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Secas extremas crescem no mundo e Brasil aparece entre os mais afetados com Pantanal e Amazônia em alerta

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 24/03/2025 às 18:44
Mega secas aumentam no mundo, e Brasil fica no top 10 das mais severas
Mega secas aumentam no mundo, e Brasil fica no top 10 das mais severas

Estudo global revela que as secas estão mais longas, quentes e frequentes no mundo; Brasil aparece duas vezes entre os dez casos mais severos, com impactos devastadores na Amazônia e no Sudeste, segundo relatório da OMM e dados inéditos da revista Science.

As secas extremas estão dando um verdadeiro “chega pra lá” nos padrões climáticos globais. E não é só impressão: o mundo está ficando cada vez mais seco, quente e imprevisível. Um estudo gigantesco revelou que as mega secas aumentam em frequência e intensidade, e o Brasil, infelizmente, entrou duas vezes no top 10 das piores do planeta.

O alerta não vem só da ciência pura e dura — ele bate à nossa porta. Em 2024, o país viveu a maior seca da sua história recente, afetando quase 60% do território nacional. Rios secaram, comunidades ficaram isoladas e os incêndios não deram trégua. O clima está pedindo socorro, e a gente precisa escutar.

O que são essas secas extremas que assustam o mundo?

A diferença entre uma seca e uma mega seca é o tempo. Enquanto secas comuns duram semanas ou alguns meses, essas novas gigantes duram no mínimo dois anos — e são bem mais severas. O estudo publicado na prestigiada revista Science analisou mais de 13 mil eventos entre 1980 e 2018. Os pesquisadores identificaram que essas secas não surgem de repente: elas se instalam de mansinho, vão se espalhando e, quando vemos, o estrago já é grande demais.

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Segundo o pesquisador Simone Fatichi, da Universidade Nacional de Singapura, essas secas prolongadas não são meros “eventos meteorológicos”. Elas são anomalias persistentes, onde a chuva some, a demanda por água aumenta e a terra simplesmente não dá conta. Em alguns casos, a evaporação e a transpiração das plantas (a tal da evapotranspiração) só pioram a situação. Ou seja: o problema é mais sério do que parece.

Brasil no topo do ranking mundial das secas mais graves

Sim, o Brasil aparece duas vezes na lista das 10 secas mais severas do planeta. O levantamento identificou que a Amazônia Sul-Ocidental, entre 2010 e 2018, viveu uma das piores crises hídricas da história. Rios como o Madeira, o Negro e o Solimões chegaram a níveis ridiculamente baixos. Resultado? Comunidades isoladas, navegação comprometida e vegetação sob estresse.

Já entre 2014 e 2017, a região Sudeste foi palco de uma seca brutal, que pegou de cheio estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Foi quando ouvimos pela primeira vez falar em “volume morto”. O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de milhões, ficou abaixo dos 5% da capacidade. Em Minas, a situação dos reservatórios beirava o caos — e as usinas hidrelétricas quase pararam.

Amazônia e Sudeste: os extremos da crise hídrica brasileira

A seca prolongada na Amazônia Sul-Ocidental foi tão crítica que até as árvores, conhecidas por sua resistência, deram sinais de colapso. O número de focos de incêndio entre 2015 e 2016 saltou 30% acima da média histórica. O solo quente e seco virou combustível para queimadas incontroláveis. Já em 2024, o Rio Negro atingiu o nível mais baixo desde 1902, e a região enfrentou um apagão logístico, sem transporte fluvial em várias áreas.

No Sudeste, além da água para beber, faltava energia. Furnas quase secou. O Paraíba do Sul, essencial para o Rio de Janeiro, viu sua vazão despencar. E no Espírito Santo, rios que abastecem a Grande Vitória quase desapareceram. A crise hídrica virou um problema nacional — e acendeu o alerta para o que ainda pode vir.

Como o mundo está sendo afetado pelas secas extremas?

O estudo global mostrou um padrão preocupante: nas regiões quentes, a falta de chuva é o maior vilão. Nas mais frias, o problema é a água que se perde para a atmosfera. As mega secas aumentam por causa de três fatores principais: aquecimento global, diminuição das chuvas e evapotranspiração mais intensa.

Um mapa interativo (veja abaixo) mostra que algumas regiões perderam até 60% da chuva normal. Já outras tiveram aumento de até 18% na perda de água. Na África, a Bacia do Congo viveu a mais longa de todas: quase dez anos de seca. Na Mongólia, a vegetação reduziu em 30%. No Brasil, Cerrado e Pampa perderam cobertura vegetal, e até a resistente Amazônia começou a ceder.

O que dizem os especialistas e qual o caminho agora?

Fábio Luengo, da Climatempo, explica que a Amazônia só é do jeito que é por causa da Cordilheira dos Andes e da ZCIT, uma faixa de umidade que alimenta a floresta. Sem isso, ela poderia ser um deserto. Já Alexandre Prado, do WWF-Brasil, é direto: “O que projetávamos para daqui a 20 anos já está acontecendo agora”.

A OMM, órgão ligado à ONU, soltou um relatório afirmando que 2023 e 2024 foram anos críticos para o Brasil. Os incêndios foram os piores desde 2010, e mais de 1.200 municípios foram atingidos por secas severas ou extremas. Em outubro de 2024, mais de 500 cidades relataram perdas agrícolas acima de 80%.

O impacto atinge tudo: biodiversidade, agricultura, energia, transporte e até a saúde pública. A escassez de água nos rios compromete as hidrelétricas e ameaça o fornecimento nas cidades. E o pior: o semiárido e o centro do Brasil devem sofrer ainda mais até 2060, segundo as projeções do Cemaden.

A ciência já deixou o recado: o tempo está mudando — e a gente precisa se mexer. O desafio é gigante, mas temos conhecimento e ferramentas para enfrentar essa nova era de secas. O problema é que o tempo está ficando curto. O futuro, como dizem os especialistas, já começou.

Para enfrentar as mega secas que aumentam no Brasil e no mundo, vamos precisar de políticas públicas sérias, investimento em preservação ambiental e, acima de tudo, união entre sociedade, ciência e governo.

Porque, se o planeta está gritando, não dá mais pra fingir que não estamos ouvindo.

Fonte: G1

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Rafaela Fabris

Fala sobre inovação, energia renováveis, petróleo e gás. Com mais de 1.200 artigos publicados no G, atualiza diariamente sobre oportunidades no mercado de trabalho brasileiro. Sugestão de pauta: [email protected]

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