Com foco em reduzir emissões e atrair consumidores, a montadora aposta em veículos híbridos com autonomia estendida como solução viável
A Volkswagen está reavaliando sua abordagem em relação aos veículos elétricos, percebendo a eficácia de incorporar um motor a gasolina em seus modelos elétricos. Essa estratégia foi destacada durante a participação da empresa no Salão do Automóvel de Xangai de 2025.
Martin Sander, membro do conselho de vendas e marketing da Volkswagen, confirmou que os motores de combustão interna continuarão a fazer parte da gama de veículos elétricos com autonomia estendida do grupo, desafiando a visão anterior de eliminação total dos motores a combustão.
A nova perspectiva da Volkswagen sobre motores a combustão
Em 2021, Klaus Zellmer, então diretor de vendas e marketing da Volkswagen, havia afirmado que a empresa eliminaria os veículos com motor a combustão interna na Europa entre 2033 e 2035.
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No entanto, a recente declaração de Sander sugere que a Volkswagen está investindo em sistemas híbridos de autonomia estendida como um o intermediário para alcançar a transição completa para veículos elétricos.
Essa mudança de estratégia é influenciada não apenas pela pressão regulatória, mas também pela crescente demanda do consumidor por alternativas que combinem eficiência e praticidade.
De acordo com Sander, a Volkswagen planeja desenvolver extensores de autonomia que oferecem entre 250 a 300 km de autonomia elétrica.
O motor a gasolina atuará como um gerador, carregando a bateria e permitindo que o veículo continue a funcionar mesmo quando a carga elétrica estiver baixa.
Essa abordagem pode ajudar a mitigar a resistência dos consumidores em relação aos carros totalmente elétricos, especialmente em um mercado tão competitivo quanto o da China.
Benefícios dos veículos elétricos com motor a gasolina
Um veículo elétrico com extensor de autonomia (EREV) é, na prática, um tipo de carro híbrido em série.
Isso significa que ele é movido exclusivamente por motores elétricos, cuja energia pode ser gerada pela bateria ou pelo motor a combustão que funciona como gerador.
Esse modelo é vantajoso para os fabricantes, pois um motor elétrico é significativamente mais eficiente, convertendo 85% da energia em movimento, enquanto um motor a gasolina converte menos de 40%.
A relevância desse conceito se torna ainda mais evidente quando se considera o contexto atual do mercado automotivo. Os veículos híbridos plug-in (PHEV) convencionais, que são populares na Europa, muitas vezes têm um desempenho inferior em termos de eficiência quando a energia da bateria se esgota.
Isso ocorre porque dependem do motor a gasolina para mover o carro, adicionando peso extra e comprometendo a performance.
O cenário atual do mercado de veículos elétricos na China
O mercado chinês tem experimentado uma queda no preço médio dos PHEV, tornando-os competitivos em relação aos modelos a gasolina e elétricos.
Segundo dados da Bloomberg NEF, a participação de mercado dos PHEV na China atingiu 41% em 2024, enquanto os elétricos de autonomia estendida, ou EREV, alcançaram uma participação de 8% em março deste ano.
Esses veículos também recebem os mesmos incentivos estatais que os elétricos puros, mostrando a importância desse segmento no crescimento do mercado.
Com a crescente adesão aos PHEV e EREV na China, a Volkswagen percebe a necessidade de adaptar sua estratégia para manter a competitividade.
O incentivo governamental à adoção de veículos de baixa emissão e a crescente conscientização ambiental entre os consumidores chineses tornam o país um campo fértil para os novos modelos híbridos da montadora.
Além disso, a regulamentação mais rígida que entrará em vigor na Europa em 2026, que visa aumentar a transparência sobre o consumo de combustível, representa um desafio adicional para a Volkswagen.
As novas regras exigirão que os fabricantes demonstrem emissões reais mais precisas, pressionando as montadoras a se afastarem de soluções ineficientes, como os PHEV, que frequentemente não conseguem atender às exigências de eficiência.
Mobilidade sustentável e tecnologia inovadora
A introdução dos extensores de autonomia pela Volkswagen não só visa reduzir as médias de emissões, mas também aprimorar a experiência do usuário.
A autonomia elétrica superior a 100 km oferece aos motoristas a confiança necessária para realizar deslocamentos diários sem a preocupação constante de recarregar a bateria, enquanto o motor a gasolina fornece a flexibilidade necessária para viagens mais longas.
A Volkswagen também está investindo em inovação tecnológica para tornar seus veículos elétricos mais íveis. Com um menor custo de bateria e a possibilidade de recarga rápida, a montadora busca atender a um público mais amplo, que busca alternativas práticas e econômicas.
Os novos modelos com motor a gasolina podem ser um atrativo para os clientes que desejam uma opção mais ível e que não comprometa a eficiência.
Além disso, a Volkswagen está explorando parcerias estratégicas com empresas de tecnologia para desenvolver soluções de carregamento mais eficientes e redes de mobilidade que integrem veículos elétricos e híbridos em um ecossistema de transporte sustentável.
Ao adotar uma abordagem holística, a Volkswagen pode liderar a transição para a mobilidade elétrica, não apenas na China, mas globalmente.
O futuro da Volkswagen e a evolução dos veículos elétricos
A Volkswagen se tornou uma líder em vendas de veículos elétricos na Europa, mas ainda enfrenta desafios em relação às vendas e à redução de suas médias de emissões.
A introdução dos extensores de autonomia pode ser uma solução viável para a montadora, permitindo que ela mantenha sua posição no mercado enquanto atende às demandas regulatórias.
Dessa forma, a Volkswagen busca transformar a resistência dos consumidores em uma oportunidade, oferecendo uma alternativa ível e eficiente aos carros elétricos puros.
Com um menor custo de bateria e autonomia elétrica superior a 100 km, os novos modelos com motor a gasolina podem ser um atrativo para os clientes, que buscam uma opção mais econômica e prática.
Com a estratégia inovadora de incorporar motores a combustão em seus veículos elétricos, a Volkswagen pode não apenas melhorar suas vendas na China, mas também contribuir para um futuro mais sustentável no setor automotivo.
Essa combinação de tecnologia elétrica com a confiabilidade de um motor a gasolina pode ser a chave para conquistar consumidores hesitantes e promover uma transição mais suave para um mercado automotivo predominantemente elétrico.
FONTE: TERRA