GAC estreia com mais modelos, melhor pós-venda e rede maior do que a BYD teve no início
Uma nova gigante chinesa desembarcou no Brasil e não está aqui para brincar. Com investimento bilionário, rede de concessionárias já ativa e uma ofensiva inicial com sete modelos — quatro deles elétricos —, a GAC quer tirar o sono de montadoras como BYD, GWM e até mesmo Toyota. E ela tem motivos de sobra para incomodar.
Estreia agressiva com foco em SUVs e eletrificação
Diferente de outras marcas chinesas que adotaram uma abordagem gradual, a GAC chegou ao Brasil com um pacote completo: veículos, serviços, rede estruturada e até cronograma de produção local. Essa estratégia agressiva é o que mais assusta as marcas já estabelecidas no segmento de eletrificados.
Os primeiros modelos à venda incluem SUVs elétricos e híbridos com preços competitivos e boa autonomia. O GAC GS4 Hybrid, por exemplo, oferece 234 cv e parte de R$ 189.990, mirando diretamente no Toyota Corolla Cross, GWM Haval H6 e BYD Song Plus. Já o Aion V, 100% elétrico, entrega 389 km de autonomia homologada pelo Inmetro por R$ 214.990 — valor agressivo para um SUV médio elétrico.
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No topo da gama está o GAC Hyptec HT Ultra, SUV de luxo com design imponente, motor de 245 cv, portas em estilo asa-de-gaivota e torque de 31,5 kgfm. Ele rivaliza com modelos da Audi, Mercedes e BYD em termos de acabamento e equipamentos, mas custando menos de R$ 350 mil.
Para quem busca custo-benefício, o Aion ES chega como o sedã mais barato da linha, custando a partir de R$ 169.990, sendo maior que um Toyota Corolla. Há ainda o Aion Y, SUV com pegada de minivan elétrica e autonomia de 318 km, com preço inicial de R$ 174.990.
Esses valores, somados à garantia estendida (8 anos ou 160 mil km para os elétricos) e promoções de lançamento com manutenção gratuita, carregador portátil e assistência 24h, tornam a GAC extremamente competitiva — e perigosa para os rivais.
Serviços de alto nível e pós-venda bem planejado
Um dos diferenciais da GAC é justamente aquilo que derrubou outras montadoras chinesas no ado: o pós-venda e a confiança do consumidor. Por isso, a empresa já iniciou suas operações com um plano completo de serviços.
Entre eles estão:
- Programa de de veículos (aluguel de longo prazo);
- Parceria com quatro blindadoras certificadas;
- Recompra garantida por até 90% do valor da Tabela Fipe;
- Programa de revenda de seminovos certificados.
Esse ecossistema dá mais segurança ao consumidor e aproxima a GAC de montadoras com tradição no Brasil, como a Toyota e a Honda — algo fundamental para ganhar mercado.
GAC Aion ES – R$ 169.990
Sedã elétrico de porte médio, maior que um Toyota Corolla. Oferece cerca de 430 km de autonomia no ciclo chinês, com foco em conforto e espaço interno, mas acabamento mais simples que os SUVs da marca.
GAC Aion Y – R$ 174.990
SUV compacto com visual de minivan e motorização 100% elétrica. Entrega 136 cv e autonomia de 318 km segundo o Inmetro. Traz um bom pacote de conectividade e é um dos modelos mais íveis da marca.
GAC Aion Y Elite – R$ 184.990
Versão superior do Aion Y, com os mesmos 136 cv e autonomia, mas acabamento mais refinado, central multimídia com mais recursos e sistema de assistência ao condutor mais completo.
GAC GS4 Hybrid – R$ 189.990
SUV médio com sistema híbrido tradicional, combinando motor a combustão e elétrico para gerar 234 cv. Boa opção para quem quer eficiência sem abrir mão do desempenho. Concorrente direto do Corolla Cross e BYD Song Plus.
GAC GS4 Hybrid Elite – R$ 199.990
Versão topo de linha do GS4, com mais itens de segurança, acabamento , bancos com ajustes elétricos e central multimídia de última geração.
GAC Aion V – R$ 214.990
SUV médio 100% elétrico, com 204 cv e autonomia de 389 km (Inmetro). Interior espaçoso, bom porta-malas e tecnologias de assistência ao motorista. Ideal para famílias que buscam modernidade e sustentabilidade.
GAC Hyptec HT – R$ 299.990
SUV elétrico de luxo com 245 cv e torque de 31,5 kgfm. Destaque para as portas do tipo asa-de-gaivota, acabamento de alto padrão e autonomia de 402 km. Posicionado no segmento .
GAC Hyptec HT Ultra – R$ 349.990
Versão mais sofisticada do Hyptec HT, com pacote completo de tecnologia embarcada, interior revestido em materiais nobres, rodas aro 21, som de alta fidelidade e dois anos de internet grátis embarcada.
Rede nacional desde o primeiro dia e plano logístico de ponta
A estreia também surpreende pela robustez da operação. A GAC iniciou com 83 pontos de atendimento, sendo 33 concessionárias e 50 showrooms em shoppings. Até o fim de 2025, a meta é alcançar 120 unidades e, até 2027, mais de 200 pontos de venda cobrindo o território nacional.
Além disso, a montadora chinesa já conta com um Centro de Distribuição em Cajamar (SP) com 2.000 m² de área útil, parte de um complexo de 32.000 m². A localização estratégica, próxima das principais rodovias e centros urbanos, permite distribuição ágil de veículos e peças — outro diferencial importante.
Essa agilidade pode ser a chave para enfrentar a BYD, que também cresce rapidamente no Brasil, mas ainda está consolidando sua rede de pós-venda.
Produção nacional e motor flex híbrido para o Brasil
Mostrando que não se trata de uma aposta ageira, a GAC anunciou US$ 1 bilhão em investimentos no Brasil ao longo dos próximos cinco anos. Esse montante inclui a construção de uma fábrica, prevista para começar em 2026, além de um centro de pesquisa e desenvolvimento e parcerias com universidades locais.
Um dos objetivos mais ambiciosos do projeto é desenvolver um motor híbrido flex nacional, adaptado ao etanol — combustível amplamente utilizado no Brasil. Essa estratégia mira diretamente no coração da mobilidade brasileira, que tem no biocombustível uma de suas principais fortalezas frente à eletrificação total.
Além disso, a produção local permitirá que a GAC participe de licitações, reduza custos logísticos e se beneficie de incentivos fiscais.
O novo embate no mercado de elétricos
Até 2025, a GAC projeta vender 8 mil unidades no país. Em 2026, esse número deve saltar para 29 mil, o que colocaria a marca entre os líderes de vendas no segmento de híbridos e elétricos, hoje dominado por BYD, GWM e CAOA Chery.
Se as projeções se confirmarem, a empresa deve superar rivais em menos de três anos, aproveitando o momento de transformação do setor automotivo e a crescente aceitação do público brasileiro por carros eletrificados.
A fala de Alex Zhou, CEO da GAC no Brasil, resume bem essa estratégia:
“Nós queremos ter uma relação de longo prazo com o Brasil e chegamos para ajudar a desenvolver a indústria automotiva do país. Nenhuma outra montadora estreou com tantos modelos de uma só vez. Também somos uma das poucas marcas cuja estreia já conta com uma rede que cobre mais de 90% do território nacional.”
Aposta arriscada, para um perfil de carro que pelo seu valor, exclui grande parte da classe média, que são os principais consumidores desses tipos carros.