De olho no plano da Petrobras, Techint planeja voltar ao setor offshore com previsão de fabricar 60 mil toneladas em módulos, impulsionando estaleiros e gerando empregos na cadeia naval.
O grupo Techint Engenharia e Construção anunciou oficialmente sua intenção de retomar as operações offshore em Pontal do Paraná, mirando a nova fase de investimentos da Petrobras em plataformas do tipo FPSO. A expectativa é de que os próximos contratos da estatal gerem demanda de até 60 mil toneladas em novos módulos, abrindo caminho para um novo ciclo de expansão da indústria naval brasileira.
A planta, que estava inativa há anos, ará por um processo de revitalização com aporte inicial de R$ 4,5 milhões, destinado à reestruturação das áreas istrativas e modernização do cais. Segundo a empresa, a reativação será acompanhada por novos investimentos em infraestrutura, com construção de galpões industriais e estruturas permanentes para ar o aumento da produção.
Petrobras impulsiona reabertura da unidade offshore da Techint no litoral paranaense
A decisão da Techint ocorre em resposta direta aos planos da Petrobras de contratar pelo menos 14 novas plataformas FPSO até o fim da década. Parte dessas unidades exigirá a construção de módulos com alto índice de conteúdo local, um dos critérios que favorecem a nacionalização da cadeia produtiva.
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“Estamos nos antecipando a uma nova fase de demanda na indústria offshore. A planta de Pontal tem localização estratégica e histórico comprovado de eficiência. Queremos colocar novamente esse ativo a serviço do Brasil”, afirmou Vilson Rigon, presidente da Techint Engenharia.
De acordo com ele, o plano de reabertura envolve também parcerias com outros fornecedores da cadeia, desde construtoras até empresas especializadas em montagem de sistemas e integração de módulos.
Unidade de Pontal do Paraná já entregou FPSO premiado pela ANP
Entre 2014 e 2018, a Techint foi responsável pela construção da plataforma FPSO P-76, projeto que atingiu 70% de conteúdo local e envolveu mais de dois mil fornecedores nacionais, a maioria da região sul. A plataforma entrou em operação na Bacia de Campos em 2019 e, desde então, se tornou um símbolo de produtividade e cumprimento de metas técnicas.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) reconheceu a P-76 como a plataforma mais eficiente do Brasil em 2023, reforçando a capacidade da Techint em liderar projetos de grande escala dentro dos prazos e padrões exigidos pelo setor.
Pontal do Paraná pode virar novo polo estratégico da indústria offshore
Com a reativação da unidade, o Paraná poderá se firmar como novo polo da indústria offshore nacional, ampliando a descentralização da produção que hoje se concentra no Sudeste. A localização do terminal de Pontal permite o logístico facilitado ao Porto de Paranaguá, o que reduz custos com transporte e amplia a competitividade industrial da região.
A expectativa da Techint é que, ao atingir plena operação, a planta seja capaz de gerar centenas de empregos diretos e indiretos, além de atrair novos investimentos para o entorno.
Techint já realizou mais de 300 projetos com a Petrobras
O histórico da companhia é robusto: ao longo das últimas décadas, a Techint Engenharia participou de mais de 300 projetos da Petrobras, com destaque para a construção de gasodutos, oleodutos e plataformas marítimas. A empresa também é responsável por cerca de 60% das grandes redes de dutos do país.
Segundo fontes internas, a retomada da operação offshore em Pontal está sendo tratada como prioritária, diante da retomada da política de conteúdo local e da nova postura da Petrobras em relação à indústria nacional.
Modernização da planta e subcontratações estão no radar
Além dos investimentos iniciais em modernização, a Techint informou que pretende atuar como hub de produção de módulos, com possibilidade de realizar subcontratações de empresas regionais e nacionais. O plano contempla ampliar a capacidade instalada e garantir entregas com alto grau de complexidade técnica, atendendo às exigências dos novos projetos da Petrobras e de empresas internacionais.
“A indústria offshore no Brasil voltou ao radar. Temos know-how, mão de obra especializada e estrutura para entregar soluções completas. Pontal do Paraná tem potencial para se tornar um centro de excelência”, afirmou um executivo da empresa, sob condição de anonimato.
Expectativa é atender demanda de até 60 mil toneladas de módulos até 2028
Com os novos contratos da Petrobras, a expectativa é que o mercado brasileiro de módulos offshore tenha demanda superior a 60 mil toneladas até 2028, um salto significativo que exigirá planejamento logístico, expansão da infraestrutura e requalificação de mão de obra.
A Techint já está em diálogo com fornecedores e sindicatos locais para preparar o terreno para a reativação. Caso a unidade atinja sua capacidade projetada, poderá competir com estaleiros tradicionais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
O governo do Paraná, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e do Trabalho, acompanha de perto o plano da Techint. Segundo interlocutores do Palácio Iguaçu, a reativação da planta em Pontal é vista como um vetor estratégico para o desenvolvimento da economia marítima do estado, com possibilidade de atrair outras empresas do setor.
A Techint, por sua vez, já estuda a possibilidade de transformar a unidade em um centro permanente de produção, não apenas para atender à Petrobras, mas também empresas internacionais interessadas em operar no Brasil ou na América do Sul.