Pesquisadores suíços desenvolvem método sustentável que transforma resíduos eletrônicos em pepitas de ouro. Brasil pode se beneficiar da tecnologia, já que gera mais de 2 milhões de toneladas de e-lixo por ano.
Uma equipe de cientistas da ETH Zurique, na Suíça, desenvolveu uma técnica revolucionária para extrair ouro de lixo eletrônico, utilizando como base uma substância derivada do soro do leite. O método permite recuperar até R$ 170 mil por tonelada de resíduos eletrônicos, de forma econômica e ambientalmente segura. A descoberta foi divulgada pela revista científica da própria universidade e repercutida por veículos como a Época Negócios, o portal Sustentix e o site Escola Educação.
A nova abordagem oferece uma alternativa viável à mineração tradicional e ao uso de produtos tóxicos como o cianeto, trazendo grandes possibilidades tanto para a indústria quanto para o meio ambiente.
Uma mina de ouro escondida no lixo eletrônico
O lixo eletrônico — formado por computadores, celulares, placas de circuito e eletrodomésticos descartados — contém metais valiosos como ouro, prata, cobre e paládio. Estima-se que uma tonelada de e-lixo possa conter até 10 vezes mais ouro do que uma tonelada de minério bruto, conforme relatado pelo estudo “Mineração Urbana”, do CETEM/Mineralis.
-
Produtos brasileiros unem tecnologia da Embraer à criatividade da moda e games, chegam a mercados exigentes e se firmam como a nova força da exportação nacional
-
Homem recebe R$ 18 milhões por engano de banco, compra Porsche e enfrenta apreensão e possíveis acusações de lavagem de dinheiro
-
Australiana recebe R$ 37 milhões por engano em transação de criptomoeda e enfrenta cobrança após sete meses
-
Esses são os 7 pneus para caminhões no Brasil mais elogiados por motoristas
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo gerou mais de 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2020, e menos de 20% foi reciclado adequadamente. O Brasil, sozinho, produziu cerca de 2,1 milhões de toneladas, sendo o quinto maior gerador de e-lixo no mundo.
Como funciona a extração com soro de leite
A inovação dos pesquisadores da ETH Zurique está na criação de uma esponja composta por nanofibrilas proteicas, extraídas do soro de leite — um subproduto comum da indústria de laticínios.
Segundo a Época Negócios, essa esponja é usada para capturar seletivamente íons de ouro dissolvidos em líquidos extraídos de placas eletrônicas. Em seguida, os íons são convertidos em pepitas de ouro sólido, com pureza superior a 90%.
O método dispensa o uso de substâncias tóxicas e complexas, reduzindo o impacto ambiental do processo de mineração urbana. Os custos operacionais são mais baixos, o que torna a técnica viável para implantação em escala industrial.
Potencial econômico: até R$ 170 mil por tonelada
Com base em cálculos feitos por especialistas e citados pelo portal Escola Educação, uma tonelada de lixo eletrônico pode render até R$ 170 mil em ouro — valor consideravelmente superior ao retorno de operações tradicionais de mineração em jazidas naturais.
A valorização da técnica se dá não apenas pelo ouro extraído, mas também pela possibilidade de recuperar outros metais preciosos e componentes reutilizáveis. O projeto da ETH Zurique prevê que a tecnologia possa ser adaptada para extrair também prata e cobre em versões futuras.
Brasil pode se beneficiar da tecnologia
Com uma das maiores produções de lixo eletrônico da América Latina, o Brasil pode se beneficiar diretamente dessa inovação. A aplicação em cooperativas de reciclagem e polos de processamento eletrônico poderia gerar renda, empregos e redução de impactos ambientais.
Segundo o Instituto GEA, mais de 90% do e-lixo brasileiro ainda é descartado de forma incorreta ou subaproveitada, com apenas 3% sendo reciclado por empresas especializadas. A adoção de métodos como o da ETH poderia transformar esse cenário.