Entenda as principais perspectivas de energia renovável, seu impacto no futuro do planeta e como a transição energética está moldando um novo cenário global sustentável.
Desde a Revolução Industrial, que começou no final do século XVIII, a humanidade ou a depender fortemente dos combustíveis fósseis — carvão, petróleo e gás natural — para seu desenvolvimento econômico e social.
Porém, esse modelo gerou graves impactos ambientais, como o aumento da poluição e o desequilíbrio climático.
Com isso, ao longo do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, a preocupação com o futuro energético começou a ganhar força.
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O economista e ambientalista Donella Meadows, em seu livro Os Limites do Crescimento (1972), já alertava para o esgotamento dos recursos naturais e a necessidade de alternativas sustentáveis.
Foi especialmente a crise do petróleo de 1973 que mudou o cenário global, conforme destacou a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu relatório histórico.
Esse evento evidenciou a vulnerabilidade dos países à dependência do petróleo e incentivou a busca por fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica.
Naquela época, países desenvolvidos iniciaram pesquisas e projetos para desenvolver tecnologias que utilizassem essas fontes renováveis, antes vistas apenas como complementares.
A AIE aponta que a crise de 1973 foi o primeiro grande impulso para a modernização do setor energético.
Além disso, as discussões ambientais na Conferência de Estocolmo em 1972 e, posteriormente, o Protocolo de Kyoto, em 1997, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU):
Reforçaram o compromisso internacional em reduzir as emissões de gases do efeito estufa e fortaleceram as perspectivas das energias renováveis.
O início da preocupação com o futuro energético
As fontes renováveis, embora muito antigas — por exemplo, o uso da energia eólica para navegação e moagem datam de mais de dois mil anos atrás — só aram a receber atenção estratégica a partir da segunda metade do século XX.
Conforme destaca a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em seus relatórios, a tecnologia para aproveitamento de energia solar começou a avançar significativamente nas décadas de 1970 e 1980, em resposta às crises energéticas e ambientais.
Por outro lado, a indústria de combustíveis fósseis, dominante até então, ainda representava mais de 80% da matriz energética mundial no início dos anos 2000, segundo dados da AIE.
No entanto, com o crescimento dos impactos climáticos — como o aumento das temperaturas globais, registrado pelos relatórios do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU —, a pressão para a mudança de paradigma aumentou rapidamente.
De acordo com o IPCC, os setores de energia são responsáveis por cerca de 73% das emissões globais de gases do efeito estufa, o que torna a transição para energias renováveis uma prioridade global.
Além disso, o avanço tecnológico e a queda nos custos das fontes renováveis foram fundamentais para aumentar seu peso na matriz energética mundial.
A virada do século e o novo cenário energético
No início do século XXI, com o avanço da globalização e das tecnologias digitais, as perspectivas de energia renovável tomaram um novo fôlego.
Segundo o relatório “Renewables 2023” da REN21 — uma rede global que compila dados e análises sobre energias renováveis:
A capacidade instalada de energia solar fotovoltaica global aumentou mais de 20 vezes entre 2010 e 2023.
Esse avanço ocorreu principalmente devido à redução dos custos da fabricação de painéis solares, incentivo governamental e melhoria nas tecnologias de armazenamento, o que a Agência Internacional de Energia (AIE) também destaca como decisivo para a expansão.
Ademais, países europeus, como Alemanha e Dinamarca, estabeleceram metas ambiciosas para a redução de emissões e o aumento do uso de fontes renováveis, servindo de exemplo para o mundo.
Segundo o Banco Mundial, em 2020 o investimento global em energias renováveis ultraou os 300 bilhões de dólares, consolidando essa tendência.
Com a popularização dos carros elétricos, o aumento da eficiência das turbinas eólicas e a ampliação das redes inteligentes de distribuição, a energia renovável tornou-se uma alternativa viável não apenas ambientalmente, mas também economicamente.
O que se espera das energias renováveis no futuro?
Segundo projeções da Agência Internacional de Energia (AIE) publicadas em 2023:
Espera-se que, até 2050, mais de 70% da eletricidade global seja gerada por fontes renováveis, como solar, eólica, hidroelétrica e biomassa.
Além disso, a eletrificação de setores como transporte e indústria, antes dependentes de petróleo e carvão, deverá acelerar essa transição.
Conforme o relatório do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2022:
A adoção massiva de fontes renováveis é essencial para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, meta estabelecida no Acordo de Paris.
Outro fator importante para o futuro da energia renovável é a descentralização da geração.
Com a expansão do uso residencial de painéis solares, consumidores am a produzir sua própria energia, reduzindo a dependência das grandes redes.
Essa tendência de “prosumidores”, ou seja, consumidores que também produzem energia, pode transformar a dinâmica do setor, ampliando a participação social na produção energética.
Além disso, a pesquisa por fontes renováveis ainda pouco exploradas, como a energia das ondas e a geotérmica, poderá expandir ainda mais o potencial energético limpo.
Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), essas fontes alternativas têm potencial significativo, embora ainda estejam em fase inicial de desenvolvimento comercial.
Além das perspectivas de energia renovável: Os desafios da transição energética
Apesar das boas perspectivas, o processo de transição energética enfrenta desafios importantes.
Por exemplo, a necessidade de modernizar as redes elétricas para integrar fontes intermitentes, como solar e eólica, requer grandes investimentos e inovação tecnológica.
Segundo o Banco Mundial, a infraestrutura energética global precisa de trilhões de dólares em investimentos até 2050 para ar essa transformação.
Além disso, a dependência econômica de países produtores de petróleo e gás cria resistências políticas e sociais à mudança.
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) de 2022 também destaca os impactos ambientais da extração de minerais usados nas tecnologias renováveis, como lítio e cobalto.
Esses impactos reforçam a necessidade de desenvolvimento de materiais alternativos e estratégias eficazes de reciclagem.
Outro desafio envolve a equidade no o à energia limpa.
Muitas regiões do mundo ainda têm dificuldade para implantar tecnologias renováveis, o que cria desigualdades no o à energia sustentável.
Assim, cada o rumo às energias renováveis aproxima o mundo de um futuro próspero, saudável e sustentável.