Matéria explora os estudos iniciados pela Shell em abril de 2025 sobre a possível compra da BP, avaliando impactos financeiros, regulatórios e ambientais da operação
Em abril de 2025, portanto, a Shell iniciou uma análise preliminar sobre a possível aquisição da BP, embora ainda não tenha apresentado uma proposta oficial. O jornal The Times publicou a informação, e a Bloomberg News a confirmou logo em seguida, com base em fontes próximas à companhia. Consequentemente, executivos da empresa vêm discutindo essa eventual transação como parte dos esforços de reestruturação diante das transformações no setor energético global. Por esse motivo, a equipe de análise busca compreender os possíveis impactos financeiros, regulatórios e ambientais, sem, no entanto, tirar conclusões precipitadas.
Contexto de mercado e avaliação interna da Shell
Desde março de 2025, as ações da BP caíram mais de 12%, segundo a London Stock Exchange, refletindo preocupações com dívidas e retorno. Enquanto isso, a Shell encerrou 2024 com lucro de US$ 28 bilhões, conforme relatório financeiro divulgado em fevereiro de 2025. Analistas avaliam que a fusão de ativos pode melhorar a eficiência e ampliar a presença global, embora ainda sem confirmação oficial.
A BP fechou 2024 com US$ 45 bilhões em dívidas, segundo balanço auditado. Por outro lado, a Shell manteve liquidez e geração de caixa estáveis, mesmo com oscilações no preço do petróleo.
Apesar disso, a análise não indica, neste momento, uma decisão concreta de aquisição.
Pressões ambientais e adaptação ao novo cenário energético
A transição energética global e as metas climáticas influenciam decisões estratégicas no setor. Desde 2022, aumentou a exigência por investimentos em fontes renováveis e compromissos com o Acordo de Paris. Em janeiro de 2025, a Agência Internacional de Energia reiterou a urgência de reduzir emissões e ampliar fontes sustentáveis. A BP mantém o programa “Net Zero 2050”, anunciado em 2020, com investimentos em energia limpa. A Shell, por sua vez, revisou suas metas ambientais em setembro de 2024, diminuindo ambições de longo prazo o que gerou críticas de entidades ambientais. A possível união entre as empresas não tem, até o momento, relação direta com políticas climáticas. Qualquer integração deverá considerar obrigações regulatórias e compromissos ESG preexistentes. Especialistas ressaltam que a fusão poderia unir forças complementares em inovação energética.
-
Mesmo com avanços no Brasil, mundo ainda depende 85% de fontes fósseis e aceleração na transição energética é urgente
-
Aprovação de plano da Petrobras na foz do Amazonas gera protesto e racha no IBAMA
-
Royalties de maio sobem no Norte Fluminense, mas instabilidade preocupa setor de petróleo, diz especialista
-
Após mais de meio século de disputa entre Gabão e Guiné, TIJ (ONU) define quem ficará com ilhas ricas em petróleo no Golfo da Guiné, na África Ocidental
Impactos potenciais e limites regulatórios da operação
A eventual fusão entre Shell e BP ainda está em fase de avaliação e depende de múltiplos fatores jurídicos e econômicos. Se concretizada, representaria uma das maiores reestruturações do setor desde 1999, quando Exxon e Mobil se uniram. Segundo dados da Statista, Shell e BP somaram em 2024 cerca de 6,2 milhões de barris produzidos por dia. Esse volume, somado à presença global das empresas, ampliaria sua capacidade operacional. No entanto, a proposta pode enfrentar restrições de autoridades antitruste da União Europeia e do Reino Unido, especialmente no contexto de concentração de mercado. O impacto nos preços e na competição será analisado por órgãos reguladores especializados. A presença combinada em mais de 70 países exige avaliação criteriosa. A aprovação dependeria de compromissos com a manutenção de concorrência justa.
Questões jurídicas, ambientais e de governança em discussão
A operação, caso avance, deverá cumprir exigências ambientais e jurídicas locais e internacionais. Desde 2023, a Shell enfrentou ações judiciais ambientais no Reino Unido e na Holanda. Por outro lado, a BP vem aumentando investimentos em energia solar e eólica desde 2021. Tais diferenças operacionais poderão ser ponto de análise em eventuais negociações. A operação não está confirmada e pode ser reavaliada a qualquer momento. A transparência sobre a condução dos estudos foi reforçada em nota interna da Shell, segundo a Bloomberg. Investidores aguardam atualizações formais antes de avaliar consequências práticas.
Análises do setor e cronograma previsto para decisão
Especialistas do The Guardian e do Financial Times, entre abril e maio de 2025, apontaram que a Shell pode seguir caminhos alternativos à fusão, como parcerias estratégicas. Segundo artigo publicado em 6 de maio de 2025 por Nils Pratley (The Guardian), a Shell pode obter vantagens mesmo sem uma aquisição completa. Fontes ligadas à Shell informaram à Bloomberg, em 3 de maio, que o processo de análise deverá ser concluído até o quarto trimestre de 2025. A decisão será baseada em critérios técnicos, financeiros e regulatórios. Estudos de viabilidade estão em curso, sem expectativa de anúncio nos próximos meses. A Shell reforça que qualquer decisão seguirá padrões éticos e de compliance.