A medida assinada nesta segunda-feira (24) entra em vigor no dia 2 de abril e tem como alvo governos que mantêm relações comerciais com a Venezuela no setor de petróleo e gás. Sinalizações de flexibilização em outros setores também foram feitas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar alvoroço na política internacional. Nesta segunda-feira (24), ele assinou um decreto que aplica uma tarifa de 25% sobre qualquer país que compre petróleo e gás da Venezuela. A nova diretriz começa a valer a partir do dia 2 de abril e, segundo o republicano, faz parte de uma estratégia para pressionar economicamente o regime de Nicolás Maduro e os países que ainda fazem negócios com o país vizinho.
A decisão vem acompanhada de declarações polêmicas. Trump acusou o governo venezuelano de enviar “dezenas de milhares de criminosos” aos Estados Unidos, incluindo membros da perigosa gangue “Tren de Aragua”. De acordo com o presidente, a Venezuela tem sido “hostil aos EUA e às liberdades” defendidas pelo país, e a resposta econômica precisa ser proporcional.
Pressão máxima sobre o comércio de petróleo e gás
A imposição da nova tarifa sobre o petróleo e gás representa mais um capítulo da relação conturbada entre os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo Trump, a medida visa enfraquecer financeiramente os parceiros do regime chavista e, ao mesmo tempo, promover uma reformulação nas bases comerciais dos EUA com o resto do mundo.
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A estratégia inclui também tarifas recíprocas para outras nações com as quais os Estados Unidos mantêm déficits comerciais significativos. O “Dia da Liberação”, como Trump vem chamando o próximo 2 de abril, será marcado por uma série de anúncios de novas tarifas sobre automóveis, madeira e outros setores estratégicos. A ideia é equiparar os tributos americanos aos de países que impõem tarifas mais altas ou barreiras não tarifárias contra produtos dos EUA.
Quem será afetado pelas novas tarifas sobre petróleo e gás?
Segundo fontes do governo, o foco principal da medida está nos países que continuam comprando petróleo e gás da Venezuela mesmo após os embargos impostos por Washington. Entre os mais mencionados estão China, Índia, Rússia e Irã, que mantêm acordos de cooperação energética com Caracas.
Ainda que o decreto seja abrangente, o próprio governo americano já sinalizou que poderá flexibilizar a aplicação das tarifas para determinados setores. Em entrevista nesta segunda-feira, Trump declarou que poderá conceder descontos para “muitos países”, desde que haja contrapartidas comerciais claras.
Além disso, há rumores de que tarifas sobre automóveis e produtos farmacêuticos — que também estavam previstas para abril — poderão ser adiadas após pressão de montadoras e do setor industrial.
A diplomacia econômica como arma
Desde o início do mandato, Trump tem utilizado tarifas e sanções como ferramentas principais de política externa. No caso do petróleo e gás, a ofensiva atinge diretamente o coração da economia venezuelana, que depende fortemente das exportações desses produtos para sobreviver.
Em paralelo, os Estados Unidos têm buscado reduzir sua dependência de petróleo estrangeiro, aumentando a produção nacional e incentivando o uso de fontes alternativas de energia. Para Trump, medidas como essa fortalecem a soberania econômica americana e reduzem a influência de regimes considerados hostis.
No entanto, críticos alertam para os efeitos colaterais das tarifas. Alguns especialistas afirmam que os preços internacionais do petróleo podem subir com a restrição de oferta venezuelana, prejudicando economias emergentes e, eventualmente, consumidores nos próprios EUA.
O cenário global e os “15 sujos” de Trump
Fontes ligadas ao Tesouro americano afirmaram que o foco das tarifas recíprocas será em um grupo de 10 a 15 países com os maiores superávits comerciais com os EUA. Esses países estão sendo apelidados por membros do governo como os “15 sujos”.
Entre os países de interesse especial estão Brasil, China, Japão, México, União Europeia, Arábia Saudita, Turquia, Coreia do Sul e Reino Unido. De acordo com o Escritório do Representante de Comércio dos EUA, essas nações concentram 88% do comércio global de mercadorias com os americanos.
A movimentação deixa o mercado em alerta, principalmente exportadores de produtos como aço, madeira, veículos, chips e agora, petróleo e gás. Ainda não está claro se todos os setores receberão as tarifas já no dia 2 de abril, ou se haverá novos anúncios escalonados.
Possíveis impactos econômicos e geopolíticos
As consequências dessa ofensiva tarifária podem ir além do mercado de petróleo e gás. Ao mirar os parceiros comerciais da Venezuela, Trump também afeta a dinâmica de alianças estratégicas globais, especialmente com China e Rússia, que já vinham tensionando suas relações com os EUA.
Em termos econômicos, especialistas acreditam que o preço do barril de petróleo pode ter uma elevação temporária, a depender da reação do mercado e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Também há o risco de retaliações comerciais por parte dos países afetados, gerando uma possível escalada nas disputas internacionais.
No cenário interno, Trump aposta no discurso nacionalista e na promessa de reequilibrar a balança comercial americana como argumento para justificar medidas mais duras. A estratégia, no entanto, pode ter efeitos mistos, principalmente em setores da economia que dependem de insumos importados. Com a do decreto, os países que mantêm relações com Caracas terão que repensar suas estratégias ou pagar caro para manter esses acordos.
A medida, embora polêmica, segue a lógica de “América Primeiro”, que tem guiado a política econômica dos EUA nos últimos anos. A expectativa agora é ver como os outros países vão reagir e se Trump manterá o tom duro ou recuará, como já fez em outras ocasiões.
Fonte: G1