Chinês (Simplificado) 
Chinês (Tradicional) 
Inglês 
Francês 
Alemão 
Italiano 
Japonês 
Norueguês 
Espanhol 
4 min de leitura
0 comentários
Descoberta arqueológica inédita em Viena revela vala comum com restos mortais de possíveis soldados romanos sob um campo de futebol. Indícios apontam para um antigo confronto militar entre romanos e tribos germânicas.
Um campo de futebol no bairro de Simmering, na capital austríaca, se transformou no centro de uma das mais impressionantes descobertas arqueológicas da Europa Central. Durante reformas realizadas em outubro de 2024, operários da construção civil se depararam com uma vala comum contendo os restos mortais de 129 indivíduos, muitos deles provavelmente soldados romanos que participaram de um conflito militar no século 1 d.C.
A análise preliminar, conduzida por arqueólogos do Museu de Viena, sugere que os corpos fazem parte de um evento bélico sem precedentes documentado até então na região.
“São diversos ferimentos de batalha, excluindo execução. É um autêntico campo de batalha. Encontramos marcas de espadas, lanças e traumas contusos”, afirmou a arqueóloga-chefe da cidade, Kristina Adler-Wölfl, durante a apresentação oficial da descoberta, realizada na quarta-feira (2).
— ARTIGO CONTINUA ABAIXO —Veja também
Perguntaram ao ChatGPT quando começaria a Terceira Guerra Mundial, e a resposta foi assustadora: “A contagem regressiva já começou, e ninguém poderá detê-la”
Motorista de caminhão perde controle em rodovia e libera 250 milhões de abelhas
Nem amarela, nem azul: o que significa a chama verde no seu fogão?
Renda extra ou golpe? Saiba como funcionam os aplicativos de ‘ganhe dinheiro rápido’ que viralizam no Brasil e na internet
Indícios de uma batalha esquecida emergem sob solo vienense
De acordo com os especialistas, a forma como os esqueletos foram encontrados — entrelaçados, com ossos deslocados e sinais de ferimentos violentos no crânio, tórax e pelve — aponta para um sepultamento apressado de combatentes mortos em um confronto militar de grandes proporções.
Comprar
Os arqueólogos estimam que o número total de mortos possa ultraar 150.
Segundo a líder da escavação, Michaela Binder, o achado é extraordinário: “Existem enormes campos de batalha na Alemanha onde as armas foram encontradas. Mas encontrar os mortos, isso é único para toda a história romana”.
Isso se deve ao fato de que soldados romanos, tradicionalmente, eram cremados até o século 3. A existência dessa sepultura coletiva muda a compreensão sobre os ritos funerários e as práticas militares da época.
Evidências materiais e análises científicas confirmam presença de soldados romanos
A datação por carbono-14 situou os restos humanos entre os anos 80 e 130 d.C., coincidindo com o reinado do imperador Domiciano, que liderou campanhas militares ao longo do rio Danúbio.
Esta teoria é reforçada por artefatos encontrados junto aos corpos, como partes de armaduras, peças de capacetes e as típicas sandálias militares conhecidas como caligae.
O objeto mais emblemático da descoberta foi uma adaga romana enferrujada, cuja tipologia é específica de armamentos usados entre o fim do primeiro século e o início do segundo.
Apesar de, até o momento, somente um dos 129 esqueletos ter sido claramente identificado como um soldado romano com base em seus pertences.
Os especialistas acreditam que novos exames de DNA e de isótopos de estrôncio nos dentes e ossos poderão identificar a origem geográfica e a afiliação militar das demais vítimas.
Vindobona e os ecos do ado militar romano
A escavação revelou ainda fundações que remontam à antiga Vindobona, o assentamento romano que precedeu a atual Viena.
A descoberta de soldados romanos neste contexto reforça a noção de que a cidade teve uma ocupação contínua desde a Antiguidade e pode ter sido palco de embates decisivos entre as legiões de Roma e as tribos germânicas.
Para Adler-Wölfl, “a teoria mais provável no momento é que isso está ligado às campanhas do Danúbio do imperador Domiciano — que é de 86 a 96 d.C”.
A hipótese, respaldada por achados materiais e cronologia histórica, conecta a descoberta do campo de futebol ao cenário geopolítico da época, durante o auge do Império Romano e a chamada Pax Romana, período de estabilidade que, ainda assim, enfrentou diversas ameaças nas fronteiras.
Uma janela para o ado em pleno século 21
O achado, considerado inédito em termos de escopo e preservação, lança nova luz sobre a presença de soldados romanos na região e sobre os confrontos travados nos limites do Império.
Para os arqueólogos envolvidos, a vala comum encontrada sob o campo de futebol vienense é mais do que uma relíquia — é uma cápsula do tempo que mostra como guerras e civilizações deixaram marcas profundas em solo europeu.
A expectativa agora é que as análises em andamento possam detalhar não somente as identidades dos combatentes, mas também o contexto mais amplo dessa batalha esquecida, que veio à tona de forma inesperada no subsolo de uma tranquila instalação esportiva.
