Salários na construção civil caem até 29% em uma década, com infraestrutura liderando as perdas e impacto direto na média geral
A renda média dos trabalhadores da construção civil no Brasil caiu 22% em dez anos, segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2014, os salários médios eram de 2,7 salários mínimos. Já em 2023, o valor caiu para 2,1 salários.
A maior queda ocorreu no segmento de obras de infraestrutura, que inclui rodovias, ferrovias, saneamento básico e energia. Em 2014, esse grupo pagava, em média, 3,7 salários mínimos por trabalhador — o maior valor da série histórica iniciada em 2007.
Em 2023, a média recuou para 2,6 salários, uma perda de 1,1 salário mínimo, o que representa uma redução de 29%.
-
Vendas crescem 13% e mercado imobiliário do Ceará movimenta mais de R$2,1 bilhões até abril
-
Construção civil lidera geração de empregos na indústria catarinense em 2025
-
Tecnologias de construção revolucionárias: O futuro chegou aos canteiros de obras
-
Nova 381: Obras em Antônio Dias revelam construção de base operacional no Km 303
Marcelo Miranda, pesquisador do IBGE, destacou que a redução no salário médio da infraestrutura teve forte impacto na média geral da construção. “Essa perda é muito impulsionada pela perda do salário médio do segmento de obras de infraestrutura”, afirmou.
Outros dois segmentos da construção também apresentaram quedas salariais. No setor de construção de edifícios, a renda média caiu de 2,3 para 1,9 salário mínimo, o que corresponde a uma redução de 17%.
Já no setor de serviços especializados — que inclui atividades como acabamento, demolições, instalações elétricas e preparação de terreno — a queda foi de 9%, com os salários ando de 2,2 para 2,0 salários mínimos.
Redução no número de empregos
Além da queda salarial, o setor também perdeu empregos. Em 2023, havia 2,5 milhões de postos de trabalho na construção civil, uma redução de 15% em relação a 2014.
Apesar disso, os números mostram uma recuperação em comparação com 2020, ano marcado pelo início da pandemia da covid-19. Desde então, houve um crescimento de 25% no total de trabalhadores.
Entre os segmentos, apenas os serviços especializados conseguiram crescer em relação a 2014, com aumento de 4% no número de empregos. Já a construção de edifícios e as obras de infraestrutura apresentaram quedas de 29% e 20%, respectivamente.
Faturamento e distribuição regional
O total movimentado pelas 165,8 mil empresas do setor da construção chegou a R$ 484,2 bilhões em 2023. As construções residenciais responderam por 22% do valor. Já os serviços especializados e as obras de infraestrutura — como rodovias e ferrovias — corresponderam a cerca de 20% cada.
As regiões Sudeste e Nordeste lideraram o mercado, com participações de 49,8% e 18,1% do total nacional, respectivamente. Apesar disso, ambas perderam espaço em relação a 2014.
A Região Sul foi a que mais cresceu na participação, subindo de 12,8% para 16,2%. O Centro-Oeste teve leve alta, indo de 9,3% para 9,4%.
Com informações de Primeira Página.