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Ventos de 70.000 km/h e vaporizado — o exoplaneta a 900 anos-luz que parece saído da ficção científica

Publicado em 21/02/2025 às 09:41
Exoplanetas, Tylos
Créditos: ZME Science/Midjourney AI.

Descubra o exoplaneta WASP-121b, onde ventos de ferro e temperaturas extremas desafiam o entendimento astronômico

Imagine um mundo onde ventos selvagens cruzam o céu carregando ferro fundido e titânio. Este lugar existe. WASP-121b, também conhecido como Tylos, é um exoplaneta a 900 anos-luz de distância, localizado na constelação de Puppis.

Os astrônomos, usando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), mapearam sua atmosfera em três dimensões. É o primeiro estudo com tanta profundidade e detalhes.

É um dos exoplanetas mais extremos já encontrados. Julia Victoria Seidel, pesquisadora do ESO e autora principal do estudo, descreve: “A atmosfera deste planeta se comporta de maneiras que desafiam nossa compreensão de como o clima funciona — não apenas na Terra, mas em todos os planetas, parece algo saído de ficção científica”.

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Um mundo de extremos

Tylos é classificado como um Júpiter ultraquente. Trata-se de um gigante gasoso que orbita sua estrela hospedeira tão de perto que um ano por lá dura apenas 30 horas terrestres.

O planeta está bloqueado pela maré, mantendo sempre o mesmo lado voltado para sua estrela. Esse lado atinge temperaturas que podem ultraar 2.500 °C, o suficiente para vaporizar metais como ferro.

Enquanto isso, o lado oposto permanece em noite eterna e é significativamente mais frio.

Essa diferença extrema de temperatura gera uma atmosfera caótica e violenta. Os ventos naturais surgem para equilibrar o calor e o frio, criando um ambiente de condições imprevisíveis.

Ventos de ferro e camadas atmosféricas

Os astrônomos procuram observar Tylos durante um trânsito completo em frente à sua estrela. Para isso, combinamos a luz das quatro unidades do telescópio VLT e utilizamos o instrumento ESPRESSO. O resultado foi uma visão detalhada da atmosfera do planeta.

Eles detectaram a presença de ferro, sódio, hidrogênio e titânio. Esses elementos serviram como marcadores, permitindo mapear ventos em três camadas distintas.

Ventos de ferro dominam a camada inferior. Acima, uma corrente de jato de som se move rapidamente. Na parte superior, ventos de hidrogênio percorrem o planeta.

O que descobrimos foi surpreendente: uma corrente de jato gira o material ao redor do equador do planeta, enquanto um fluxo separado em níveis mais baixos da atmosfera move o gás do lado quente para o lado mais frio”, explica Seidel. “Esse tipo de clima nunca foi visto antes em nenhum planeta.

Corrente de Jato de 70.000 km/h

A corrente de jato em Tylos é impressionante. Ela cobre metade do planeta e atinge velocidades de até 70.000 milhas por hora.

Para efeito de comparação, é quase o dobro da velocidade dos ventos mais rápidos já registrados em outro exoplaneta. “Até os furacões mais fortes do sistema solar parecem calmos em comparação”, comenta Seidel.

Essas velocidades extremas demonstram a natureza turbulenta da atmosfera de Tylos. É um ambiente onde até os eventos climáticos mais intensos do nosso sistema solar parecem fracos.

Desafios às teorias planetárias

Tylos não se enquadrava em padrões conhecidos. As correntes de jato dos planetas do nosso sistema solar são impulsionadas por diferenças internas de temperatura.

Em Tylos, porém, a corrente de jato parece ser influenciada pelo calor intenso de sua estrela e, possivelmente, por seu campo magnético.

O que vemos agora é, na verdade, exatamente o inverso do que sai da teoria”, diz Seidel. Isso indica que os astrônomos ainda têm muito a aprender sobre a formação e comportamento dos planetas fora do nosso sistema solar.

O futuro da pesquisa de exoplanetas

Tylos é um mundo estranho. No entanto, muitos outros planetas semelhantes provavelmente estão além do nosso sistema solar. O VLT já foi demonstrado ser capaz de estudar Júpiteres ultraquentes como Tylos.

Contudo, planetas menores, mais parecidos com a Terra, ainda estão fora do alcance atual. A construção do Extremely Large Telescope (ELT), também no Chile, promete mudar isso.

Bibiana Prinoth, doutoranda na Universidade de Lund e no ESO, liderou um estudo complementar e comenta: “O ELT será um divisor de águas para estudar atmosferas de exoplanetas. Este é apenas o começo do que podemos alcançar.

Com instrumentos avançados, o ELT poderá sondar as atmosferas de exoplanetas rochosos. Quem sabe, no futuro, até descobre sinais de habitabilidade — ou mesmo de vida.

Com informações de ZME Science.

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Romário Pereira de Carvalho

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