A ideia de bebês sendo gestados fora do corpo humano pode parecer coisa de ficção científica, mas está cada vez mais próxima da realidade. Pesquisadores acreditam que os úteros artificiais podem permitir que um feto se desenvolva integralmente em um ambiente controlado, eliminando a necessidade da gravidez. Embora a tecnologia ainda não esteja disponível para uso prático, a Geração Z já demonstra apoio significativo a essa inovação, enquanto críticos alertam para as implicações sociais e éticas dessa mudança.
Uma pesquisa conduzida pelo grupo de estudos Theos revelou que 42% das pessoas entre 18 e 24 anos são favoráveis ao uso de úteros artificiais para a gestação completa de um bebê. O estudo, que entrevistou 2.292 pessoas, também mostrou que a maioria da população ainda é contrária à ideia, aceitando-a apenas em situações onde a vida da mãe ou do bebê estaria em risco.
A diretora do grupo de pesquisa, Chine McDonald, aponta que a juventude está mais aberta às inovações tecnológicas, mas pondera que muitos ainda não tiveram filhos, o que pode influenciar essa percepção. Já entre os mais velhos, as opiniões são mais conservadoras, com maior rejeição à possibilidade de um bebê ser gerado completamente fora do corpo humano.
Como funcionam os úteros artificiais?
O funcionamento dos úteros artificiais se baseia na tecnologia chamada ectogênese, que busca recriar o ambiente natural de um útero humano. O feto ficaria suspenso em uma bolsa com líquido amniótico artificial, recebendo nutrientes e oxigênio por meio de uma placenta mecânica. Essa técnica já está em estudo há décadas e tem sido testada com sucesso em animais, permitindo que fetos prematuros de cordeiros se desenvolvam fora do útero materno.
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Ainda que a ectogênese total não seja viável atualmente, a ciência avança rapidamente. Pesquisadores do Hospital Infantil da Filadélfia já conseguiram sustentar cordeiros prematuros em “úteros artificiais”, e há expectativas de que testes em humanos possam começar nos próximos anos.
Críticas e preocupações éticas
Apesar da empolgação com a tecnologia, muitos especialistas alertam para os riscos e dilemas éticos que os úteros artificiais podem trazer. Desde a década de 1970, feministas como Andrea Dworkin alertam que essa inovação poderia levar ao “fim das mulheres”, desvalorizando a maternidade e colocando em risco o papel das mulheres na sociedade.
Bioeticistas levantam questões sobre os direitos legais do embrião em um útero artificial. Se uma mulher decidir interromper a gravidez, mas o feto puder ser transferido para um útero artificial, isso ainda configuraria aborto? Essa dúvida pode levar a debates legais sobre o direito da mulher de decidir sobre sua gestação.
Especialistas também temem que a tecnologia possa ser usada para pressionar mulheres a não engravidarem naturalmente, caso gestar fora do corpo seja considerado mais seguro para o bebê. Isso poderia violar a autonomia feminina, transformando o útero artificial em uma ferramenta de controle sobre a reprodução.
Úteros artificiais para bebês prematuros
Embora a ectogênese completa ainda seja distante, o uso mais imediato dos úteros artificiais é para bebês prematuros. Estudos mostram que, atualmente, a taxa de sobrevivência de bebês nascidos com 22 semanas de gestação é de apenas 10%. Com a tecnologia dos úteros artificiais, esse número poderia aumentar significativamente.
Quando questionadas sobre essa aplicação específica, as opiniões do público mudam. Na pesquisa, 52% das pessoas disseram apoiar o uso de úteros artificiais para sustentar bebês prematuros, enquanto apenas 37% se opam. Já em casos onde a gravidez coloca a vida da mãe em risco, o apoio sobe para 62%.