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Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 12 comentários

Um arranha-céu torcido de US$ 1 bilhão e 75 andares, feito para resistir a furacões — mas boa parte dos apartamentos ainda está vazia

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 31/05/2025 às 16:31
Atualizado em 01/06/2025 às 08:05
Um arranha-céu torcido de US$ 1 bilhão e 75 andares, feito para resistir a furacões — mas boa parte dos apartamentos ainda está vazia
Foto: Imagem recriada pela dall-e +CANVA representando o Cayan Tower

Com 75 andares e formato helicoidal, a Cayan Tower é um arranha-céu torcido em Dubai projetado para resistir a furacões — mas enfrenta baixa ocupação e levanta questões sobre a arquitetura futurista.

A paisagem futurista de Dubai é dominada por torres que desafiam a engenharia tradicional. Entre elas, uma construção se destaca não apenas pela altura, mas pelo ousado movimento em espiral que retorce sua estrutura ao longo de 75 andares: a Cayan Tower, um dos exemplos mais impressionantes de arranha-céu torcido já construídos no planeta. Inaugurada com pompa em 2013, ao custo estimado de US$ 1 bilhão, a torre foi projetada para ser uma joia da arquitetura futurista. Erguida em frente à famosa marina de Dubai, a torre rotaciona um total de 90 graus em sua extensão vertical, criando uma forma helicoidal única no mundo. Porém, mais de uma década depois de sua inauguração, muitos de seus apartamentos ainda estão vazios, levantando questões sobre o impacto real de tais projetos no mercado imobiliário local.

A Cayan Tower e o conceito de “arranha-céu torcido”

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A Cayan Tower não é apenas um prédio alto. É uma façanha arquitetônica. Cada um dos seus 75 andares foi girado exatamente 1,2 grau em relação ao anterior, criando o efeito de torção contínua em 90 graus do térreo até a cobertura. Trata-se de um conceito relativamente novo na construção civil, que desafia não apenas a gravidade, mas também os limites do design contemporâneo.

Projetada pela firma Skidmore, Owings & Merrill (a mesma por trás do Burj Khalifa e da One World Trade Center), a torre foi concebida para resistir a ventos extremos e altas temperaturas, comuns na região do Golfo Pérsico. A estrutura baseia-se em um núcleo central de concreto e em colunas periféricas cuidadosamente anguladas, que am a rotação gradual da fachada.

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Essa forma torcida não é apenas estética. Segundo os engenheiros responsáveis, ela ajuda a dispersar a força dos ventos e reduz a oscilação estrutural — uma preocupação constante em construções com mais de 300 metros de altura.

Dados técnicos e localização privilegiada

Localizada na área mais valorizada da cidade, a Dubai Marina, a Cayan Tower tem 307 metros de altura e abriga 495 unidades residenciais, além de diversas amenidades de luxo. O edifício inclui:

  • Piscinas com vista panorâmica
  • Academia de última geração
  • Estacionamento subterrâneo com capacidade para mais de 600 veículos
  • Salas de reunião, áreas gourmet e spas exclusivos

O design da fachada em alumínio dourado e vidro espelhado reflete o entorno, criando efeitos visuais distintos ao longo do dia. De acordo com o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH), o projeto segue os padrões internacionais mais rigorosos de segurança sísmica, térmica e estrutural.

A promessa: arquitetura futurista como símbolo de status

Em seu lançamento, a Cayan Tower foi anunciada como um marco definitivo da nova arquitetura futurista. Dubai, que já possuía o prédio mais alto do mundo (Burj Khalifa), buscava com esse projeto mostrar ao mundo que poderia ir além da altura — inovando também no design e na função estética da arquitetura urbana.

Anunciada em eventos de prestígio como o Cityscape Global, a torre rapidamente se tornou um cartão-postal da cidade, sendo retratada em campanhas publicitárias, capas de revistas e filmes sobre urbanismo futurista. A expectativa era de que a ocupação total ocorresse em menos de dois anos, com forte demanda de investidores do Oriente Médio, China e Rússia.

Apesar da visibilidade, grande parte dos apartamentos da Cayan Tower ainda permanece desocupada. Relatórios do mercado imobiliário de Dubai — como os da JLL MENA e da CBRE Middle East — indicam que o edifício nunca alcançou taxa de ocupação superior a 65%.

As causas são múltiplas:

  • Excesso de oferta imobiliária em Dubai: o boom de construções entre 2006 e 2015 gerou um número de unidades residenciais muito superior à demanda real da população residente.
  • Preços elevados: apartamentos na Cayan Tower ainda são vendidos por valores entre US$ 700 mil e US$ 2,5 milhões, o que afasta compradores interessados em imóveis de uso próprio.
  • Investidores especulativos: grande parte dos compradores iniciais adquiriram as unidades como forma de investimento, sem intenção de ocupação ou locação imediata.
  • Altos custos de manutenção: edifícios com estruturas únicas, como os arranha-céus torcidos, exigem manutenção constante e especializada, o que eleva os custos condominiais em até 30% acima da média de edifícios tradicionais.

Esses fatores explicam por que, mesmo com visibilidade global, a torre ainda convive com andares parcialmente vazios — especialmente em suas unidades mais elevadas e exclusivas.

A Cayan Tower no contexto dos prédios em Dubai

Dubai abriga alguns dos projetos mais audaciosos da construção civil contemporânea. Além da Cayan Tower e do Burj Khalifa, a cidade conta com o Museum of the Future, o Dubai Frame, e dezenas de torres residenciais e comerciais com estilos arrojados.

No entanto, com a crescente preocupação com a sustentabilidade e uso inteligente do solo urbano, questiona-se cada vez mais se prédios em Dubai como a Cayan Tower representam um futuro funcional ou apenas uma vitrine estética.

A Dubai Land Department, responsável pela regulamentação do setor, vem incentivando nos últimos anos projetos mais eficientes, com menor consumo de energia, foco em integração urbana e menores custos operacionais. Esse movimento já pode ser visto em novos empreendimentos como o Dubai Creek Tower e o Wasl Tower.

O impacto da pandemia e os desafios pós-2020

A pandemia de COVID-19 acentuou os desafios da Cayan Tower. Com a queda do turismo e a desaceleração da economia local entre 2020 e 2021, muitos investidores abandonaram planos de compra ou aluguel em propriedades de alto custo. Isso resultou em mais unidades vazias e um ciclo de baixa liquidez para os proprietários.

Além disso, a tendência do home office e a busca por espaços maiores nos arredores da cidade levou parte da demanda para áreas suburbanas, onde os preços são mais íveis e a infraestrutura mais voltada para o cotidiano familiar.

Ainda assim, o prédio permanece um símbolo poderoso da arquitetura de vanguarda e continua atraindo curiosos, arquitetos e cinegrafistas de todo o mundo.

O futuro dos arranha-céus torcidos

O conceito de arranha-céu torcido não é exclusivo de Dubai. Cidades como Xangai (com a Shanghai Tower), Malmö (com o Turning Torso) e Nova York (com o projeto 111 West 57th Street) também adotaram estruturas rotacionadas como solução estética e, em alguns casos, funcional.

O sucesso desses projetos, no entanto, depende diretamente da relação entre forma e função. Quando a estética compromete a eficiência operacional ou econômica do edifício, o projeto tende a se tornar um elefante branco. Por outro lado, quando há harmonia entre inovação e viabilidade, o arranha-céu pode se tornar um ícone duradouro da cidade.

Cayan Tower, apesar de suas dificuldades atuais, cumpre esse papel de ícone urbano — mas também serve de alerta sobre os riscos de apostar exclusivamente no design, sem considerar as demandas do mercado e os ciclos econômicos.

A Cayan Tower é mais do que um edifício: é uma declaração de ambição arquitetônica, um símbolo da ousadia dos prédios em Dubai e um experimento em arquitetura futurista. Seu design torcido, inovador e funcional representa o auge da engenharia civil de luxo.

No entanto, a taxa de ocupação aquém do esperado e os altos custos de manutenção revelam os desafios enfrentados por projetos que priorizam o impacto visual em detrimento da funcionalidade econômica.

Enquanto o horizonte de Dubai continua a se transformar com novas construções a cada ano, a Cayan Tower permanece como um lembrete: o futuro da arquitetura precisa ser belo, mas também habitável.

Fontes oficiais utilizadas para produzir este artigo:

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Dijalma Valdecir trevizam
Dijalma Valdecir trevizam
01/06/2025 04:49

Vou fazer um em sp para o público de baixa renda

Sueli Gomes Aldaves
Sueli Gomes Aldaves
Em resposta a  Dijalma Valdecir trevizam
01/06/2025 07:38

Com todo respeito minha gente. Aos mestres da Engenharia, Arquitetura. Eu, prefiro uma casa 🏡 com lugar de Mato verde para plantar e colher e onde eu possa ter , peixes, gatos, ****, pássaros. Simples a sim.🫵🏻✨🔊🏡😄✨✨✨🚀✨🫵🏻

Sueli Gomes Aldaves
Sueli Gomes Aldaves
01/06/2025 07:35

Sueli Gomes Aldaves

Ernani Portugal
Ernani Portugal
01/06/2025 10:17

Resistente a furacão? Um furacão categoria 4 ou 5 danos catastróficos Eles têm ventos com velocidades superiores a 249 km esse prédio para um furacão desse é como se fosse uma casa de palha, ia ser destruído e engolido em minutos.

Jonas
Jonas
Em resposta a  Ernani Portugal
01/06/2025 11:50

É por isso q eles são os engenheiros e tu o cara q dá pitaco na internet….

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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