Skylon, o avião espacial britânico com motor SABRE, promete viagens hipersônicas de Londres a Sydney em 2h. Conheça o transporte do futuro.
Imagine embarcar em um voo que decola de uma pista comum, cruza a estratosfera em velocidade hipersônica e pousa suavemente do outro lado do planeta — tudo em menos tempo do que se leva para assistir a um filme. Essa é a proposta ambiciosa do Skylon, um revolucionário avião espacial que está prestes a redefinir o conceito de mobilidade global e transporte aeroespacial. Com um motor híbrido chamado Sabre, o projeto visa unir o melhor dos mundos: a capacidade vertical de um foguete com a eficiência e reutilização de um jato comercial.
Com apoio da ESA (Agência Espacial Europeia) e da Agência Espacial do Reino Unido, o Skylon é apontado como uma das maiores apostas da nova corrida tecnológica por viagens hipersônicas e pelo transporte do futuro. Neste artigo, você entenderá como funciona essa inovação, o estágio atual do projeto, seus desafios técnicos e o impacto transformador que pode ter sobre viagens intercontinentais e exploração espacial.
Skylon: o avião espacial que poderá substituir foguetes e aviões
O Skylon é um veículo espacial não tripulado, totalmente reutilizável, com formato de avião e dimensões similares às de um Boeing 737. Seu grande diferencial é que ele poderá decolar horizontalmente de uma pista convencional, como qualquer aeronave comercial, e atingir órbita baixa da Terra ou cruzar distâncias intercontinentais em velocidades superiores a Mach 5 — ou seja, cinco vezes a velocidade do som.
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Desenvolvido pela empresa britânica Reaction Engines Ltd, com sede em Abingdon, o projeto foi concebido para atender tanto à demanda por transporte espacial (como lançamento de satélites) quanto à necessidade de encurtar viagens globais a poucas horas.
Segundo documentos oficiais da Reaction Engines, o Skylon poderia ser o primeiro veículo da história a unir eficiência operacional com desempenho orbital em um único estágio, eliminando a necessidade de estágios descartáveis, como ocorre nos foguetes atuais.
O motor Sabre: a peça-chave da viagem hipersônica
No coração do Skylon está o inovador motor Sabre (Synergetic Air-Breathing Rocket Engine), que combina elementos de motores a jato e de foguetes. Desenvolvido ao longo de mais de 30 anos por engenheiros aeroespaciais britânicos, o Sabre é um propulsor híbrido que funciona em dois modos:
Modo atmosférico (jato): até Mach 5, ele capta o oxigênio do ar, resfria instantaneamente o fluxo com um sistema de pré-resfriamento e o utiliza na queima de hidrogênio líquido para gerar impulso.
Modo foguete (espaço): ao sair da atmosfera, a a operar como motor de foguete tradicional, queimando hidrogênio e oxigênio líquidos armazenados a bordo.
Essa capacidade dupla permite uma redução significativa no peso total da aeronave, pois o motor não precisa carregar oxigênio durante todo o voo — diferentemente dos foguetes convencionais. Isso abre caminho para um veículo decolável em pistas comerciais, mais barato e reutilizável centenas de vezes.
Segundo a Reaction Engines, o Sabre já foi validado em testes de alta velocidade com apoio da ESA, da UKSA e do Ministério da Defesa do Reino Unido.
iagem hipersônica: de Londres a Sydney em duas horas
Um dos usos mais promissores do Skylon é no transporte intercontinental hipersônico. A velocidade operacional estimada do veículo, de Mach 5 (cerca de 6.200 km/h), poderia reduzir trajetos hoje longos e exaustivos a apenas algumas horas.
Por exemplo:
- Londres – Sydney: de 22 horas para 2 horas
- Nova York – Tóquio: de 14 horas para 1h30
- São Paulo – Madri: de 10 horas para 1h15
Esses tempos seriam possíveis porque o Skylon voaria na alta estratosfera, onde há menos resistência do ar e tráfego, utilizando o motor Sabre para atingir velocidades e altitudes que estão além do alcance da aviação comercial.
Além disso, ao decolar e pousar horizontalmente, o Skylon exigiria infraestrutura semelhante à dos grandes aeroportos internacionais, sem necessidade de rampas de lançamento verticais como nos foguetes da SpaceX, Blue Origin ou NASA.
Infraestrutura necessária para um transporte do futuro
Um dos grandes atrativos do Skylon é sua simplicidade logística comparada aos sistemas de lançamento orbital convencionais. Segundo a própria Reaction Engines, cada missão poderia ser realizada em questão de dias, com reabastecimento e manutenção mínimos entre voos — o que o aproxima muito da rotina de aeronaves comerciais.
A infraestrutura energética necessária inclui:
- Suprimento de hidrogênio líquido, que seria o principal combustível
- Pistas de decolagem reforçadas com cerca de 3 km de extensão
- Sistemas de segurança térmica e controle de tráfego de alta altitude
- Integração com redes de comunicação aeroespacial para voo autônomo ou remoto
Com essa abordagem, o Skylon busca abrir uma nova categoria entre aviões comerciais e espaçonaves, promovendo uma revolução nas infraestruturas de transporte aéreo e espacial.
Apoio institucional e validação internacional
O projeto Skylon e o motor Sabre têm sido apoiados por diversas instituições públicas e privadas, incluindo:
- UK Space Agency (UKSA) – financiou testes do motor Sabre com £60 milhões
- ESA (Agência Espacial Europeia) – participou da validação do sistema de pré-resfriamento do Sabre
- BAE Systems – gigante da defesa britânica que adquiriu 20% da Reaction Engines em 2015
- Boeing HorizonX – braço de inovação da Boeing que também apoiou testes
- DARPA (EUA) – agência do Departamento de Defesa dos EUA interessada na tecnologia para uso militar
Esse conjunto de apoios institucionais e parcerias estratégicas confirma o reconhecimento internacional da viabilidade do motor Sabre e do conceito Skylon como tecnologia disruptiva.
Impacto ambiental e comparações com foguetes e aviões
O avião espacial Skylon poderá representar uma opção mais sustentável em comparação a foguetes descartáveis, já que é reutilizável, com baixa emissão de CO₂ e sem necessidade de estágios separáveis.
Estudos técnicos apontam que:
- Um voo Skylon consumiria menos combustível por quilômetro do que um foguete Falcon 9
- Emitiria cerca de 30% menos CO₂ por ageiro comparado a voos comerciais longos, por operar fora da troposfera
Ainda assim, o uso de hidrogênio líquido como combustível apresenta desafios de armazenamento e produção, que requerem fontes limpas para garantir o caráter renovável e sustentável da operação.
O Skylon, com seu revolucionário motor Sabre, é mais do que um projeto futurista: é um esforço concreto, financiado e respaldado por algumas das maiores instituições aeroespaciais do mundo para redefinir os limites do transporte do futuro.
Ao unir tecnologia de ponta, sustentabilidade e agilidade operacional, o avião espacial representa um novo capítulo da engenharia humana, com o potencial de levar ageiros da Europa à Austrália em duas horas — e abrir portas para uma nova era de conectividade interplanetária.