Com trechos a mais de 4.200 metros de altitude, clima imprevisível e agens por ruínas incas milenares, a Trilha Inca encanta e exaure turistas do mundo todo, mas só quem se prepara com antecedência consegue garantir uma das cobiçadas vagas diárias
Poucos caminhos no mundo reúnem beleza natural, história milenar e desafio físico como a Trilha Inca, no Peru. Com 43 quilômetros de extensão, ela liga o famoso quilômetro 82 até a cidade perdida dos incas, Machu Picchu, cruzando montanhas, florestas de nuvens e ruínas arqueológicas ao longo do trajeto.
O ponto mais alto do percurso é o Dead Woman’s , ou “agem da Mulher Morta”, a impressionantes 4.215 metros de altitude. A subida é exaustiva e muitos sentem os efeitos da altitude, mas o visual é recompensador, montanhas colossais, vales profundos e vegetação densa tornam cada o memorável.
Para encarar esse desafio, turistas de todo o mundo se programam com meses de antecedência. O governo peruano limita a entrada na trilha a 500 pessoas por dia, incluindo guias e carregadores. Isso torna a reserva antecipada obrigatória, especialmente na alta temporada, de junho a agosto.
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Segundo o canal Explorin With Laurin, os caminhantes percorrem o trajeto em quatro dias e três noites. Eles relatam mudanças constantes de clima, de calor intenso à chuva gelada, e reforçam a importância de estar preparado fisicamente e com o equipamento correto.
Durante a jornada, os aventureiros am por locais históricos como Wiñay Wayna, Phuyupatamarka, Sayacmarca e o portal final: o Inti Punku, ou “Portão do Sol”, onde se avista Machu Picchu pela primeira vez.
O caminho é parte do antigo sistema viário Inca, o Qhapaq Ñan, reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO. Muitos trechos da trilha ainda são pavimentados com pedras originais dos Incas, cuidadosamente encaixadas há séculos.
Além da beleza e desafio físico, há toda uma estrutura montada por empresas especializadas, como a Alpaca Expeditions, que garantem alimentação, barracas, sanitários móveis e guias experientes durante toda a trilha.
Preparação física e cuidados essenciais com a altitude
Um dos principais obstáculos da Trilha Inca não é o terreno em si, mas a altitude elevada. Iniciando em cerca de 2.700 metros e atingindo mais de 4.200 metros, os riscos de mal da montanha são reais. Por isso, recomenda-se ar alguns dias em Cusco (a 3.400m) antes da trilha.
Durante a caminhada, hidratação constante, pausas para descanso e alimentação equilibrada são estratégias fundamentais. Os locais oferecem chá de coca, conhecido por aliviar os efeitos da altitude, e muitos turistas levam medicamentos como o Diamox, sob recomendação médica.
O preparo físico ideal envolve resistência cardiovascular e força nas pernas. Exercícios como subir escadas, agachamentos e caminhadas longas com mochila são altamente recomendados meses antes da aventura.
A trilha possui escadarias de pedra com degraus irregulares, o que torna a descida especialmente exigente. O canal Explorin With Laurin destaca que, embora as subidas sejam desafiadoras, os trechos íngremes de descida são os que mais exigem das articulações.
Além disso, estar com a mochila leve e bem distribuída, usar bastões de caminhada (sem ponteiras metálicas, que são proibidas) e calçados adequados com bom amortecimento fazem toda a diferença no desempenho.
A aclimatação em Cusco e o respeito ao ritmo individual são cruciais para evitar emergências médicas. E, ainda que a trilha exija esforço, ela não é exclusiva para atletas, com preparo e apoio correto, qualquer pessoa saudável pode concluí-la.
Os organizadores recomendam que os turistas estejam com seus documentos em mãos durante toda a trilha, já que há diversos postos de controle que monitoram a quantidade de visitantes por dia.
Outro ponto vital é escolher bem a época do ano: a trilha fecha em fevereiro para manutenção e limpeza. O período seco (junho a setembro) é o mais popular, mas também o mais concorrido e caro.
Estrutura, cultura e logística por trás da jornada
Mais do que uma simples trilha, a jornada até Machu Picchu é uma imersão cultural, com histórias, lendas e costumes que sobrevivem há séculos. Os guias compartilham mitos locais, tradições incas e a simbologia por trás de cada ruína.
Durante o trajeto, os caminhantes recebem refeições completas, com opções quentes, vegetais, proteínas e até sobremesas preparadas por cozinheiros que acompanham a expedição. Há também snacks, chá e água purificada ao longo do dia.
Os porteadores, verdadeiros heróis silenciosos da jornada, carregam equipamentos, montam acampamentos e garantem que tudo esteja pronto ao final de cada etapa. Eles são normalmente locais das comunidades andinas e merecem gorjeta ao final da trilha.
As barracas são montadas antes da chegada dos turistas ao acampamento e oferecem abrigo confortável mesmo em noites chuvosas. Itens como saco de dormir, colchonete e isolante térmico geralmente estão inclusos no pacote da expedição.
Há banheiros públicos ao longo do caminho, mas muitas agências, como a Alpaca Expeditions, incluem um banheiro privado portátil, o que é uma grande vantagem em relação à higiene e conforto.
O contato com a natureza é constante. A trilha cruza por florestas tropicais, vales úmidos e cumes com vista para os Andes nevados. A fauna inclui aves, borboletas e até veados nas partes mais elevadas.
Ao final da caminhada, a chegada a Machu Picchu pelo Portão do Sol é indescritível. A vista panorâmica, depois de quatro dias de esforço, oferece uma sensação de conquista profunda e conexão com algo muito maior do que uma simples viagem.
E, mesmo após a jornada, muitos retornam com a certeza de que a Trilha Inca é muito mais do que uma trilha, é uma experiência transformadora, que conecta corpo, mente e espírito com a história e a natureza dos Andes.