Tremores no interior de São Paulo expõem falhas geológicas pouco conhecidas: o que dizem os geólogos
Nos últimos meses, moradores de cidades no interior de São Paulo relataram uma série de pequenos tremores de terra que geraram preocupação nas comunidades locais. Embora a região não seja considerada uma zona sísmica ativa, especialistas da UNESP confirmaram que os abalos sísmicos estão relacionados à presença de falhas geológicas antigas que atravessam o subsolo paulista.
Registros recentes de abalos e os municípios afetados
Entre os episódios mais notáveis estão os tremores sentidos nas cidades de Iguape e Itariri, na região do Vale do Ribeira. Em maio de 2023, moradores relataram sentir vibrações em casas e prédios. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) registrou magnitudes entre 2,1 e 3,2 graus na escala Richter.
Apesar de serem considerados leves, esses tremores chamaram atenção pela frequência e pelo fato de ocorrerem em uma área que não costuma aparecer nos mapas de risco sísmico nacional.
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Geologia explica: o Brasil também treme
Segundo o geólogo Paulo César Brito, da UNESP, “o território brasileiro está sobre uma placa tectônica relativamente estável, mas isso não significa que não possa haver rearranjos internos e falhas ativas em zonas locais”.
Ele destaca que essas falhas, como a Falha de Cubatão e outras estruturas menores presentes no interior paulista, são formadas por tensões acumuladas ao longo de milhares de anos. Quando há alívio de energia, ocorrem os tremores.
Importância do monitoramento sísmico
Atualmente, a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) monitora os abalos sísmicos no país por meio de estações em diversos estados. No entanto, ainda existem vazios geográficos de cobertura em regiões como o Vale do Ribeira, o que dificulta a detecção precisa de tremores mais sutis.
O professor Brito destaca que “é essencial investir em mais equipamentos de medição e ampliar a rede de estações sismográficas, especialmente em áreas que agora demonstram atividade”.
Há risco para a população?
De acordo com os especialistas, os tremores recentes não representam risco estrutural para edificações nem ameaça direta à população. No entanto, a ocorrência repetida de abalos pode gerar apreensão social e levanta a necessidade de planos de contingência para eventos inesperados.
Além disso, é preciso considerar que falhas geológicas também podem afetar obras de infraestrutura subterrânea, como gasodutos, adutoras e túneis de transporte.
Fenômeno também ocorre em outras partes do Brasil
O interior de São Paulo não é um caso isolado. Nos últimos anos, cidades como João Câmara (RN), Caruaru (PE) e Corumbá (MS) também registraram tremores associados a falhas geológicas locais. Segundo o Ministério de Minas e Energia, mais de 200 sismos de baixa magnitude são registrados por ano no Brasil.
Ciência e prevenção caminham juntas
O estudo das falhas geológicas e dos movimentos sísmicos é essencial para orientar políticas públicas de urbanização, construção civil e proteção civil. Com o avanço da tecnologia, é possível detectar microtremores quase imperceptíveis ao ser humano, o que auxilia na construção de um mapa sísmico mais detalhado e confiável.
“Com informação, podemos evitar o pânico e atuar de forma preventiva”, conclui Brito.
Artigo produzido com base em fontes científicas e declarações reais.