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Técnicos de enfermagem em plataformas da Bacia de Campos denunciam que estão atuando como fiscais de hotelaria

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 06/04/2025 às 16:12
Técnicos denunciam desvio de função nas plataformas da Bacia de Campos: de heróis da pandemia a fiscais de hotelaria, sem negociação!
Técnicos denunciam desvio de função nas plataformas da Bacia de Campos: de heróis da pandemia a fiscais de hotelaria, sem negociação!

Profissionais da saúde embarcados denunciam mudanças drásticas nas funções originais, impostas sem diálogo. Um alerta silencioso se espalha pelas plataformas da Bacia de Campos, revelando tensões internas, sobrecarga emocional e decisões unilaterais que afetam a rotina dos técnicos.

Profissionais relatam pressão, desgaste emocional e transformação do papel técnico em função de fiscalização de hotelaria, sem diálogo ou negociação com a categoria

Técnicos de enfermagem que atuam nas plataformas da Bacia de Campos estão denunciando uma prática alarmante: o desvio de função promovido pelas empresas operadoras, que vêm transformando esses profissionais da saúde em fiscais de hotelaria.

A situação foi levada ao Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), que promete cobrar explicações formais da gerência responsável.

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Conforme apuração da entidade sindical, os relatos apontam que a mudança nas atribuições tem ocorrido de forma unilateral, sem qualquer tipo de negociação ou esclarecimento prévio.

Os técnicos relatam que foram surpreendidos com alterações de função, transferências entre unidades e imposições operacionais que ignoram completamente os limites legais da atividade profissional para a qual foram contratados.

Do cuidado à inspeção de acomodações

Segundo denúncia recebida pelo Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, o objetivo da gestão é forçar uma reconfiguração das equipes embarcadas, substituindo técnicos por enfermeiros terceirizados e deslocando os primeiros para a função de fiscalização de hotelaria nas plataformas.

A decisão, segundo os trabalhadores, é arbitrária e está sendo implementada sem qualquer tipo de consulta ou participação dos afetados.

“Estamos sendo empurrados de um lado para o outro, sem nenhum respeito pela nossa formação ou função. Não somos fiscais de hotelaria, somos técnicos de enfermagem e queremos exercer o que estudamos e praticamos há anos”, relataram trabalhadores em condição de anonimato.

O cenário descrito revela um quadro preocupante de desvalorização profissional.

Técnicos concursados denunciam estar sendo preteridos por enfermeiros contratados via terceirização, em um movimento que, além de fragilizar os direitos trabalhistas, compromete a qualidade e a continuidade da assistência de saúde nas unidades offshore.

Adoecimento e desmotivação ganham espaço

Outro ponto grave levantado pelos trabalhadores é o impacto emocional provocado pelas mudanças arbitrárias.

A insegurança gerada pela falta de clareza sobre funções, escalas e locais de trabalho tem contribuído para um processo de adoecimento silencioso.

“Muitos colegas desistiram de embarcar. Estão adoecendo. Depois de tudo que fizemos durante a pandemia, agora somos tratados como descartáveis”, afirmam.

Conforme relatado pelos denunciantes, durante os períodos mais críticos da pandemia de Covid-19, esses mesmos técnicos de enfermagem foram essenciais para manter os serviços de saúde nas plataformas em funcionamento.

Agora, sentem que a dedicação foi ignorada. “Cadê o respeito com quem esteve na linha de frente?”, questionam.

O desânimo é crescente, segundo o sindicato.

O que antes era uma função reconhecida por sua importância na saúde ocupacional agora a a ser alvo de reestruturações que podem comprometer até mesmo a segurança dos trabalhadores embarcados.

Treinamento online e aumento da carga

A proposta da empresa é iniciar a transição para essa nova função de fiscalização, começando pela plataforma P-51.

Para isso, será oferecido um curso de capacitação em formato de Ensino à Distância, online.

No entanto, os profissionais alegam que o conteúdo é genérico e insuficiente para respaldar as exigências práticas da nova atividade.

Além disso, foi comunicado o retorno à escala 5/2, em que cinco Técnicos de Enfermagem do Trabalho (TET) serão responsáveis por cobrir duas plataformas, gerando ainda mais sobrecarga.

Essa escala, além de desgastante, contraria as condições operacionais ideais para quem trabalha embarcado em unidades offshore.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a prática configura um claro desvio de função, que pode gerar implicações jurídicas tanto para as empresas envolvidas quanto para a saúde e segurança dos trabalhadores.

A legislação brasileira prevê que funções devem ser exercidas conforme a qualificação contratual e que mudanças não podem ser impostas sem negociação coletiva.

Sindicato cobra diálogo e respeito à legislação

O Sindipetro-NF, responsável por representar os trabalhadores da categoria, reforçou seu compromisso em buscar explicações da gerência e garantir que qualquer mudança funcional seja conduzida de forma transparente e negociada com os profissionais.

Para o sindicato, não se trata apenas de uma disputa trabalhista, mas de uma questão que envolve dignidade, saúde mental e valorização da profissão.

Não aceitaremos a descaracterização da função de técnicos de enfermagem. Eles foram e continuam sendo peças fundamentais na estrutura de saúde das plataformas. Substituí-los por fiscais de hotelaria é reduzir a importância do cuidado humano em nome da lógica operacional”, declarou um representante da entidade.

A situação na Bacia de Campos, uma das mais importantes regiões produtoras de petróleo do país, ganha contornos ainda mais graves diante do histórico de acidentes e da necessidade de manter padrões rigorosos de saúde e segurança no ambiente offshore.

Qualquer alteração que reduza a presença técnica especializada nessas unidades representa um risco coletivo.

Impactos podem chegar à Justiça do Trabalho

Especialistas em direito trabalhista alertam que, caso a prática continue, pode haver uma enxurrada de ações judiciais.

“Desvio de função não é apenas uma infração istrativa; ele tem repercussões legais e financeiras. As empresas podem ser condenadas a pagar indenizações e até responder por danos morais”, explica a advogada Luciana Rezende, consultora em direito do trabalho.

Ainda segundo ela, o caso também abre espaço para atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT), que pode intervir caso haja indícios de prejuízo coletivo à categoria.

O cenário, portanto, exige atenção das autoridades e uma resposta firme da sociedade.

A valorização dos profissionais da saúde, especialmente aqueles que atuam em ambientes extremos como plataformas marítimas, deve ser prioridade em qualquer modelo de gestão.

E você, o que pensa sobre o desvio de função dos profissionais de saúde? A categoria deve aceitar mudanças sem negociação? Comente abaixo e participe da discussão!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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