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Tensões geopolíticas desafiam economia global e ameaçam estabilidade financeira

Escrito por Ana Alice
Publicado em 18/04/2025 às 15:07
O FMI alerta para a crescente ameaça de riscos geopolíticos que afetam mercados financeiros globais, especialmente em países emergentes. (Imagem: Reprodução/Canva)
O FMI alerta para a crescente ameaça de riscos geopolíticos que afetam mercados financeiros globais, especialmente em países emergentes. (Imagem: Reprodução/Canva)

Com o aumento das tensões geopolíticas e econômicas, os mercados financeiros globais enfrentam um risco crescente, afetando principalmente os países mais vulneráveis. O impacto pode ser profundo, alterando a trajetória econômica mundial.

Relatório do FMI destaca que riscos globais, como guerras e disputas comerciais, afetam diretamente o mercado financeiro, com impacto mais severo nos países emergentes

A economia global enfrenta uma nova era de incertezas alimentadas por conflitos geopolíticos e tensões comerciais que colocam em risco a estabilidade macrofinanceira, segundo alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório publicado como parte das reuniões de Primavera de 2025, em Washington, Estados Unidos.

Eventos como guerras, ataques terroristas e restrições comerciais vêm crescendo desde 2022 e estão entre os principais vilões da estabilidade econômica e financeira global, de acordo com o capítulo 2 do relatório “Estabilidade Financeira Global”, elaborado pelos economistas Salih Fendoglu, Mahvash S. Qureshi e Felix Suntheim.

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O FMI afirma que os riscos geopolíticos permanecem elevados e já provocam impactos diretos no comportamento dos mercados, nas instituições financeiras e no crédito ao setor privado.

Riscos geopolíticos crescem e afetam o sistema financeiro

O FMI destaca que eventos de natureza geopolítica não apenas influenciam o humor dos mercados, como também têm efeitos duradouros sobre os preços de ativos e a saúde das economias.

Guerras, aumento de gastos militares e barreiras ao comércio internacional aumentaram desde 2022, sendo comparáveis apenas a períodos de grandes conflitos do século XXI.

Além disso, a elevação das tensões comerciais e financeiras tem restringido os empréstimos e aumentado o custo de financiamento, sobretudo em países em desenvolvimento.

Esse tipo de ambiente eleva os prêmios de risco dos títulos públicos e intensifica a volatilidade do mercado de ações, impactando diretamente os investidores e o desempenho das empresas.

Impacto desigual entre economias desenvolvidas e emergentes

Segundo o relatório, os países emergentes tendem a sofrer mais do que as economias desenvolvidas em momentos de tensão geopolítica e comercial.

Durante esses períodos, os mercados emergentes registram quedas médias mensais de 2,5% nos índices acionários, enquanto os desenvolvidos apresentam recuos menores, em torno de 1%.

Isso evidencia a fragilidade das economias em desenvolvimento diante de choques externos e a importância de políticas macroeconômicas sólidas para mitigar os impactos.

EUA e China: uma rivalidade que sacode os mercados

O embate comercial entre Estados Unidos e China, que ganhou força a partir de 2018, é citado como um dos principais exemplos dos efeitos negativos das disputas econômicas.

O FMI lembra que anúncios de tarifas por parte de ambos os países em 2018 e novamente em 2024 geraram reações imediatas no mercado.

As ações de empresas chinesas chegaram a cair quase 4% após medidas tarifárias anunciadas pelos EUA, enquanto ações americanas também recuaram entre 1,6% e 1,8% após retaliações chinesas em 2019.

Tais movimentos mostraram como o mercado responde com alta sensibilidade a qualquer sinal de conflito comercial entre as duas maiores potências do planeta.

A crise de 2024 e os prejuízos nos mercados americanos

Nos últimos meses, os mercados norte-americanos vivenciaram perdas expressivas em meio a novos temores de uma guerra comercial.

Em abril de 2024, o índice S&P 500 recuou quase 5%, o Nasdaq caiu 5,8% e o Dow Jones teve queda superior a 3%.

Esses números foram considerados “significativos” pelo FMI, que destaca o papel da incerteza como motor da volatilidade dos preços dos ativos.

O temor de uma escalada nas tarifas comerciais dos EUA, impulsionadas por uma retórica mais agressiva do ex-presidente Donald Trump durante as prévias eleitorais, elevou as tensões e trouxe instabilidade para os mercados globais.

Títulos do Tesouro dos EUA também sentiram os efeitos

Além do impacto sobre as ações, os eventos geopolíticos têm reflexo direto nos mercados de renda fixa, especialmente nos títulos soberanos.

Os prêmios de risco dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, subiram em momentos críticos, o que gerou preocupações quanto à liquidez desses papéis, especialmente entre os grandes fundos de investimento globais.

Segundo operadores de mercado, esse foi um dos fatores que teria pressionado Trump a anunciar, ainda em 2024, uma trégua temporária nas tarifas comerciais com a China, com suspensão por 90 dias.

FMI alerta para o risco de contágio global

Um dos principais recados do relatório do FMI é que os efeitos de crises geopolíticas não se limitam aos países diretamente envolvidos.

A interconexão das economias e dos mercados financeiros torna possível um efeito dominó que pode afetar todas as regiões do planeta.

Riscos de contágio são particularmente preocupantes em países com laços comerciais e financeiros estreitos com os protagonistas das tensões.

A incerteza elevada é apontada como o principal canal de transmissão dos choques, tanto para os mercados financeiros quanto para a economia real.

FMI recomenda prudência a bancos e formuladores de políticas

Diante desse cenário, o FMI recomenda que instituições financeiras avaliem cuidadosamente os riscos geopolíticos em suas operações e estratégias.

Os autores sugerem que os bancos incorporem cenários de estresse com base em eventos geopolíticos em suas análises de risco.

Já os formuladores de políticas públicas devem levar em conta esses fatores ao desenhar regras de supervisão e regulação do sistema financeiro.

A preparação adequada pode evitar que choques externos se transformem em crises sistêmicas que ameacem a estabilidade econômica nacional.

Um cenário de atenção redobrada

O relatório do FMI, divulgado em meio às reuniões de primavera de 2025, é um chamado à vigilância diante de um cenário internacional volátil.

A mensagem é clara: a estabilidade financeira global está ameaçada não apenas por fatores econômicos tradicionais, mas também por eventos políticos e militares que fogem do controle dos mercados.

Com economias cada vez mais interdependentes, o impacto de uma decisão em Washington ou Pequim pode ser sentido em São Paulo, Johanesburgo ou Tóquio.

Mais do que nunca, os governos, bancos centrais e instituições privadas devem estar atentos às dinâmicas globais e preparados para agir com agilidade e responsabilidade

Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (G) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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