A origem da Volkswagen está profundamente ligada a um projeto político e ideológico dos anos 1930, revelando conexões surpreendentes com o regime nazista e detalhes pouco conhecidos sobre o impacto histórico e social dessa relação obscura.
O nascimento do “carro do povo”, idealizado pelo ditador nazista, ainda gera debates sobre o ado da montadora alemã.
A Volkswagen, hoje uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, tem uma história que poucos consumidores conhecem em detalhes — e que remonta diretamente ao período mais sombrio da Alemanha: o regime nazista de Adolf Hitler.
Por trás do nome “Volkswagen”, que significa literalmente “carro do povo”, há uma origem política e ideológica diretamente associada ao projeto totalitário de Hitler.
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A criação da marca foi motivada por um sonho antigo de Hitler: oferecer um automóvel ível para as famílias alemãs.
Na época, a maior parte da população não tinha condições de adquirir um carro.
O transporte era um privilégio das elites.
O plano de Hitler era claro: garantir que o cidadão médio do Reich pudesse ter um veículo próprio — algo que reforçaria o orgulho nacional e consolidaria o ideal nazista de progresso e unidade.
A proposta: um “carro do povo” com preço de motocicleta
Em 1933, poucos meses após assumir o poder, Hitler começou a traçar os primeiros os do que viria a ser o projeto da Volkswagen.
Em 1934, ele encomendou oficialmente ao engenheiro Ferdinand Porsche — sim, o mesmo que fundaria a famosa marca Porsche — o desenvolvimento de um automóvel popular, barato, eficiente e durável.
A meta era ousada: criar um carro que custasse menos de mil marcos alemães (o equivalente ao preço de uma motocicleta da época).
O resultado do projeto foi o famoso “KdF-Wagen” (Kraft durch Freude-Wagen, ou “Carro da Força pela Alegria”), nome inspirado em um programa de propaganda nazista que promovia lazer e cultura entre os trabalhadores.
Esse veículo, que só mais tarde ficaria conhecido como “Fusca”, tinha formas arredondadas, motor traseiro e foi idealizado como símbolo da engenharia nacional.
A fábrica construída com trabalho forçado
Para produzir o KdF-Wagen em larga escala, foi fundada em 1937 a Gesellschaft zur Vorbereitung des Deutschen Volkswagens mbH, que depois mudaria o nome para Volkswagenwerk GmbH.
A planta industrial foi erguida na recém-criada cidade de Stadt des KdF-Wagens (hoje chamada de Wolfsburg).
A construção da fábrica e da cidade foi financiada em parte por contribuições dos próprios trabalhadores alemães, por meio de um sistema de cupons, que prometia o direito ao carro após o pagamento completo.
No entanto, nenhum trabalhador civil recebeu seu carro.
A Segunda Guerra Mundial estourou antes da produção em massa começar, e a fábrica ou a ser usada para fins militares — incluindo a fabricação de veículos utilitários para o exército nazista, como o Kübelwagen e o Schwimmwagen.
Mais tarde, descobriu-se que a fábrica da Volkswagen utilizou trabalho forçado de prisioneiros durante a guerra, incluindo judeus, prisioneiros de guerra e trabalhadores escravizados de países ocupados.
Esse capítulo sombrio é amplamente reconhecido hoje, e a empresa já fez declarações públicas reconhecendo sua responsabilidade histórica.
O renascimento no pós-guerra — e o nascimento do “Fusca”
Com o fim da guerra em 1945, a fábrica da Volkswagen foi tomada pelas forças britânicas.
Em vez de destruí-la, como se pensou inicialmente, os aliados decidiram reativar a produção do modelo desenvolvido por Porsche.
Assim, o antigo “KdF-Wagen” ganhou um novo nome e identidade: Volkswagen Beetle — conhecido no Brasil como Fusca.
O Fusca se tornaria o carro mais vendido do mundo em sua época, superando até o Ford Modelo T, com mais de 21 milhões de unidades produzidas.
O nome “Volkswagen” (carro do povo) foi mantido, e a empresa foi progressivamente se distanciando de sua origem nazista, até se transformar em uma potência global da indústria automobilística.
Reconhecimento do ado e indenizações
A partir dos anos 1990, a Volkswagen ou a reconhecer oficialmente sua ligação com o regime nazista e os crimes cometidos durante a guerra.
A empresa apoiou estudos independentes, como o publicado pelo historiador Hans Mommsen, que detalhou o uso de trabalho escravo em suas fábricas.
Além disso, contribuiu com fundos para compensação de vítimas.
Em 1998, a Volkswagen anunciou sua participação em um fundo de indenização para ex-trabalhadores forçados, promovido pelo governo alemão.
O valor total foi de cerca de US$ 5 bilhões, pagos por várias empresas envolvidas.
Embora o nome Volkswagen seja hoje associado à inovação, sustentabilidade e veículos modernos, sua origem está entrelaçada com a propaganda, exploração e violência de um regime totalitário.
Curiosidades pouco conhecidas
Ferdinand Porsche era simpatizante do nazismo, e aceitou a tarefa dada por Hitler sem resistência.
Ele chegou a receber condecorações do regime.
O “carro do povo” chegou a ser usado como símbolo da propaganda nazista em feiras e exposições.
O nome da cidade de Wolfsburg só foi adotado oficialmente em 1945, após o fim da guerra, para se desvincular da imagem do nazismo.