uma estrutura que impede o reflexo da luz, permitindo que esses insetos se camuflem melhor. Já a folha de lótus, presente em diversas culturas como símbolo de pureza, tem uma superfície naturalmente repelente à água e sujeira.
Os pesquisadores usaram essas referências para criar padrões na safira que alteram o comportamento físico da superfície sem interferir na estrutura interna. A ideia foi aliar o melhor da biologia com o que há de mais resistente em materiais sintéticos.
Próximos os: produção em larga escala
A equipe da Universidade do Texas em Austin agora se dedica a encontrar formas de produzir a “supersafira” em escala industrial. A expectativa é que, com parcerias estratégicas com indústrias de tecnologia, aeroespacial e automotiva, o material comece a ser aplicado em produtos comerciais nos próximos anos.
O professor Chih-Hao Chang reforça que, embora a “supersafira” ainda não seja tão resistente a arranhões quanto a safira convencional, os benefícios adicionais mais do que compensam a leve diferença. “A proposta não é apenas criar um material forte, mas um que resolva problemas reais do nosso dia a dia”, explicou.