O governo Trump planeja revogar proteções ambientais no Alasca, liberando milhões de hectares para exploração de petróleo. Medida reacende debate entre desenvolvimento e preservação.
O governo do presidente Donald Trump anunciou planos para revogar proteções federais que atualmente impedem a perfuração de petróleo e mineração em extensas áreas do Alasca. A proposta afeta diretamente a Reserva Nacional de Petróleo do Alasca, considerada a maior área de terras públicas dos Estados Unidos, e busca reverter normas ambientais estabelecidas no final do governo de Joe Biden.
Caso seja implementada, a medida pode abrir milhões de hectares para a indústria petrolífera, reacendendo um antigo embate entre exploração de recursos naturais e preservação ambiental.
Reserva Nacional de Petróleo do Alasca no centro do debate
A área em questão cobre cerca de 9,3 milhões de hectares de natureza preservada no norte do Alasca e foi originalmente designada pelo Congresso como uma reserva estratégica para exploração de petróleo.
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Em 2024, o então presidente Biden impôs restrições à perfuração em mais da metade da região, o que, segundo o atual plano do governo Trump, será revisto.
De acordo com o Departamento do Interior dos Estados Unidos, a regra ambiental de Biden “excede a autoridade estatutária da agência sob a Lei de Produção de Reservas de Petróleo Naval de 1976, entra em conflito com o propósito da Lei e impõe barreiras desnecessárias ao desenvolvimento energético responsável na Reserva Nacional de Petróleo no Alasca”.
Justificativas políticas: energia como questão estratégica
Segundo o governo Trump, a reserva foi criada em resposta à crise do petróleo nos anos 1970, como parte de uma estratégia de segurança energética. Com base nisso, o Departamento do Interior justificou a proposta de revogação como uma tentativa de restaurar esse propósito original.
O secretário do Interior, Doug Burgum, defendeu a proposta afirmando:
“A regra de 2024 ignorou essa determinação, priorizando a obstrução em detrimento da produção e minando nossa capacidade de aproveitar os recursos nacionais em um momento em que a independência energética americana nunca foi tão crucial. Estamos restaurando o equilíbrio e colocando nosso futuro energético de volta nos trilhos.”
Economia e apoio local dividem opiniões
O plano foi apoiado por figuras do setor energético, que veem na produção de petróleo uma base fundamental para a economia do Alasca. O secretário de Energia, Chris Wright, comentou no X (antigo Twitter):
“A produção de petróleo é o motor do crescimento econômico no Alasca. Ela financia mais de 90% da receita geral do estado. Liberar a energia americana anda de mãos dadas com a liberação da prosperidade americana.”
Entretanto, comunidades nativas do Alasca estão divididas sobre o impacto do plano. Nagruk Harcharek, presidente da Voice of the Arctic Inupiat — organização que representa grupos Inupiat na região da Encosta Norte —, declarou:
“Muitas vezes, decisões federais que afetam nossas terras são tomadas sem o envolvimento dos Inupiat da Encosta Norte, as pessoas mais afetadas por essas decisões.”
Ambientalistas reagem com críticas ao plano
Diversos grupos de defesa ambiental manifestaram preocupação com a possível revogação das regras de proteção. Kristen Miller, diretora executiva da Alaska Wilderness League, alertou:
“A decisão do governo Trump de revogar as proteções nas áreas ecologicamente mais importantes do Ártico Ocidental ameaça a vida selvagem, as comunidades locais e o nosso clima – tudo para apaziguar as indústrias extrativas.”
Matt Jackson, da organização The Wilderness Society, também criticou o plano:
“Essa medida vai acelerar a crise climática em um momento em que o solo sob as comunidades do Alasca está literalmente derretendo e os alimentos de subsistência estão em declínio.”
Plano de Trump segue diretrizes de ordens executivas recentes
O Departamento do Interior destacou que a proposta está alinhada com as ordens executivas EO 14153 (Liberando o Potencial Extraordinário de Recursos do Alasca) e EO 14156 (Declarando uma Emergência Nacional), emitidas por Trump em janeiro.
Segundo a pasta, essas ordens enfatizam a urgência de reverter políticas restritivas que dificultam o crescimento econômico e o desenvolvimento energético, especialmente no Alasca.
Com o plano de revogar proteções ambientais no Alasca, o governo Trump retoma sua política de incentivo à produção de combustíveis fósseis, em contraposição à estratégia de conservação adotada por Biden.
A proposta ainda precisa ar por procedimentos formais para ser efetivada, mas já está provocando reações intensas nos setores ambiental, energético e social.
A decisão coloca em jogo o equilíbrio entre crescimento econômico, segurança energética e a necessidade urgente de proteger ecossistemas frágeis diante das mudanças climáticas.
Fonte: Um Só Planeta